15 de maio dia do assistente social

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Dina Cardoso

A nossa celebração pandêmica neste ano de 2021 alusiva ao Dia do Assistente Social tem como tema: “há mais de 500 anos, sempre na linha de frente! Trabalho pela vida e resistência dos povos originários e comunidades tradicionais”, com o objetivo de homenagear e dar visibilidade ao trabalho da categoria com este público excluído; por parte daqueles que se dedicam a lutar pelos direitos humanos, por melhores condições de vida e para grupos sociais vulneráveis.

Sabemos todas e todos que a natureza da atuação do serviço social é engajada na luta social e faz a defesa de uma sociedade pautada pelos princípios da igualdade e da liberdade, da justiça social e das políticas públicas.
Desde o ano passado, quando tivemos essa celebração sob o mote da valorização do Serviço Social no contexto de ataques às liberdades democráticas e aos direitos, com ênfase na dimensão pedagógica do trabalho profissional na organização popular e na luta antirracista; vivenciamos um momento inédito, onde precisamos reinventar para essa nova forma de comemoração do 15 de Maio, reafirmando um dia de resistência, de valorização da profissão que construiu ao longo da sua história um projeto profissional vinculado aos interesses da classe trabalhadora, e também um momento de reflexão coletiva.

São tempos, sobretudo, de reforçarmos e valorizarmos o trabalho profissional daquelas/es que estão defendendo veemente uma classe e seus direitos. Daqueles/as que estão na linha de frente, cotidianamente, reforçando seu compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e na defesa intransigente dos direitos humanos. De todos/as Assistentes Sociais que estão nas atividades essenciais, colocando suas vidas em risco, deslocando-se diariamente aos espaços de trabalho, muitas vezes em situação de risco, para assegurar atendimento que possibilitem acesso aos bens e serviços públicos à população necessitada, em defesa da vida e do bem estar, conforme enfatiza nosso Código de Ética Profissional.

Nesse dia 15 se comemora o dia do Assistente Social e marca a profissão desde o seu nascimento. Em 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII publicava a Encíclica “Rerum Novarum”, apresentando ao mundo católico os fundamentos e as diretrizes da Doutrina Social da Igreja. Era a primeira Encíclica Social já escrita por um Papa e, arcava o posicionamento da Igreja frente aos Graves problemas sociais que dominavam as sociedades européias.

Para os assistentes sociais europeus, a Encíclica publicada naquele dia 15 de maio, trazia um conteúdo muito especial. Atônitos frente à complexidade dos problemas existentes e teoricamente fragilizados em conseqüência de sua formação ainda bastante precária, aqueles profissionais assumiam o documento e os ensinamentos ali contidos, como base fundamental de seu trabalho. E desse modo se aproximavam cada vez mais da Igreja Católica europeia que, por sua vez, assumia progressivamente a sua liderança sobre o enfoque das práticas sociais daqueles profissionais.

No Brasil, o Serviço Social foi criado em 1936, a partir das iniciativas dos grandes líderes da Igreja Católica no País, inspirados na Doutrina Social da Igreja então enriquecida por uma nova Encíclica Social: a “Quadragésimo Ano” redigida pelo Papa Pio XI e publicada no dia 15 de maio de 1931 em comemoração aos quarenta anos da Rerum Novarum.

A profissão Serviço Social foi regulamentada, no Brasil, em 1957, mas as primeiras escolas de formação profissional surgiram a partir de 1936. Atualmente, o Serviço Social tem o grande desafio de superar as práticas conservadoras que imprimiram a identidade assistencialista à profissão por muitas décadas. Hoje, mesmo após o movimento de reconceituação, ocorrido na década de 1960 cujo resultado foi o rompimento da profissão com as práticas tradicional conservadoras e o comprometimento de defesa a classe trabalhadora ampliando seu espectro de atuação intervindo em espaços institucionais e no campo político, sobretudo nas políticas públicas, a profissão vê ainda em sua categoria a diversidade de formas de atuação.

Por isso tudo, o resgate dessa história deve ser retomada a partir da sua importância no presente, na vida de seus usuários, no empenho pela composição de direitos, no combate cotidiano a toda forma de injustiça. Somente com esse parâmetro, é possível estabelecer o futuro que se enseja para a profissão e para os profissionais.

Nesse sentido, ser assistente social é rebelar-se contra a história de predomínio da indiferença e, ao olhar para o passado, construir no presente, em uma trajetória de responsabilidade civilizatória, o futuro que todos ambicionam.

A nossa luta é pela igualdade. Saúdo a todas e todos Assistentes Sociais, nesta data especial, que com compromisso e direção vem empreendendo esforços no cotidiano do exercício profissional.

  • DINA CARDOSO, ex-prefeita de Farol, graduada da 1ª turma do Curso de Serviço Social da Faculdade União de Campo Mourão – UNICAMPO.

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