Vital para o setor elétrico, a usina teve que aumentar rapidamente a geração em dois dias neste mês de outubro, devido ao aumento do consumo de energia provocado pelo calor
Itaipu atinge 60 milhões de megawatts-hora (MWh) produzidos em 2020 no mês em que usina está sendo fundamental para socorrer o sistema elétrico nacional quando há demanda não prevista no horário de ponta, em decorrência das altas temperaturas registradas no País. Por duas vezes, nos dias 2 e 6 de outubro, a usina aumentou sua geração além do programado, para atender ao alto consumo de energia elétrica do verão fora de época. Em diversos pontos do Brasil, os termômetros bateram na casa dos 40 graus Celsius.
Mais precisamente, os 60 milhões de MWh serão atingidos nesta segunda-feira (12). A título de comparação, esse montante seria suficiente para atender ao consumo de energia elétrica de todo o mundo por 23 horas; do Brasil, por um mês e 15 dias; da cidade de São Paulo, por dois anos e dois meses; do Paraguai, por quatro anos e três meses; do Estado do Paraná, por um ano e 11 meses; ou, ainda, atenderia por um ano ao consumo de 103 cidades do porte de Foz do Iguaçu.
Socorro ao sistema
Nos dias 2 e 6 de outubro, durante o pico de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN), no período da tarde, houve um aumento não previsto na demanda. Itaipu, em poucos minutos, aumentou sua geração além do programado, para atender a este desvio.
No dia 6, por exemplo, ampliou sua geração em torno de 1.000 MW por duas horas, chegando a atingir o valor máximo de 1.200 MW. Este montante de 1.200 MW é próximo ao da potência total da usina nuclear de Angra 2 (1.350MW), ou equivalente à potência total instalada da usina de Furnas (1.216MW), localizada no Rio Grande, em Minas Gerais.
Seca e pandemia
O ano de 2020 tem sido atípico, tanto pela pandemia da covid-19 quanto pela hidrologia. O País está enfrentando uma seca histórica. Por esses dois motivos, a geração parcial de Itaipu, este ano, está 3,4% menor do que a registrada no mesmo período de 2019.
A afluência média ao reservatório, de janeiro até agora, tem sido de 7.934 metros cúbicos de água por segundo (m³/s), ou seja, o pior volume para o histórico de produção da usina (1983-2020). O segundo pior foi registrado em 2019, com 8.647 m³/s.
Do total de 60 milhões de MWh gerados até agora, 21% supriram o Paraguai e 79% o Brasil. O fator de capacidade operativa, índice da quantidade de água turbinável que efetivamente gerou energia, chegou a 99,73%.
Já o índice de disponibilidade das unidades geradoras foi de 97% – superior à meta da área técnica da usina, que é 94%. A indisponibilidade forçada das unidades geradoras, índice que mostra quando elas estão paradas por falhas técnicas ou humanas, foi de 0,06%. A referência da área técnica para este indicador é inferior a 0,5%.
No ano, a produtividade acumulada até agora é de 1,0880 MW médios/m3/s, acima do valor recorde de 1,0778 MW médios/m3/s do mesmo período de 2019.
Para o diretor técnico executivo da Itaipu, engenheiro Celso Torino, as dificuldades enfrentadas em 2020 foram desafios à altura da experiente equipe de profissionais da usina. “Atingir a produção de 60 milhões de MWh com essa produtividade, em um ano de baixas afluências e com certo impacto da pandemia no segundo trimestre, reflete o trabalho coeso e eficiente de toda a equipe binacional, sempre com foco na gestão da produção e dos ativos da usina.”
Segundo o diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna, Itaipu mais uma vez mostra sua importância vital para atender de forma robusta e rápida ao sistema elétrico dos dois países. “E isso só é possível graças à competência e ao comprometimento da nossa equipe técnica”, reforça.
Comparações
De janeiro até agora, a participação de Itaipu no SIN atingiu o patamar acima de 12%.
Ao se comparar o montante de 60 milhões de MWh com a produção anual de 2019 das maiores usinas do SIN, este valor corresponde a:
2,1 vezes a geração da UHE Tucuruí
2,4 vezes a geração da UHE Belo Monte
3,6 vezes a geração da UHE Jirau
3,5 vezes a geração da UHE Santo Antônio
4,6 vezes a geração da UHE Ilha Solteira
7,5 vezes a geração da UHE Xingó.
Fotos: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional