Superlotação no hospital municipal obriga instalação de controle sanitário na Ponte da Amizade e medidas restritivas para evitar a transmissão da covid-19
A situação não é nova, mas se revela atormentante nesta pandemia. O Hospital Municipal Padre Germano Lauck, unidade pública de saúde no extremo oeste referência no tratamento da covid, não atende somente a população de Foz do Iguaçu estimada em 250 mil habitantes, mas também os moradores das outras oito cidades da 9º regional de saúde e os brasileiros e até paraguaios que moram do outro lado da fronteira.
Com um o recrudescimento da doença, o hospital se tornou uma das poucas opções para uma população estimada em 705 mil pessoas, os 250 mil moradores de Foz, os 115 mil residentes em Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Missal, Ramilândia, Serranópolis do Iguaçu e Itaipulândia; e mais 300 mil brasileiros e até paraguaios que moram num raio de 120 quilômetros da fronteira no país vizinho.
Não há estrutura humana, material e financeira para suportar tamanha demanda, embora reconhecida pelos governos dos dois países, mas pouco se faz para dar condições de atendimento neste sentido, levando o sistema municipal de saúde à beira de um colapso, apesar de todos os investimentos municipais.
Superlotação – A prefeitura investiu entre material, insumos e recursos humanos mais de R$ 32 milhões: em obras, R$ 5 milhões, e em equipamentos – R$ 6 milhões. Foz do Iguaçu conta hoje com 52 leitos de enfermaria e outros 50 leitos de UTI exclusivos para casos de covid, algo que pode ser usado mesmo após a pandemia. A cidade tinha 20 leitos de UTI, hoje tem 95, nos hospitais municipal e no Costa Cavalcanti.
A superlotação dos leitos de UTI no hospital municipal deve obrigar a instalação de um controle sanitário na fronteira de Foz do Iguaçu com Ciudad del Este. Desde que a Ponte da Amizade foi reaberta no final de setembro, a Secretaria de Saúde registra um aumento de 40% de casos de covid.
A Vigilância Epidemiológica de Foz do Iguaçu confirmou 55 casos de covid somente neste domingo, 21, totalizando 24.712 casos da doença. Deste total, 23.748 pessoas já estão recuperadas. A regional de saúde informava ainda na sexta-feira, 19, que haviam 72 pacientes nas nove cidades do extremo oeste esperando vagas em leitos-covid.
Medidas – “Estamos com superlotação no hospital municipal e preocupados porque há praticamente duas semanas, estamos com 100% de lotação. Cai para 90% aí volta. Há uma procura e uma demanda muito grande do Paraguai, tem brasileiros que residem lá e também há casos de paraguaios que vem para cá. Temos que tomar alguma medida restritiva para não colapsar o sistema de saúde”, disse a secretária de Saúde, Rosa Jeronymo na sexta-feira.
Logo após a esta entrevista, a prefeitura anunciou medidas mais restritivas no combate à transmissão da doença, tais como toque de recolher das 22h às 5h e proibição de bailes e outros eventos que podem provocar aglomerações.
A secretária de Saúde disse ainda que o SUS (Sistema Único de Saúde) não nega atendimento no hospital municipal, mas que algum tipo de restrição precisa ser feita porque também há outro agravante. O sistema não tem mais financiamento para tanto.
Pedidos – O prefeito Chico Brasileiro (PSD) já foi ao Ministério de Saúde em Brasília, fez um pacto que inclui um plano de contingenciamento e o ministério se comprometeu a repassar recursos para esse tipo de tratamento. Mas até agora não houve qualquer tipo de repasse nesse sentido e o custo-covid já chega a quase R$ 7 milhões mensais ao Município, o que chega a R$ 84 milhões em 12 meses.
“A situação está muito grave porque o Paraná está com a nova variante do vírus e com certeza está já está em Foz do Iguaçu, Temos alertado desde novembro sobre esse novo pico da doença. A contaminação maior agora está em jovens e crianças, mas as pessoas não acreditam e se não tomarmos medidas duras, teremos que fechar a cidade”, alertou Rosa Jeronymo.
A prefeitura encaminhou ao Ministério da Saúde, através da Secretaria de Assuntos Federativos, pedido de monitoramento e de exigência de testes negativos de covid às pessoas que ingressarem ao território brasileiro via Ponte da Amizade.
“Isso é importante porque que em torno de 30% a 40% dos atendimentos da triagem do hospital municipal está sendo ocupada por pessoas que vem de origem de outro país vizinho ou de regiões. Então é importante esse monitoramento sanitário na Ponte da Amizade”, disse Chico Brasileiro.