Um grupo de crianças de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este (Brasil e Paraguai, respectivamente), de 9 a 14 anos, participou neste mês de um projeto de requalificação de espaços públicos na fronteira entre Brasil e Argentina. A iniciativa é vinculada ao programa Conexões Urbanas, do ONU-Habitat lançada em 2022, que busca fortalecer os governos locais e as políticas públicas em áreas fronteiriças. Além da Tríplice Fronteira, a capacitação ocorreu na região de Barracão e Bernardo de Irigoyen; Bom Jesus do Sul e Dionísio Cerqueira; e mais dois municípios no Líbano.
Recorda o GDia que o Paraná foi escolhido pela ONU-Habitat por abrigar diversos municípios na fronteira com Paraguai e Argentina. Em Foz do Iguaçu, a população convive harmonicamente com moradores de ambos os países. O Estado também tem uma relação estabelecida com outros organismos internacionais. Nessa semana, o Governo do Estado renovou o compromisso com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para cumprimento dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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Os pequenos realizaram oficinas de Desenho de Espaços Públicos em duas escolas de Barracão (Paraná) e Bernardo de Irigoyen (Argentina). A metodologia instiga crianças e jovens a pensarem os espaços públicos que desejam. Depois disso, os técnicos do ONU-Habitat apresentaram aos estudantes os projetos arquitetônicos realizados a partir de suas sugestões. O material foi compartilhado com as prefeituras locais, de forma a dar continuidade à ação. A ideia é promover a coesão social em áreas urbanas em contexto de fronteiras.
As oficinas foram aplicadas na Escola Municipal Érico Veríssimo, em Barracão, e na Escola Provincial “765 – La Más Oriental del País”, em Bernardo de Irigoyen. Do lado brasileiro, as crianças pensaram em soluções para o bairro Industrial, uma área afastada do centro. Elas propuseram equipamentos como parquinhos infantis e quadras para esportes, além de soluções para que as ruas sejam mais seguras para caminhar, pensando desde a sinalização viária até sua manutenção.
Área comum
Em Bernardo de Irigoyen, as oficinas tiveram como foco uma praça em um espaço verde próximo à fronteira, com grande potencial de uso e convívio harmonioso entre as duas nacionalidades. Os alunos buscaram atender públicos diversos em idades, gostos e necessidades. Uma escola de robótica, uma escola de inteligência emocional, espaço para piquenique e a despoluição de um riacho foram algumas das sugestões.
A metodologia colabora para alcançar um dos objetivos do projeto: auxiliar os governos locais a melhorarem seus espaços públicos a fim de que sejam mais inclusivos e sustentáveis, integrando a população dos dois países. A coordenadora local do projeto, Camilla Almeida, explica que a participação da comunidade na elaboração das propostas é fundamental para criar espaços públicos que atendam às necessidades locais.
“Acreditamos fortemente na importância de espaços públicos de qualidade como lugares de encontro e convivência, especialmente em cidades fronteiriças, onde esses espaços têm o potencial de valorizar a interação entre pessoas de diferentes nacionalidades. Nesta região, observamos que 30% da população é formada por crianças e adolescentes, um número significativo. Por isso, consideramos fundamental criar um processo participativo que possa envolvê-las na concepção de espaços para seus bairros”, explica.