Sociedade está revoltada com discurso do deputado; falas contribuem com a cultura de violência contra educadores(as) e estudantes em escolas
O abaixo-assinado que cobra a cassação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já passou a marca de 150 mil assinaturas desde as primeiras horas que foi iniciado. A ação é uma iniciativa da Confederação Nacional dos(as) Trabalhadores(as) em Educação (CNTE), após o deputado de extrema-direita comparar professores(as) a traficantes de drogas.
Informa o APPSindicato O abaixo-assinado está hospedado em uma plataforma online e contou com alta interação de educadores(as), batendo a primeira meta ainda na manhã desta terça-feira (11). Vale lembrar que a CNTE pretende alcançar a marca de 150 mil assinaturas e entregar o documento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
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Em nota, a instituição aponta que “pelo constrangimento causado aos educadores de todo o Brasil, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que representa 4,5 milhões de profissionais do setor, defende a imediata abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro e com consequente cassação do mandato parlamentar”.
O caso
A ofensa contra os(as) educadores(as) brasileiros ocorreu durante um ato pró-armas no último domingo (9) em Brasília. Na ocasião, o deputado bolsonarista afirmou que “professores doutrinadores”, expressão cunhada pela extrema direita no país, são piores que os traficantes.
“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando opressão em todo o tipo de relação”, afirmou o parlamentar.
Seu pronunciamento foi gravado e transmitido nas plataformas de redes sociais, além de ter sido amplamente repercutido na imprensa.
O discurso do deputado foi feito em meio a um aumento nos casos de violência nas escolas, onde professores(as) e outros estudantes são as principais vítimas de crimes com armas de fogo.
Em resposta ao ataque, a APP publicou uma nota reforçando que o posicionamento obscurantista de Eduardo Bolsonaro fomenta uma cultura de ódio e violência. Combatê-lo é um compromisso com a vida e com os valores humanitários. É questão de sobrevivência.
A APP-Sindicato e a CNTE buscarão os meios legais e acionarão as autoridades competentes para que o político em questão seja exemplarmente punido e que manifestações vis e repulsivas como esta jamais voltem a se repetir.
Cultura da morte
Segundo dados do Instituto Sou da Paz, publicado no dia 22 de abril, o Brasil já registrou 24 ataques às escolas. No total, os episódios fizeram 137 vítimas e 45 pessoas morreram.
O levantamento expõe ainda o maior potencial destrutivo de armas de fogo, que se tornaram mais acessíveis com a flexibilização de regras de compras em 2019. Revólveres e pistolas foram usados em 11 dos episódios e causaram três vezes mais mortes do que armas brancas, como facas, que apareceram em dez ocorrências.
As armas de fogo foram responsáveis pela morte de 34 pessoas (76%), enquanto as brancas mataram 11 pessoas (24%) em ataques a escolas. Ao todo, 80% das armas se enquadram nas categorias que, até maio de 2019, eram de uso permitido para civis.
Em pelo menos dois dos casos envolvendo armas de fogo, há relatos de que o pai do agressor o havia ensinado a atirar, mesmo ele sendo menor de idade, conforme destaca o Sou da Paz.
Outro dado importante é que dos 24 casos de ataques às escolas, cinco foram cometidos no governo Jair Bolsonaro (2019 – 2022), com um total de 16 vítimas fatais.
Os dados demonstram que com o aumento de circulação de armas, aliado ao discurso de ódio ao diferente, foram cruciais no aumento exponencial da violência nas escolas, vitimando principalmente outros(as) estudantes e educadores(as).