Poço artesiano garantirá o abastecimento às 198 famílias que residem na aldeia em São Miguel do Iguaçu (PR), no Oeste do Paraná
A escassez de água não será mais um problema para a comunidade indígena Tekoha Ocoy, situada no município de São Miguel do Iguaçu (PR), a 57 quilômetros de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Na segunda-feira (28), um poço artesiano foi inaugurado na aldeia, beneficiando as 198 famílias guaranis que ali vivem. A instalação foi feita a partir de um convênio entre a Prefeitura de São Miguel do Iguaçu e a Itaipu Binacional.
A construção do poço atendeu a uma reivindicação do Conselho de Lideranças Indígenas da Comunidade Indígena Ocoy. O gestor dos Programas de Sustentabilidade Indígena da Itaipu, Paulo Porto, lembra que a falta de água na aldeia era um problema que persistia há quase 10 anos. “Hoje, tanto a Itaipu quanto os guaranis, além da Prefeitura, comemoram, pois pela primeira vez todas as 198 casas de Ocoy possuem acesso a uma rede de abastecimento de água potável”, afirma Porto. Ele complementa: “Com essa ação, conseguimos proporcionar dignidade a toda a comunidade. O acesso à água potável é um requisito fundamental para a civilidade e a política pública.”
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Participaram da solenidade de entrega do poço, além de Paulo Porto, a gestora do convênio da Itaipu com a prefeitura, Ceci Lucia da Silva Langer, o coordenador da Defesa Civil de São Miguel do Iguaçu, Sérgio Passos Gonçalves, o cacique da aldeia Tekoa Ocoy, Celso Japoty Alves, e a diretora da Escola Teko Ñemoingo, Marli Takua Poty.
A reparação aos povos originários é uma das principais pautas da nova gestão de Itaipu, que tem ampliado suas ações para a melhorar as condições de vida dessas populações em toda a região Oeste, ao mesmo tempo em que promove a sustentabilidade das três comunidades indígenas dentro da área de influência da usina: Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu; e Tekoha Añetete e Tekoha Itamarã, em Diamante D’Oeste.
Juntas, essas três aldeias abrigam cerca de 340 famílias e mais de 1,5 mil indígenas. As ações são implantadas por meio de convênios com as prefeituras municipais de Diamante d’Oeste e São Miguel do Iguaçu e com as Associações de Pais, Mestres e Funcionários (APMFs) dos colégios indígenas. O trabalho é desenvolvido pela Divisão de Ação Ambiental (MAPA.CD).
Caminhões-pipa
Embora seja um problema antigo, nos últimos dois anos a falta de água na aldeia se intensificou ainda mais. Foi quando a Defesa Civil entrou em ação, passando a levar água da Sanepar por meio de caminhões-pipa. “Havia falta de água nas escolas, no posto de saúde e nas casas”, explica o coordenador da Defesa Civil de São Miguel do Iguaçu, Sérgio Passos Gonçalves. A entrega de água tornou-se diária, inclusive em feriados e fins de semana.
A diretora da Escola Teko Ñemoingo, Marli Takua Poty, relata que os alunos costumavam ser dispensados por três ou quatro dias consecutivos devido à falta d’água, o que resultava em perda de conteúdo. Muitos estudantes iam à escola para refeições, devido às dificuldades em casa. “No entanto, a gente não tinha água nem para fazer a comida dos alunos”, lamenta a professora.
Com a distribuição de água por caminhão-pipa, a situação melhorou bastante e já não foi preciso dispensar os alunos, diz a professora. “Agora é só felicidade. Uma escola tem que ser um ambiente limpo. Agora está tudo limpinho e temos água”.
A gestora do convênio entre Itaipu e o município de São Miguel do Iguaçu, Ceci Lucia da Silva Langer, destaca que a situação na aldeia de Ocoy levava as crianças a consumirem água inadequada ao consumo humano. “Graças a Deus, nada mais grave aconteceu”, agradece. “Hoje, conseguimos isso [água potável]. E as pessoas estão felizes”, acrescenta o cacique Celso Japoty Alves.
Nova rede
Na sequência ao poço artesiano, será feita também a troca da tubulação das residências, que é muito antiga e com vazamentos. Serão substituídos seis mil metros de canos, graças a uma parceria entre a Itaipu, Sanepar e Secretaria de Saúde Indígena, do governo federal.
“Nessa nova gestão do (diretor-geral brasileiro de Itaipu) Enio Verri, sob o governo do presidente Lula, a prioridade é se aproximar das populações vulneráveis, sempre. Nesse caso, não é apenas uma questão de fornecer água potável, mas de garantir que esse recurso chegue de maneira adequada às casas, para que essas pessoas tenham acesso a esse direito básico”, conclui Paulo Porto.
Pelo convênio assinado em junho deste ano entre Itaipu e a Prefeitura de São Miguel do Iguaçu, estão previstas várias medidas para melhorar a qualidade de vida dos indígenas do Ocoí, além do poço artesiano e da troca da tubulação. Entre elas, a aquisição de material para artesanato e de um veículo para apoio nas atividades da comunidade, o repasse de 160 cestas básicas por mês e aquisição de eletrodomésticos, móveis e utensílios para o Centro de Nutrição da aldeia.