Um triste índice faz parte do cenário de Foz do Iguaçu: o feminicídio. Neste ano a fronteira registrou um aumento preocupante no número de crimes, sendo que a maioria ocorreu em contexto de violência doméstica.
Um levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) mostra que de janeiro a outubro seis mulheres foram mortas em situações de ódio, desprezo ou discriminação de gênero. As vítimas tinham idades entre 22 e 41 anos.
No comparativo com o ano passado, as ocorrências dobraram. Em 2022, as autoridades locais atenderam a três crimes em diferentes regiões. Dos casos com maior repercussão neste ano, destacam-se dois registrados em abril, sendo um deles no bairro Vila Yolanda. Na ocasião, uma mulher, de 44 anos, foi morta a tiros pelo então companheiro, de 49 anos.
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Depois de disparar contra a vítima o suspeito atirou contra a própria cabeça. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. O crime teria ocorrido durante uma discussão.
Ainda no mesmo mês, um crime ainda mais brutal chocou a cidade. Uma jovem, de 29 anos, foi executada a tiros e teve o corpo esquartejado. Os restos mortais foram enterrados em uma área de mata na região do bairro Cidade Nova. O autor do feminicídio era namorado da vítima e acabou morto em um confronto com a Polícia Civil, na cidade de Jaguaruna, em Santa Catarina.
Outros dois suspeitos também foram mortos em ocorrências distintas. Dois foram presos em ações policiais e um encontra-se foragido. Os acusados têm idades entre 30 e 50 anos e todos possuíam algum tipo de relacionamento com as vítimas. Este fato evidencia a importância em buscar por ajuda.
De acordo com a Polícia Civil, nenhuma das seis mulheres mortas neste ano em Foz possuía medida protetiva contra os suspeitos. Uma das vítimas chegou a registrar um Boletim de Ocorrência por violência, mas não deu continuidade ao processo.
Violência
Neste ano, a Sesp já contabilizou quase sete mil Boletins de Ocorrência de violência contra a mulher em Foz. Destes casos, mais de dois mil ocorreram no ambiente familiar.
Os números apontam uma média de mais de 600 ocorrências por mês e pelo menos 23 denúncias por dia. No panorama estão agressões físicas e verbais, ofensas, assédio moral e sexual, tortura psicológica, extorsão financeira e, em casos ainda mais graves, feminicídio.
Em qualquer situação, no âmbito em que se encontrar, a vítima pode e deve procurar auxílio. Para realizar uma denúncia de violência contra a mulher, seja ela doméstica ou não, basta entrar em contato pelo número 153 da Patrulha Maria da Penha e solicitar ajuda. Também é possível acionar as autoridades pelo 180.
Preocupante
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indica que, em 2022, 77 mulheres foram vítimas de feminicídio no Paraná.
Uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), vai ao encontro dos dados acima. No primeiro semestre de 2023, 62 mulheres foram vítimas de feminicídio no Estado, colocando o Paraná em 3° lugar no ranking nacional da violência.
Os crimes atingem majoritariamente mulheres entre 25 e 36 anos. Ao contrário do que se acredita popularmente, de que o agressor geralmente é alguém desconhecido, que surgirá em um beco escuro, ambas as pesquisas mostram que na maioria dos casos, 56,4%, segundo o relatório do Lesfem, aconteceram em uma residência, sendo a maioria na casa da vítima. A prevalência dos casos na residência também é maior entre as mulheres negras (56,6%) do que entre as brancas (45%).