O Parque Nacional do Iguaçu (PNI) vai além de suas deslumbrantes paisagens naturais, guardando também documentos e objetos de valor histórico que narram não apenas a história do parque, mas também a da cidade.
Esses tesouros culturais estão sendo meticulosamente catalogados e preservados para futuras exposições, sejam elas físicas ou virtuais, assim como para espaços de memória.
Tais iniciativas estão contempladas em um acordo de cooperação técnica firmado entre o ICMBio e a UNILA, com o objetivo de levantar, inventariar e conservar o patrimônio cultural do parque.
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O trabalho previsto neste acordo é coordenado pelo historiador e professor da UNILA, Micael Alvino Silva, em colaboração com os professores Heloísa Marques Gimenez e Mamadou Alpha Diallo, além do servidor técnico-administrativo, museólogo e historiador, Pedro Louvain.
“O acordo de cooperação técnica aproveita o expertise da UNILA em coletar, analisar e interpretar documentos e objetos históricos e culturais, enquanto o parque proporciona acesso a todos os espaços onde esses materiais podem ser encontrados”, explica Micael.
Essa parceria permite a integração de diferentes projetos de pesquisa e extensão relacionados à cultura e história, como o projeto “Museologia social no Parque Nacional do Iguaçu: levantamento, inventário e conservação dos bens culturais”, conduzido desde 2021 e liderado por Pedro Louvain. Foi a partir deste projeto de extensão que surgiu a necessidade de estabelecer o acordo de cooperação.
A equipe liderada por Louvain já descobriu diversos documentos valiosos, incluindo fotografias, 500 plantas arquitetônicas de prédios históricos do Parque (todas digitalizadas e disponíveis para pesquisadores) e mapas. Destaca-se um mapa de 1940 que abrange a parte urbana de Foz do Iguaçu, um recurso único para compreender a história da cidade.
Além disso, foram identificados projetos arquitetônicos e documentos relacionados à primeira usina hidrelétrica da região oeste do Paraná, a Usina São João, que forneceu energia elétrica entre 1942 e 1983.
O projeto da usina surgiu junto com a criação do Parque, em 1939, como parte da infraestrutura para permitir o acesso de turistas, assim como o primeiro aeroporto da cidade.
A contribuição da Usina São João para o desenvolvimento da cidade é enfatizada por Pedro Louvain. “A usina é um patrimônio cultural extraordinário que contribuiu para o desenvolvimento do Parque e da cidade.
Foz do Iguaçu teve energia elétrica, por muito tempo, graças à Usina São João”, destaca. Ele ressalta a importância de reconhecer oficialmente a usina como patrimônio cultural.
Atualmente, a casa de máquinas da usina, localizada aos pés da cachoeira São João, está abandonada.
O grupo da Unila que trabalha no âmbito do acordo de cooperação sugere que, restaurada, a casa de máquinas e seu entorno se transformem em um espaço de memória para abrigar documentos e objetos históricos, contribuindo para a compreensão da história local e promovendo temas como meio ambiente e sustentabilidade.