Itaipu e Icli vão aumentar de 120 para 240 o número de alunos do Velejar É Preciso

O investimento previsto na parceria é de R$ 3,4 milhões e vai beneficiar crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social
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Fotos: Sara Cheida/Itaipu Binacional

Em até três anos, um novo convênio entre a Itaipu Binacional e o Iate Clube Lago de Itaipu (Icli) pretende ampliar o atendimento de 120 para 240 atletas com idade entre 7 e 18 anos pelo projeto Velejar é Preciso.

O investimento da usina na parceria é de R$ 3,4 milhões e vai beneficiar crianças e jovens em situação de vulnerabilidade econômica e social.

O objetivo é promover a inclusão social por meio da prática da vela e garantir uma oportunidade futura no mercado de trabalho nesse setor.

O aumento da participação de novos(as) alunos(as) no projeto será de forma gradativa. Em 2024, o número será aumentado de 120 para 160 vagas. Em 2025, a estimativa é que o total suba para 200 participantes e, em 2026, para 240 atletas.

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Atualmente, os(as) 120 alunos(as) atendidos(as) pelo Velejar é Preciso, também por meio de parceria com a Itaipu, são da região de Três Lagoas, bairro de Foz do Iguaçu com cerca de 40 mil habitantes e alto índice de vulnerabilidade social, e do bairro Portal da Foz, com o apoio do Projeto Amigos, que faz o translado das crianças e adolescentes daquele bairro até o Icli.

Inclusão

“A Itaipu considera a prática esportiva, desde que com acompanhamento de profissionais e de atenção especial aos atletas, um fator fundamental para a inclusão social de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social”, explica o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri.

E completa: “Mais do que a disputa esportiva em si, deve ser considerado o que o esporte agrega, o seu papel em trazer para o meio social pessoas que estariam praticamente o resto da vida sem acesso ao que, para a classe média, é sintoma de normalidade”.

O gestor do convênio pela Itaipu, Waldemar Pilger, lembra que o projeto Velejar é Preciso foi criado pelo Icli ainda em 2001. Em 2012, Itaipu passou a apoiar o projeto, por meio do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA).

“Com este reforço, o projeto ganhou mais capacidade de atendimento e chegou a revelar atletas que representam Foz do Iguaçu no Brasil e no exterior”, destaca. “Agora, é hora de criar novos incentivos e garantir ainda mais apoio às crianças e adolescentes participantes do projeto.”

Educação e formação

O comodoro do Icli, Evandro Ferreira, não enxerga o clube sem o projeto Velejar é Preciso. “Essa é uma parceria muito importante com a Itaipu, porque se trata de um esporte de investimento alto. O clube tem estrutura, mas não tem recursos para atender essas crianças e adolescentes. Para nós, é uma satisfação contar com esse apoio numa atividade que auxilia na educação e formação dessas pessoas.”

Ferreira destaca ainda que esse convênio abre uma oportunidade sem precedentes para que os atletas atendidos pelo projeto possam viajar e conhecer o mundo em competições em todos os cantos.

Para o gestor e coordenador do convênio pelo Icli, Rafael Oliveira Bertin, que é psicólogo e atua com o ambiente de dependência química há mais de uma década em Foz do Iguaçu, essa parceria da Itaipu e Icli no projeto Velejar é Preciso tem um impacto social muito importante na região de fronteira.

“Nosso trabalho social é incansável e tira muitos jovens do caminho das drogas. Esses(as) alunos(as) inseridos(as) no esporte têm a referência, o acolhimento e a disciplina que precisam para serem adultos funcionais. Além disso, a inciativa revela atletas no cenário nacional da vela”, argumenta.

Todas as condições aos alunos

Para a prática do esporte, considerado de alto custo, todos(as) os(as) alunos(as) recebem as condições necessárias de forma gratuita, como transporte da casa para o clube e vice-versa, refeições (café da manhã, lanche e almoço) nos dias de treino, barcos completos para velejar, equipamentos e acessórios, instrutores e orientadores, além do custeio de qualquer despesa para participação em eventos fora das dependências do clube.

São oferecidas duas categorias: a classe optimist, para os iniciantes, e o nível laser, para os que passaram por essa fase e têm mais de 14 anos de idade.

Grande parte dos velejadores não tem convívio com os pais devido ao abandono, drogadição ou marginalidade (por parte dos genitores), e avós e outros parentes são o principal contato. Uma das propostas é promover o fortalecimento de vínculos e desenvolvimento de habilidades relacionais desses(as) alunos(as).

Orgulho de mãe

Adriana Lopes dos Santos, mãe de Leonardo Santos, de 13 anos, participante do Velejar é Preciso, sente muito orgulho por ter um atleta de vela na família. Leonardo está no projeto desde os seis anos e meio de idade.

Sem a parceria de Itaipu, a família não teria condições financeiras de colocar o filho no esporte. Como caseira, responsável por uma chácara, ela ganha R$ 1 mil por mês. “Além de velejar, ele tem a oportunidade de viajar e conhecer outros lugares. Ele está muito feliz e nós também”, conta Adriana Santos.

O atleta conta que a vela é tudo para ele. “Participar do projeto é uma chance única para mim. É uma oportunidade em um milhão. Já ganhei muitos prêmios competindo pelo Velejar é Preciso e vou continuar seguindo carreira nesse esporte. Meu sonho é ganhar muitos campeonatos.”

O que prevê a nova parceria

Como contrapartida do investimento de Itaipu, o Icli ficará encarregado de criar e desenvolver uma frota para representar a cidade em eventos, realizar oito festivais/torneios de vela por ano com todos(as) os(as) alunos(as) e promover anualmente quatro ações de cidadania com a comunidade.

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Também fazem parte dos compromissos previstos no convênio organizar quatro encontros anuais com pais e/ou responsáveis para fortalecimento de vínculos e/ou orientação sobre garantia de direitos, acompanhamento psicossocial e educativo e a busca ativa dos(as) atletas faltosos(as) e encaminhamentos para os serviços públicos de atendimento social, como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e o Conselho Tutelar, entre outros.

O projeto se compromete ainda a acompanhar a frequência e desempenho escolar de todos(as) os(as) participantes, além de promover seis encontros de orientação vocacional para o mercado de trabalho dos(as) alunos(as) do último ano.

Esporte caro

A vela propicia habilidades importantes para o desenvolvimento psicomotor de crianças e adolescentes, como noções espaciais, reflexo, atenção concentrada, além do aspecto físico e disciplinar, envolvendo princípios de empatia, companheirismo, respeito ao próximo e disciplina, motivando o velejador a manter respeito ao próximo e ao meio ambiente.

Porém, é um esporte caro, se comparado aos esportes tradicionais com bola e ao próprio atletismo. Atualmente, a aquisição do equipamento completo para um iniciante custa em torno de R$ 48 mil, valor considerado alto para os padrões brasileiros, o que dificulta enormemente a participação de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e, consequentemente, a formação da base e de descoberta de novos talentos no país.

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