O Fórum de Foz do Iguaçu será palco a partir desta quinta-feira (04), do júri popular do ex-agente penal Jorge Guaranho, que matou a tiros em junho de 2022 guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, no local onde este comemorava os 50 anos de idade com familiares e amigos, em uma festa com a temática o presidente Lula e seu partido.
Guaranho, que segundo as investigações viu pelo celular de um amigo imagens do evento nas câmeras de monitoramento, foi até o local para provocar aniversariante e convidados, já que era militante do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
A acusação vai sustentar que o crime teve motivação política, já que Guaranho, ainda segundo as investigações, chegou ao local gritando que iria “matar todos do PT”.
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O advogado Rogério Botelho, que defende a família Marcelo Arruda e atua como assistente de acusação, disse que uma das provas de que a ação de Jorge Guaranho teve motivação política é o fato que houve um invasor. “Um invasor. Uma pessoa invadiu a festa. Por intolerância. Essa história de que o Marcelo pode ter gerado a reação, não é cabível num caso deste”.
“Porque não houve uma injusta agressão por parte do Marcelo. O único que causou algo injusto ali foi o Jorge Guaranho”, ressaltou Botelho. O jurista afirmou ainda que m uitos outros elementos já demonstram que houve uma intenção fútil, “uma motivação fútil em razão da intolerância política”, disse. Na época do crime, tanto Bolsonaro como Lula, estavam em pré-campanha. Nas redes sociais, Guaranho costumava postar fotos exibindo armas com jargões de campanha do então presidente, que acabou derrotado nas urnas.
Discussão
Para a defesa do réu, Jorge Guaranho, o trabalho dos peritos particulares contratados pela acusação e que está nos autos processo e deverá ser apresentado durante o julgamento, não vale como laudo pericial. “Acreditamos em provas científicas, esse é parecer, não é um laudo. O que temos de laudo científico é da polícia científica do estado do Paraná. E isso aí foi totalmente desconsiderado pelos experts”, disse o advogado Samis Mattar Assad.
“Todo esse apontamento que a gente vai fazer, vai demonstrar que o que tem de laudo, na expressão jurídica do termo, foi produzido pela polícia científica do estado do Paraná. A que a gente confia de maneira integral”, completou o advogado de defesa. No crime, Jorge Guaranho usou uma pistola de trabalho, que pertence a União.
Motivação política
As apurações do Ministério Público (MPPR), que fez a denúncia que tornou réu o ex-agente penal, já indicam que o crime teve motivação política. Segundo a denúncia, enquanto a festa de Marcelo Arruda acontecia em um clube na região da Vila A, Jorge Guaranho teve acesso às imagens câmeras de segurança e viu que o tema da decoração era Lula e o PT, partido ao qual a vítima era tesoureiro.
Jorge Guaranho, que era apoiador declarado do ex-presidente Bolsonaro, foi até o local da festa, onde chegou de carro, como mostram as imagens de monitoramento. Ele estava acompanhado da esposa e o filho de dois meses, ouvindo jingles da campanha passada de seu candidato e, segundo testemunhas, teria gritado palavras de apoio ao então presidente, numa tentativa de provocar o aniversariante e convidados da festa.
Marcelo Arruda de acordo teria pedido para que ele se retirasse, o que não foi atendido. A vítima então sai do salão da festa, pega um punhado de terra e arremessa contra o carro de Guaranho, que sacou a arma e apontou pela janela do mesmo. A companheira do ex-guarda municipal conversou com o atirador, que saiu do local prometendo voltar em seguida e “matar todos”, conforme a denúncia do MPPR.
Chegou atirando
As imagens mostram as cenas seguintes, Guaranho chegou ao local já com a arma em punho e não atendeu aos pedidos de Pâmela, companheira de Arruda. Ele começou a atirar atingindo Marcelo Arruda que tinha buscado sua arma no carro e revidou os tiros. Dentro do salão, o ex-agente penal foi derrubado pela esposa da vítima, momento em que também foi alvejado por Arruda.
Os dois foram levados ao hospital logo após a chegada dos socorristas. Marcelo Arruda não resistiu aos ferimentos e morreu durante a madrugada. Jorge Guaranho ficou internado um mês e, após receber alta, permaneceu dois dias em casa usando tornozeleira eletrônica até ser preso e transferido para o Complexo Penal de Pinhais, na região Metropolitana de Curitiba, onde aguarda o júri que começa hoje.
A família de Marcelo Arruda espera a pena mais dura contra Jorge Guaranho. “É difícil acreditar até hoje que seja verdade que o Marcelo morreu porque ele escolheu uma decoração do Partido dos Trabalhadores, do qual ele fazia parte há mais de dez anos”, disse Pâmela Silva, esposa da vítima. Que completou: “Então, só digo o que é isso? É uma bananidade, né?”.
Com informações de GDia