Argentina sela acordo com CIA e Mossad contra o terrorismo e crime organizado na Tríplice Fronteira

O acordo firmado pela AFI foi determinado pelo presidente Javier Milei, com base no novo alinhamento do país mais próximo de Estados Unidos e Israel
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Encontro dos Rios Iguaçu com Paraná. Brasil, Paraguai, Argentina – Foto: Wemerson Augusto

A Agência Federal de Inteligência (AFI) da Argentina acaba de selar um acordo com a CIA e o Mossad, inteligências militares dos Estados Unidos e de Israel, para combater o terrorismo e o tráfico de drogas na fronteira tríplice com Brasil e Paraguai.

A cooperação, segundo a imprensa do país, foi delegada pelo presidente Javier Milei ao chefe de estão da AFI, Nicolás Posse, com base no novo alinhamento político do país.

Os trabalhos serão desenvolvidos a partir do Centro de Análise de Inteligência Criminal da Tríplice Fronteira, inaugurado em 15 de janeiro em Puerto Iguazú.

Nos últimos meses, segundo a imprensa argentina, o controlador da AFI, Silvestre Sívori, se reuniu diversas vezes com Nicolás Posse e autoridades da Agência Central de Inteligência Americana (CIA) e do Mossad.

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O Bundesnachrichtendienst, mais conhecido como BND, ou inteligência alemã, também colabora.

A intenção é monitorar as atividades ligadas especialmente ao narcotráfico e também a existência de possíveis células terroristas, uma vez que a região cidadãos de mais de 80 diferentes etnias.

A iniciativa, além de combater o crime organizado, “está ajudando a estabelecer uma unidade de monitoramento na zona da Tríplice Fronteira”, disse o analista político e professor de Relações Internacionais da Universidade Austral da Argentina, Fabián Calle.

“Durante anos, foram detectados ali grupos terroristas que têm conexões com o grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, que está tentando fortalecer sua presença na América Latina”, revelou ele, em entrevista ao Diálogo.

O Centro, segundo o governo argentino, vai implementar estratégias contra o comércio ilegal, a lavagem de dinheiro, o crime organizado, a corrupção e, é claro, a presença de possíveis células terroristas, disse à imprensa a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich.

Zona emblemática

O portal de notícias argentino Infobae destacou que foi escolhido um lugar emblemático para o trabalho das forças federais e de inteligência, para as três nações que convergem nessa zona estratégica.

Há passagens fronteiriças porosas na área, onde gangues ligadas ao crime organizado, com fortes vínculos com o terrorismo, frequentemente operam para contrabandear mercadorias ilícitas, acrescentou o La Nación.

Para as autoridades do vizinho país, é essencial reforçar e, em alguns casos, restabelecer os vínculos de cooperação com os serviços de inteligência dos Estados Unidos, Israel, Alemanha e do resto do mundo, que está sob a ameaça do Hezbollah ou de qualquer outro tipo de grupo terrorista respaldado pelo Irã, que opere na América Latina.

“Atualmente, as forças federais situadas na região, tanto da Argentina, como do Brasil e Paraguai, estão monitorando conjuntamente as ações criminosas e de possíveis células relacionadas ao terrorismo na região”, destacou o Ministério da Segurança da Argentina.

O novo Centro contará com apoio técnico e especializado permanente, otimizando a eficiência e a eficácia na prevenção e no combate ao crime. Além disso, novos cenários de crime serão antecipados por meio de estudos estratégicos e de consultoria para a tomada de decisões institucionais.

Terrorismo

A Argentina designou o Hezbollah como uma organização terrorista em julho de 2019. Ela concentraria sua atenção nas operações de lavagem de dinheiro da organização na Tríplice Fronteira, conhecida como um ponto de acesso de atividades criminosas.

Argentina sela acordo com CIA e Mossad contra o terrorismo e crime organizado na Tríplice Fronteira
Encontro dos Rios – Wemerson Augusto

Em 17 de março de 1992, o Hezbollah destruiu com bomba a Embaixada de Israel na Argentina, provocando a morte de 22 pessoas.

Dois anos depois, em 18 de julho de 1994, também em Buenos Aires, um carro-bomba explodiu na sede da Asociación Mutual Israelita Argentina, matando 85 pessoas, marcando os primeiros atentados do Hezbollah na América Latina.

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