Um caso bastante inusitado está intrigando a comunidade médica e a população em geral da Tríplice Fronteira. Uma bebê, que nasceu sem sinais vitais, “ressuscitou” durante o velório, horas após ter o óbito confirmado.
A família acredita tratar-se de um milagre. Os profissionais de saúde admitem o espanto diante de uma situação incomum, mas buscam na ciência uma explicação lógica para o quadro.
De acordo com as informações, a bebê é do sexo feminino, filha de uma jovem, de 21 anos. A moça deu à luz na última sexta-feira (12), no Hospital Regional de Ciudad del Este, com apenas sete meses de gestação.
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A menininha, pesando apenas 400 gramas, veio ao mundo sem batimentos cardíacos e sem pulso no cordão umbilical.
Os médicos da unidade hospitalar realizaram procedimentos de reanimação, mas não identificaram sinais de vida na recém-nascida. O óbito da pequena foi declarado e o corpo foi entregue à família, que seguiu para Mingua Guazú, cidade onde moram.
A bebê foi colocada em um caixãozinho e os familiares se reuniram para um breve velório. Entretanto, durante a cerimônia, a menina começou a se mexer e respirar, deixando todos surpresos. A criança foi então rapidamente encaminhada a um hospital particular, onde recebeu os cuidados necessários.
O quadro da bebê é delicado e instável. No momento ela encontra-se internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respira com a ajuda de aparelhos. Um coquetel de medicamentos foi administrado para auxiliar na maturação pulmonar, já que a pequena é bastante prematura e perdeu peso no intervalo entre a declaração de óbito e o retorno ao hospital, o que levou cerca de quatro horas.
O prognóstico ainda é incerto, mas os médicos e a família estão confiantes na recuperação da menina, que foi batizada de Milagros de Jesus. “Já vi alta de um paciente que nasceu com 600, 700 gramas no hospital. Mas exige cuidados intensivos, vamos colocar toda a esperança na ciência, na maturação pulmonar”, disse o diretor do Hospital Regional de Ciudad del Este, Federico Schrodel, que acompanha o caso.
Diagnóstico desafiador
O caso de Milagros é tido pelos médicos de Ciudad del Este e região como inédito e desafiador. Esta foi a primeira vez que os profissionais se depararam com um caso de um paciente recém-nascido, dado como morto, que tenha voltado à vida e permanecido com sinais por mais de 24 horas.
Várias hipóteses para o caso foram levantadas, inclusive um quadro de catalepsia, condição transitória na qual o paciente apresenta uma incapacidade na movimentação dos membros, na cabeça ou até na fala. Em alguns casos, podem ser confundidos com a morte, pois a respiração também é afetada.
Entretanto, a ideia foi descartada após ser analisada pelo médico Pablo Lemir, diretor de Medicina Legal do Ministério Público, pois as características da catalepsia, segundo ele, não podem ser aplicadas a um neonato.
Uma equipe de profissionais foi montada para apurar o histórico familiar da bebê e até os medicamentos utilizados pela mãe durante a gestação e no parto. Pesquisadores e professores da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional do Oriente também irão colaborar com as apurações para que se possa chegar a um diagnóstico.
Além disso, doutores de outros países também deve auxiliar na análise de exames para identificar o quadro da bebê. No momento os médicos investigam síndromes como Niemann-Pick tipo C ou Brue, como é chamado um estado de morte aparente.
Com informações do GDia