Carta de Foz do Iguaçu pauta Parlasul com demandas da fronteira e gestão coordenada

Cerca de 300 pessoas estiveram presentes no evento promovido no âmbito da II Sessão Especial e da XCVI Sessão Ordinária do Parlasul
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O Parlamento do Mercosul lançou a Carta de Foz do Iguaçu sobre “fronteiras e gestão coordenada: infraestrutura, logística e livre circulação de pessoas no Mercado Comum do Sul”. O documento foi apresentado na audiência pública que reuniu 43 deputados e senadores de cinco países sul-americanos (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai) na sede da ACIFI (Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu).

O encontro histórico do Parlasul também contou com lideranças da iniciativa privada e poder público das Três Fronteiras, além de organismos internacionais, organizações de comércio e logística, empresas de transporte internacional, instituições acadêmicas e de pesquisa, e organizações sociais. No total, mais de 300 pessoas estiveram presentes no evento promovido no âmbito da II Sessão Especial e da XCVI Sessão Ordinária do colegiado.

A audiência pública teve organização do Parlasul, ACIFI e Codetri (Conselho de Desenvolvimento da Região Trinacional do Iguassu), com apoio da Itaipu Binacional, Prefeitura de Foz do Iguaçu, Câmara de Vereadores e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção Foz. As atividades ocorreram no sábado, 17, e continuam nesta segunda-feira, 19, no Cine Teatro Barrageiro, no Itaipu Parquetec (antigo Parque Tecnológico Itaipu).

O documento reafirma o compromisso conjunto de todos os participantes com a integração e cooperação regional. As instituições envolvidas se comprometeram a colaborar na implementação das estratégias e propostas discutidas durante a audiência pública, com o objetivo de otimizar a infraestrutura, a logística e a livre circulação de pessoas na região.

“Este esforço conjunto marcará um avanço significativo em direção a uma maior integração e cooperação dentro do Mercosul, beneficiando todos os países membros e a região como um todo”, descreve a carta, assinada pela presidente e pelo vice-presidente do Parlasul, Fabiana Martin e Arlindo Chinaglia; pelo presidente da ACIFI, Danilo Vendruscolo; pelo secretário de Turismo de Foz, André Alliana; e pela representante da OAB/Foz Victoria Luisa Simão Nachtygal.

A presidente do Parlasul destacou a qualidade dos trabalhos, sem deixar de ser realista com os entraves do bloco. “Para superar os desafios, necessitamos ser ouvidos e de vontade política, que não estava muito sincronizada na região”, disse Fabiana Martin.  A parlamentar argentina afirmou que a região trinacional é “quase uma zona comum”, cujas carências serão encaminhadas aos governos centrais. “Precisamos que escutem as soluções pensadas pelas comunidades”, resumiu.

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Já o vice-presidente do Parlasul ressaltou “a participação literalmente excepcional, que resultou num aprendizado individual e coletivo sobre temas complexos, com riqueza de informações. Isso nos mobiliza e estimula”. Deputado federal por São Paulo, Arlindo Chinaglia disse que o próximo passo é estabelecer prioridades entre as solicitações apresentadas e encaixá-las na pauta do parlamento.

Lideranças defendem diálogo para superar desafios da região

Em sua apresentação, o presidente da ACIFI lembrou que a região trinacional tem caminhões cumprindo funções de verdadeiros armazéns, imóveis, parados por dias nas filas, nas quais os caminhoneiros não contam com a mínima condição de higiene e segurança, enfrentando custos elevados com diárias e sob o risco de multas por não cumprimento de contratos de exportação.

“Há que sentir os problemas da fronteira para compreendê-los e entendê-los. Por isso, acreditamos que este é o fórum adequado para que possamos sair deste encontro com encaminhamentos e ações que facilitem e potencializem as relações comerciais entre os países que compõem o nosso bloco”, explanou Danilo Vendruscolo.

Presidente do Codefoz (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu), Fernando Castro Alves frisou que os esforços locais precisam ser amplificados e legitimados no âmbito regional e internacional. Entre os pedidos, a importância de firmar um termo de cooperação entre Procomex (Aliança Pró-Modernização Logística de Comércio Exterior) e Mercosul, visando à maior integração entre as políticas de desenvolvimento.

Conselhos defendem Codetri no Parlasul

Outro ponto de destaque entre as solicitações das lideranças fronteiriças foi a inclusão do Codetri (Conselho de Desenvolvimento Trinacional) na estrutura oficial do Parlamento do Mercosul. O pedido foi feito pelos representantes dos conselhos de desenvolvimento econômico e social de Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú (Argentina), Ciudad del Este e Puerto Franco (Paraguai).

Presidente do Codetri, Roni Temp mencionou em sua exposição que o conselho tem a representatividade necessária para solicitar ao Parlasul “uma cadeira permanente para colaboramos com nosso trabalho e experiência”. Segundo ele, com apoio do parlamento, as soluções da região trinacional podem ser replicadas para as demais cidades de fronteira dos países do Mercosul.

A respeito do pedido de incluir o Codetri no Parlasul, Arlindo Chinaglia realçou que Foz e a região trinacional “têm integração a céu aberto”, sendo a proposta do Codetri “estimulante”. Respondeu que é preciso, inicialmente, verificar como viabilizá-la juridicamente, visto que o Parlasul é um colegiado formado por parlamentares. Conforme o deputado federal, “nada impede” de incluir pessoas com conhecimento e interessadas em colaborar.

Documento traz resumo dos debates

A “Carta de Foz do Iguaçu sobre fronteiras e gestão coordenada: infraestrutura, logística e livre circulação de pessoas no Mercosul” traz uma síntese dos debates ocorridos na audiência pública realizada na ACIFI. O documento enaltece a necessidade de abordagem coordenada e soluções integradas para os seguintes aspectos-chave:

1) O Sistema de Transporte Internacional Rodoviário (TIR)

2) A Gestão Coordenada de Fronteiras (GCF)
3) Infraestrutura e Logística do Corredor Bioceânico

4) Livre Circulação de Pessoas e o Acordo sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas (ALFV)

5) Impacto positivo dos Conselhos de Desenvolvimento Local

6) Turismo e Fronteiras

Leia no documento na íntegra no site www.acifi.org.br

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