A implantação da tarifa zero no transporte coletivo vai impactar positivamente no custeio e em outras despesas do lar, avaliam usuários do modal em Foz do Iguaçu. O acesso gratuito ao serviço é uma das principais propostas do candidato a prefeito Zé Elias (44) e será financiado com a redução de 80% dos cargos comissionados da prefeitura.
No atual sistema, entre as dificuldades listadas pelos usuários, estão os atrasos na chegada dos veículos, o alto valor da passagem e a falta de ônibus adaptados para pessoas com deficiência (PcD). “O custo da passagem é alto e o ônibus é bastante demorado. Com esse valor dava para comprar um litro de leite a mais e pão, a quantidade faz diferença, sim”, explicou César Lopes, do Jardim Niterói, morador há 50 anos em Foz do Iguaçu.
“Antes você conseguia pegar outro ônibus com a mesma passagem. Hoje tenho o cartão do idoso, mas e quem não tem? É muito cara. Ouço muita reclamação. Tento sair só o necessário”, disse a aposentada Alzira Maria de Lima. No momento da conversa com a reportagem, Alzira, que mora na Vila C, estava acompanhada de um familiar que paga a passagem. “Se pudesse economizar (o valor da passagem) já ajudaria a pagar uma conta de água e de luz.”
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Zé Elias ponderou que atualmente 50% dos trabalhadores de Foz do Iguaçu ganham menos do que dois salários, e a tarifa do transporte coletivo é uma oneração que prejudica diretamente as famílias. “Muitos trabalhadores não conseguem ou enfrentam sérias dificuldades para comprar roupas, pagar aluguel, água, luz e alimentos”, destacou.
Fluxo ordenado
Um destes casos foi revelado por Iracema do Menegatto, que reside no bairro Maracanã e estava no Terminal de Transporte Urbano (TTU), esperando para seguir viagem. Segundo ela, o fluxo de ônibus deveria melhorar. “Acho que precisa de mais ônibus, antes tinha mais. Venho do Jardim São Paulo e fiquei uns 40 minutos no ponto próximo à Praça da Bíblia, e quando veio o ônibus, vieram dois de uma só vez. Poderiam espaçar e vir um intercalado com o outro. Moro no Maracanã e estou à espera de mais um para chegar em casa”, relatou.
O motorista Jair de Souza, que uma vez por mês vem a Foz do Iguaçu visitar sua mãe, estava há uma hora no TTU e comparou sua espera com a vivência na cidade onde mora e na capital do estado. “Estou há uma hora esperando o ônibus que vai para o Porto Meira. Uma cidade como Foz do Iguaçu, que é turística, ter um terminal como esse? Isso aqui é muito antigo e feio. Se você descer da rodoviária, paga R$ 5,00 de passagem para vir até aqui e depois tem que pagar outra.”
“Em Cascavel, você paga R$ 4,60, você revira Cascavel. Em Curitiba, você paga R$ 5,00 e revira Curitiba. Aqui em Foz do Iguaçu, você tem que pagar várias passagens, e isso é um absurdo! Será que o prefeito não enxerga, os vereadores não enxergam? Não tem um terminal decente”, comparou o motorista. Quando questionado sobre a possibilidade da tarifa zero, se mostrou surpreso e ressaltou: “Isso é verdade? Será que vão fazer isso? Nossa, para um pai de família já faz diferença”.
Acessibilidade
Em um dos pontos de ônibus da Rua Almirante Barroso, o morador Wilson Manoel da Silva, que esperava a chegada do transporte para seu destino, ajudou um rapaz com o filho cadeirante a entrar em um ônibus. “Não o conhecia, não. Ele estava precisando de ajuda e sempre que posso, faço isso. Tem muito o que mudar no transporte coletivo, principalmente mais ônibus com acessibilidade, e se circula na cidade tem que ser adaptado. Quanto à tarifa (zero), acho que dava para fazer, mas vão?”, observou.
Em respostas aos usuários do serviço, Zé Elias disse que seu plano é implantar a tarifa zero no coletivo urbano, mas amparado em um estudo sobre a demanda de passageiros e linhas adequadas.
“Vamos implantar o programa tarifa zero em Foz do Iguaçu. Há condições para isso sem mexer no orçamento da cidade. Para os ajustes de mobilidade vamos realizar um estudo profundo das rotas e da infraestrutura, sincronizar semáforos, para organizar horários e distâncias”, explicou.