O Oeste do Paraná, que tem a maior produção de suínos e frangos do Estado, tem 70% de sua área apta para receber um arranjo de produção de biogás, obtido a partir dos dejetos de porcos, aos moldes do modelo que foi implantado em Entre Rios do Oeste. O percentual da região é semelhante ao de todo o Estado, que tem 69,91% de todo o seu território propícios a essa finalidade.
Os dados fazem parte de estudo do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) para a prospecção do locais para implantação de plantas de biogás no Paraná. A intenção é, a partir da identificação de fatores que influenciam o potencial de produção, mapear as áreas do Estado em que o modelo de Entre Rios poderia ser replicado.
Os pesquisadores do Núcleo de Inteligência Territorial (NIT) do PTI, trabalharam durante um ano nesse levantamento, que faz parte do mesmo projeto de pesquisa e desenvolvimento realizado em parceria com a Copel, Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (Cibiogás) e prefeitura de Entre Rios do Oeste, com financiamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), pelo qual foi implementada a Minicentral Termelétrica de Biogás em Entre Rios, inaugurada em julho deste ano.
A iniciativa dá solução a um problema ambiental do município – a grande quantidade de dejetos suínos – a partir de um arranjo entre 18 propriedades rurais. Os dejetos agora são tratados, transformados em biogás e usados para a geração de energia elétrica.
Conforme o analista ambiental Jefferson Luiz Gonçalves Silva, com base no modelo de Entre Rios o estudo definiu as áreas aptas e inaptas do Paraná para a produção de biogás. Ele explicou que, muito além da quantidade de suínos, a replicação do arranjo envolve outros fatores, como, por exemplo, a declividade do terreno, se existe linha de transmissão e se há mata nativa na região.
O primeiro passo foi obter os dados necessários para o levantamento, desde os que eram públicos até os de instituições como a Agência Agropecuária do Paraná (Adapar). Na sequência foram identificadas as áreas inaptas para essa produção, a partir de legislações, regulamentações e outras normas técnicas. São locais, por exemplo, destinados a comunidades indígenas, unidades de conservação ambiental e áreas de proteção e preservação das águas subterrâneas.
Com essas áreas excludentes definidas, os pesquisadores passaram ao cenário das regiões que possuem maior potencial. “No final temos um produto, que são as áreas mais e as menos favoráveis, dentro dessas áreas aptas”, conta o analista ambiental do NIT.
O resultado mostrou que, embora o oeste paranaense seja a região com maior quantidade de suínos do Estado, com 4.298.588 cabeças (conforme dados do IBGE de 2017), a região Noroeste é que a que possui maior dimensão de área apropriada para a produção de biogás. No Oeste 16.189,08 km² têm potencial para essa produção, que representam 70,85% de sua área. Já o Noroeste possui 103.911 suínos e 19.572,56 km² de área apta, em um total de 79,92% do território.
Paralelo ao estudo das áreas com potencial de produção de biogás, também foi realizado o mapeamento das áreas inaptas e aptas para receber a aplicação de biofertilizante derivado da biomassa residual da suinocultura. O estudo apontou que a mesorregião Centro Ocidental Paranaense possui a menor porcentagem de sua área inapta para essa aplicação, em um total de 2.573,66 km², ou seja, 21,56% do território. Já a Região Metropolitana de Curitiba tem a maior porcentagem, com 10.490,83 km² inaptos para essa finalidade, totalizando 45,9% do território.