Refúgio Biológico da Itaipu doa mais de mil mudas de plantas medicinais para comunidades indígenas

A ação é realizada em parceria com o projeto Opaná e beneficiará mais de 30 comunidades Guarani do Oeste e Litoral paranaense
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Entrega de mudas medicinais a comunidades Guarani participantes do projeto Opaná. Crédito: Ana Paula Soukef

O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), mantido pela Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), doou 1.210 mudas de plantas medicinais para o projeto “Opaná: Chão Indígena”, iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) em parceria com a própria Itaipu. O projeto atua na sustentabilidade ambiental e alimentar de comunidades Guarani do Oeste e Litoral do Paraná.

A doação foi feita na segunda-feira (11) e as mudas já começaram as ser distribuídas. Entre as espécies, estão alfavaca, arnica, boldo, cavalinha, centelha asiática, ginseng, hortelã, jambu, jurubeba, malvarisco, maracujá, manjerona, orégano, penicilina e salva-cidreira. O objetivo é reforçar o cultivo e o uso tradicional das plantas medicinais, contribuindo para a saúde e a preservação dos saberes ancestrais das comunidades.

O cacique Lino César Pereira, do Tekoha Tape Jere, em Santa Helena (PR), destacou a importância da iniciativa para a revitalização dos remédios naturais. “Nós conhecemos muitas plantas medicinais, mas muitas delas já não existem mais em nossos territórios. Com esse apoio, podemos voltar a plantar e preparar nossos próprios medicamentos. Isso vai ajudar nossa comunidade a recuperar o que perdemos”, comentou. O cacique também ressaltou que esta ação contribui para o fortalecimento cultural, pois “ter um quintal de remédios é vital para a saúde, a vida e a cultura Guarani”.

Ainda segundo ele, as plantas medicinais desempenham um papel muito relevante dentro das comunidades indígenas, sendo utilizadas há séculos como fontes primárias de tratamento natural. Muitas dessas plantas contêm compostos bioativos com propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e antioxidantes que ajudam a prevenir e tratar diversas doenças, além de possuírem finalidades de fortalecimento espiritual dentro da visão indígena.

Mariana Batista, assessora de projetos da FLD e estudiosa de plantas medicinais, disse que, durante os encontros coletivos para construção dos Planos Comunitários do projeto Opaná, as famílias indígenas participantes se mostraram entusiasmadas ao dialogarem sobre o cultivo de plantas medicinais.

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“Para o povo Guarani, essas plantas são verdadeiras fontes de vida, oferecendo remédios, extratos, emplastros e preparados essenciais à saúde e ao bem-estar. Quando integradas a sistemas agroecológicos, essas espécies também desempenham um papel importante no equilíbrio biológico do agroecossistema, enriquecendo a diversidade da flora local e atraindo polinizadores como as abelhas nativas”, afirmou. Ela acrescenta que esse ciclo natural contribui para a produção de alimentos, preservação das espécies, controle de doenças e manutenção da saúde do solo.

Refúgio Biológico Bela Vista

A doação feita pelo Refúgio Biológico da Itaipu é a primeira de um total de três que estão previstas para serem realizadas durante o projeto. O espaço é considerado uma importante referência de preservação da fauna e da flora da região, sendo reconhecido como um posto avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Criado há mais de 30 anos, atualmente conta com uma área de 1.780 hectares e reúne parte expressiva da biodiversidade animal e vegetal da região.

Retirada das mudas medicinais no Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu Binacional. Crédito: Ana Paula Soukef

Integrando o Refúgio Biológico, com cerca de dois hectares, encontra-se o horto de plantas medicinais, condimentares, aromáticas e alimentícias não convencionais. Segundo Marcos Carvalho, engenheiro ambiental da Itaipu e gestor do horto há três anos, o local possui atualmente uma variedade de 130 espécies. “Hoje mandamos mudas para todo o Estado do Paraná. Doamos para projetos, instituições e pessoas da comunidade. Não temos restrições, desde que seja justificado o destino das plantas”, relatou.

O espaço do horto abriga áreas de cultivo e produção de mudas, que incluem viveiro sombreado e estufa automatizada, além de trilhas educativas, espaço de apoio à pesquisa e um matrizeiro, utilizado para a conservação do banco genético de plantas, garantindo a preservação e a continuidade da produção de mudas.

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