Foz do Iguaçu deu mais um passo importante no combate à dengue nesta quarta-feira (15), ao receber uma equipe técnica do Ministério da Saúde. A missão teve como objetivo fortalecer ações de vigilância epidemiológica e ambiental, reorganizar serviços de saúde e ampliar a assistência à população. O destaque foi para a ampliação do método Wolbachia, uma inovação científica que já cobre 50% do território municipal e com previsão de concluir a soltura dos wolbitos até abril.
O método Wolbachia, apresentado como uma política pública após anos de pesquisa, consiste na introdução da bactéria Wolbachia nas fêmeas do mosquito Aedes aegypti. Essa bactéria impede que o mosquito transmita os vírus da dengue, zika e chikungunya, oferecendo uma solução natural e sustentável para o controle das arboviroses.
Avanços na cobertura
Desde agosto do ano passado, mosquitos infectados com Wolbachia, chamados de “wolbitos”, vêm sendo liberados em áreas prioritárias de Foz. Segundo Diogo Chalegre, líder de relações institucionais da Fiocruz, a cobertura atual de 50% do território já apresenta resultados animadores.
“Estamos discutindo com a Secretaria Municipal de Saúde a extensão das liberações para cobrir 100% da cidade. Quanto maior for a presença de wolbitos no território, maior será o impacto na redução da transmissão de arboviroses”, explicou Chalegre. Ele destacou ainda que Foz do Iguaçu, Londrina e outros municípios no Paraná são exemplos de sucesso para a expansão do método em nível nacional.
Referência estratégica
Rivaldo Venâncio da Cunha, secretário adjunto do Ministério da Saúde, ressaltou a importância de Foz do Iguaçu no contexto nacional, especialmente por sua localização na tríplice fronteira. “Estamos numa região com fluxo turístico intenso, o que exige um olhar diferenciado. A experiência em Foz tem sido exitosa e servirá de inspiração para outras localidades do Brasil”, destacou.
O método, segundo Rivaldo, representa uma mudança de paradigma, já que, ao invés de eliminar o mosquito, promove-se sua reintrodução com a bactéria que impede a transmissão de doenças. “As pessoas podem ficar tranquilas. A Wolbachia já está presente em cerca de 60% dos insetos na natureza e não representa riscos à saúde humana ou ao meio ambiente”, garantiu.
Resultados preliminares indicam que a estratégia é eficaz, mas leva tempo para surtir efeito pleno, já que as futuras gerações do Aedes aegypti herdam a bactéria naturalmente. “Esse é um método autossustentável, que vai trazer impactos positivos significativos”, afirmou Rivaldo.
Parcerias locais e visão de futuro
O secretário municipal de Saúde, Fabio de Mello, enfatizou a importância do trabalho conjunto entre o município, o Governo do Paraná e o Ministério da Saúde e com parceria da Itaipu Binacional. “Essa reunião reflete os esforços da gestão do prefeito Silva e Luna para controlar a dengue. Estamos reforçando ao Ministério nosso desejo de ampliar o projeto para 100% do território de Foz do Iguaçu, já que os resultados preliminares são promissores”, afirmou.
Fabio destacou que o método começou como um projeto de pesquisa, mas hoje é uma ação de governo consolidada. “Com a ampliação para todo o município, esperamos observar resultados mais expressivos nos próximos ciclos epidemiológicos, reduzindo significativamente os casos de dengue e melhorando a qualidade de vida da nossa população.”
O secretário também lembrou que o combate às arboviroses é um desafio contínuo, especialmente em uma região como Foz, marcada por altos índices históricos de dengue. “A mudança será percebida no próximo ciclo, mas já temos uma perspectiva concreta de redução de casos no futuro.”
A presença da equipe técnica do Ministério da Saúde em Foz do Iguaçu reforça o compromisso da gestão Silva e Luna de enfrentar os desafios sanitários com base em evidências científicas e inovação. A meta de cobrir 100% do município com o método Wolbachia reflete a importância estratégica da cidade na tríplice fronteira, consolidando-a como referência nacional no combate às arboviroses.