Nesta terça-feira, 25 de março, teve início uma intensa mobilização popular contra o governo de Santiago Peña. As manifestações ocorreram em diversas cidades do país e continuarão a acontecer nesta quarta (26) e quinta-feira (27), com mobilização nacional contra a corrupção e o descaso para com a saúde e direitos sociais.
Em Ciudad del Este, estima-se que 80% dos vendedores ambulantes optaram por não abrir suas lojas e galerias, aderindo ao movimento de protesto. Além disso, taxistas bloquearam grande parte das vias de saída do país, enquanto caminhões de pequeno porte se concentraram na Rota PY02, diminuindo o fluxo de veículos na região.
A decisão de interromper as atividades comerciais foi tomada por grande parte dos trabalhadores como forma de expressar indignação diante do que classificam como corrupção desenfreada do governo. Muitos manifestantes afirmaram que preferiram sacrificar um dia de trabalho para fazer com que suas reivindicações fossem ouvidas. Como resultado, o centro da cidade permaneceu praticamente vazio ao final da mobilização, com os comerciantes retornando para casa após um atendimento reduzido até as 10h da manhã.
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Os protestos contaram com a adesão de diversos sindicatos da região central. Embora as pautas fossem variadas, um dos principais focos de contestação veio de trabalhadores que atravessam diariamente a fronteira com Foz do Iguaçu, denunciando abusos de fiscalização e cobranças indevidas por parte de agentes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Entre os alvos mais criticados pelos manifestantes da fronteira esteve a Direção Nacional de Receitas Tributárias.
Cidades próximas também se juntaram à mobilização. Em Minga Guazú, cidadãos também saíram às ruas para demonstrar insatisfação com o governo. Segundo o site paraguaio La Clave, a presença policial foi significativa durante as manifestações.
Declarações políticas
O senador Rubén Velázquez se posicionou a favor das manifestações, atribuindo a mobilização popular à insatisfação generalizada com a corrupção no governo. Segundo ele, a administração atual falha ao governar em benefício do povo e promove licitações fraudulentas para favorecer grupos estrangeiros. O parlamentar também defendeu a descentralização administrativa, argumentando que o modelo vigente facilita a corrupção dentro das instituições públicas.
Velázquez participou do protesto ao lado dos manifestantes e declarou: “Estamos cansados da corrupção e da influência do narcotráfico na política”. Questionado sobre a possibilidade de o Senado barrar processos de licitação suspeitos, ele afirmou que essa tarefa se torna difícil devido à maioria parlamentar do partido governista.