A morte da estudante Isabelly Baldin, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), gerou forte comoção e mobilização entre colegas e integrantes da comunidade acadêmica. Em nota divulgada na última quinta-feira (20), o Coletivo de Estudantes da instituição expressou solidariedade à família e aos amigos da jovem, e aproveitou o momento para cobrar da universidade mais escuta, acolhimento e medidas concretas de proteção à comunidade estudantil.
Na manifestação, os estudantes afirmam que o falecimento de Isabelly, ocorrido no início da semana, escancarou problemas já conhecidos por parte da gestão, como denúncias de assédio moral, bullying, xenofobia e outras formas de violência enfrentadas por diferentes grupos dentro da universidade. Eles criticam a nota oficial emitida pela reitoria no dia 18 de junho, que, segundo o coletivo, deslegitima os relatos apresentados por estudantes em atos realizados após a perda da colega.
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“A nota repreende a comunidade estudantil por supostas acusações falsas e ignora os testemunhos e denúncias públicas que vêm sendo feitas há muito tempo”, afirma o texto. Os estudantes também rejeitam a insinuação de que as críticas tenham atacado servidores técnico-administrativos da instituição, apontando que a reitoria tenta desviar o foco dos problemas estruturais e de comunicação interna que afetam a permanência estudantil.
O coletivo ainda questiona a publicação da nota institucional no mesmo momento em que a reitora participava da homenagem a Isabelly, o que, segundo os estudantes, contradiz o suposto interesse da gestão em dialogar com a comunidade. “Nos preocupa que um ato tão sensível e humano tenha sido interpretado como um ataque à reitoria”, diz o grupo, que também denuncia o uso indevido de redes sociais em nome dos estudantes.
Apesar das críticas, os estudantes reafirmam o compromisso com o diálogo e a construção de um ambiente mais seguro e inclusivo, especialmente para mulheres, pessoas com deficiência, falantes de espanhol, haitianos, indígenas, afrodescendentes e integrantes da comunidade LGBTQIA+. Eles convocam uma assembleia estudantil para o dia 27 de junho, aberta a todos que desejarem participar da discussão sobre os próximos passos do movimento.
A mobilização, afirmam, surge em resposta ao silêncio institucional diante de um fato tão doloroso. “Isabelly Baldin, presente”, finaliza a nota.
Nota na íntegra
Manifestamos nossa profunda solidariedade diante do falecimento de nossa companheira Isabelly Baldin, enviando um abraço fraterno aos seus familiares, amigos e a toda a comunidade que a conheceu. Neste momento difícil, reafirmamos nosso compromisso de continuar exigindo justiça, proteção e um ambiente seguro para todas e todos os integrantes da nossa universidade.
Rejeitamos a postura expressa na nota oficial da reitoria, publicada na quarta-feira, 18 de junho de 2025, na qual se repreende os estudantes por supostas acusações “falsas” relacionadas à atual gestão institucional e ataques a instituições públicas. Essa posição omite reconhecer as denúncias públicas, os testemunhos estudantis e as decisões evidentes que refletem a realidade que enfrentamos.
A nota da reitoria não aborda a insuficiência e ineficácia das políticas de integração e comunicação dentro da universidade, e ainda insinua falsamente que os estudantes teriam atacado os trabalhadores técnico-administrativos, desviando assim a atenção dos problemas reais.
Além disso, acusa os estudantes de utilizarem o falecimento de Isabelly para gerar inimizade contra a universidade, minimizando as denúncias legítimas de assédio moral, bullying, xenofobia e outros abusos expressos em 17 de junho de 2025.
Lamentamos que a reitoria tenha optado por esse caminho de repressão e negação, em vez de acompanhar e apoiar a comunidade acadêmica neste momento de dor.
Rejeitamos enfaticamente a nota emitida e reiteramos a convocação para a assembleia estudantil que será realizada em 27 de junho de 2025, aberta a todas e todos os estudantes que desejarem participar.
Surpreende-nos que essa nota tenha sido divulgada pela SECOM simultaneamente à presença da reitora na homenagem a Isabelly, que supostamente estava para dialogar com a comunidade estudantil.
Apesar dessas circunstâncias, mantemos nosso compromisso de diálogo construtivo e respeitoso para abordar as problemáticas que enfrentamos como estudantes, muitas das quais afetam de forma particular: pessoas com deficiência, mulheres, falantes de espanhol, haitianos, indígenas, comunidades afrodescendentes e LGBTQ+.
Embora a universidade promova a integração, é evidente que ainda não garante um espaço seguro para todos.
Essa mobilização surgiu como resposta ao silêncio institucional diante de um fato tão comovente e doloroso. Por isso, levantamos nossa voz em homenagem a Isabelly e convocamos à reflexão coletiva sobre a situação atual.
Nos preocupa que um ato tão sensível e humano tenha sido interpretado como um ataque à reitoria.
Advertimos também sobre o uso indevido das redes sociais em nosso nome, que possa contrariar o propósito de unidade e respeito que buscamos.
Finalmente, fazemos um chamado para não nos deixarmos intimidar por notas ameaçadoras e para continuarmos unidos na defesa de nossos direitos.
Todxs para a assembleia estudantil!
Isabelly Baldin, presente!
Coletivo de Estudantes da UNILA
20 de junho de 2025
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