A Prefeitura de Foz do Iguaçu apresenta nesta terça-feira (17) os resultados do primeiro censo municipal da população em situação de rua, realizado entre 19 e 31 de agosto. O levantamento, conduzido pela Secretaria de Assistência Social com apoio do CIAMP (Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento) e universidades, identificou 589 pessoas vivendo nas ruas da cidade.
Segundo o secretário de Assistência Social, Alex Thomazi, o estudo supre uma deficiência dos dados oficiais disponíveis até agora. “Os dados do CadÚnico não traziam a transparência efetiva que precisávamos para tomar decisões. Com o censo, vamos ter base concreta para políticas públicas integradas. É um ecossistema de gestão planejada”, afirmou.
Perfil dos entrevistados
A maioria dos entrevistados é composta por homens cisgênero (489), enquanto mulheres cis representam 53. Também foram identificados dois homens trans, duas mulheres trans e duas pessoas travestis. Em 27 casos, o gênero não foi informado.
Na distribuição por idade, predominam adultos jovens, seguidos de 41 idosos. Quanto à cor ou raça, 321 se declararam pardos, 139 brancos, 79 pretos, 8 amarelos e 2 indígenas.
Mais da metade dos entrevistados declarou não consumir álcool (56,9%), enquanto 43,1% afirmaram fazer uso. No caso das drogas psicoativas, 31,2% disseram consumir.
Concentração territorial
O mapeamento espacial mostrou que a maior concentração de pessoas em situação de rua está na região oeste, em torno da Casa de Acolhimento 3 (25 registros). Outra área de destaque é o leste da cidade, onde está localizado o Centro Pop (32 registros), ponto de referência para atendimento e acolhimento.
Na região norte, o levantamento identificou concentração menor, em torno da Casa de Acolhimento 2 (14 registros). Já as regiões Sul, Nordeste e Rural apresentaram baixa incidência, com poucos casos dispersos.
Segundo a secretaria, essa distribuição mostra que a população em situação de rua tende a se concentrar nas áreas onde há serviços de assistência social disponíveis.
Origens e tempo nas ruas
O censo também revelou que a maioria das pessoas em situação de rua é oriunda de outros estados (210) e de municípios do Paraná (193). Apenas 148 declararam ter nascido em Foz do Iguaçu. Outros 97 vieram de fora do país, número significativo para uma cidade de fronteira.
Quanto ao tempo de permanência nas ruas, 180 pessoas afirmaram viver nessa condição há mais de 15 anos. Outros grupos expressivos indicaram estar entre 5 e 10 anos (77 pessoas) e entre 10 e 15 anos (72 pessoas).
Referência para o Paraná
Com a conclusão do estudo, a metodologia desenvolvida em Foz passa a ser referência para outros municípios. O sistema ConectaFoz, criado pela Prefeitura, foi solicitado pela Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania e será adotado em 50 cidades, que concentram 90% da população em situação de rua do Paraná.
Para o secretário, o levantamento marca um avanço na gestão pública local. “Antes, tínhamos uma fotografia borrada, com dados imprecisos. Agora temos clareza para tomar decisões com transparência e objetividade”, concluiu.
A apresentação dos dados será detalhada a partir das 8h, no salão de reuniões da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu.

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