O enfrentamento à venda e ao consumo de bebidas descaminhadas, falsificadas ou adulteradas é uma bandeira histórica da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), que reforça o alerta às autoridades após os casos de intoxicação registrados em São Paulo, que resultaram em pelo menos três mortes e diversas pessoas com problemas de visão. O Paraná ainda apresenta um agravante: é rota de contrabando de bebidas vindas da Argentina e do Paraguai.
O metanol, substância altamente tóxica e proibida para uso em bebidas, foi identificado como o agente contaminante nos casos registrados em São Paulo. Especialistas afirmam que o produto pode causar lesões irreversíveis no fígado, cérebro e nervo óptico, comprometendo a visão e podendo levar à morte. Uma das vítimas relatou cegueira temporária após consumir gin adulterado; outra permanece em coma. A terceira morte foi confirmada nesta segunda-feira (29).
“Nós estamos lutando há muito tempo por essa causa. Em junho, foi protocolado na Assembleia Legislativa um projeto de lei, apresentado pelo deputado Requião Filho (PDT), que cria o selo ‘Bebida Legal’ para os estabelecimentos que comercializem apenas produtos com procedência conhecida e reconhecida”, afirmou Fábio Aguayo, presidente da Abrabar, entidade filiada à Confederação Nacional do Turismo (CNTur).
O líder classista acompanhou nesta segunda-feira (29), ao lado de Requião Filho, o andamento da proposta, que está tramitando nas comissões permanentes da Assembleia Legislativa, com possibilidade de ser votada em Plenário ainda nesta semana. “Com esse projeto, sugerido pela Abrabar, o Estado passará a contar com uma lei que visa à identificação da procedência das bebidas alcoólicas comercializadas e consumidas no Paraná”.
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Apoio amplo
A proposta também conta com o apoio dos deputados Gilberto Ribeiro, Tito Barichello, Goura, Arilson Chiorato e das deputadas Ana Júlia, Cristina Silvestri, Luciana Rafagnin e Soldado Adriano José. “Somos um grande corredor, infelizmente, do Paraguai e da Argentina, não apenas de bebidas contrabandeadas e descaminhadas, mas agora também adulteradas e falsificadas”, alertou Aguayo.
Na avaliação do presidente da Abrabar, é fundamental proteger a saúde pública dos consumidores e também os empresários que atuam de forma legal, comercializando produtos com nota fiscal e procedência comprovada. “Estamos buscando o bem comum para todos e evitando que o crime organizado tome conta deste importante mercado, que é o da gastronomia e do entretenimento”, disse.

Segurança jurídica e social
Segundo Aguayo, o projeto vai ao encontro do desejo de todo cidadão e consumidor: saber o que está bebendo, especialmente diante dos altos riscos à saúde. “Com uma lei que garanta a procedência, teremos segurança jurídica e social sobre o que está sendo comercializado no Paraná”, concluiu.
Dados compilados pela Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) indicam que 36% dos destilados vendidos no país são adulterados. Um estudo da Euromonitor International aponta que o Brasil deixou de arrecadar R$ 28 bilhões em 2024 devido ao mercado ilegal de álcool. Já o Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que o comércio ilegal de bebidas falsificadas gerou um impacto financeiro de R$ 56,9 bilhões em 2022.
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