A pesquisadora Lina Paula Machado Magalhães, doutora pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), foi reconhecida com o Prêmio Capes de Teses 2025 na área de Planejamento Urbano e Regional por um trabalho que lança luz sobre a realidade das mulheres migrantes que vivem e trabalham entre Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai).
O estudo, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental (PPGPlan) da Udesc Faed, analisa as desigualdades enfrentadas por essas mulheres que cruzam diariamente a fronteira em busca de sustento. Muitas delas atuam no comércio informal, em condições precárias e sem acesso a direitos básicos como saúde, educação e proteção social, devido à falta de documentação e ao reconhecimento limitado por parte das políticas públicas nacionais.
A tese evidencia ainda a sobrecarga histórica das mulheres paraguaias, marcada pela ausência de apoio masculino e pela negligência estatal. Diante desse cenário, Lina propõe a criação de políticas públicas transnacionais de cuidado, que ultrapassem as fronteiras físicas e administrativas e reconheçam o trabalho informal e doméstico como dimensões essenciais da cidadania.
A pesquisadora defende que o planejamento urbano das cidades gêmeas deve incorporar a perspectiva de gênero e da mobilidade feminina, garantindo segurança, acolhimento e acesso a serviços públicos para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Além da produção acadêmica, Lina atua no Observatório das Migrações de Santa Catarina, vinculado à Udesc, que desenvolve projetos sociais voltados a migrantes e refugiados — como cursos gratuitos de português e capacitação de servidores públicos. O grupo também mantém parcerias com o Tribunal Regional do Trabalho em ações de enfrentamento ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas.
A pesquisa foi orientada pela professora Gláucia de Oliveira Assis (Udesc) e coorientada pela professora Carmen Gregorio Gil (Universidade de Granada, Espanha). Atualmente, Lina realiza pós-doutorado na Udesc, aprofundando seus estudos sobre violência de gênero e expropriação territorial nas regiões de fronteira.
A conquista reforça a relevância da fronteira trinacional como território de estudo e intervenção social, destacando o protagonismo das mulheres de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este na construção de alternativas para uma mobilidade mais justa e humana.
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