Abrabar faz apelo à Prefeitura de Curitiba por mais prazo a empresários e trabalhadores do Largo da Ordem

São 80 famílias que dependem de pessoas que trabalham nos bares. Seis estabelecimentos serão desapropriados amanhã, muitos não tem para onde ir

agua cortada
Print da ordem para cortar a água e buraco iniciado na calçada, antes de funcionários da companhia de saneamento serem impedidos de prosseguir (Fotomontagem: Abrabar)

A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) fez um apelo público nesta segunda-feira (13) à Prefeitura de Curitiba e à Procuradoria-Geral do Município (PGM), pedindo mais prazo e diálogo antes do cumprimento da ordem de desapropriação de imóveis no Largo da Ordem, região histórica no centro da capital paranaense. Os empresários não conseguiram cassar a liminar e terão que cumprir a determinação.

Seis estabelecimentos de gastronomia e entretenimento foram surpreendidos com a interrupção do fornecimento de água, após equipes da Sanepar retirarem os hidrômetros dos imóveis. A ação ocorre um dia antes da data prevista para o cumprimento da ordem de desapropriação por um oficial de Justiça, marcada para esta terça-feira (14).

Segundo a Abrabar, aproximadamente 80 famílias dependem diretamente do funcionamento desses bares. A entidade alerta que muitos empresários não têm outro local para se instalar e temem a inviabilização definitiva de seus negócios. “Gostaria de fazer um apelo à Prefeitura e à PGM para que suspendam temporariamente o cumprimento da desapropriação”.

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“São seis estabelecimentos e muitos deles não têm para onde ir. Vão retirar seus equipamentos e levar para onde?”, questionou o presidente da Abrabar, Fábio Aguayo. “Sabemos que a Prefeitura tem seus prazos, mas pedimos bom senso. Uma pequena extensão desse prazo pode fazer toda a diferença para essas famílias”, reforçou.

Antes da ordem judicial

Empresários relataram à Abrabar que a retirada dos hidrômetros foi realizada antes da expedição de ordem judicial específica para o corte, o que, segundo um dos comerciantes, pode configurar abuso de autoridade. “Cheguei de manhã e minha água estava cortada, sem que eu devesse nada. Não devo sequer uma fatura à Sanepar. Isso é passar por cima dos direitos de um cidadão que paga seus impostos”, declarou uma empresária em vídeo enviado à entidade.

Outro comerciante afirmou, em áudio, que teve o hidrômetro retirado por determinação da Prefeitura. “Arrancaram meu relógio de água antes da ordem judicial. É um absurdo. Tenho o print da ordem, e ela não autorizava essa ação antecipada.”

Segundo os empresários, se a ação tiver ocorrido fora do prazo legal ou sem a devida autorização judicial, pode caber pedido de indenização por danos morais e materiais. Após muito diálogo, os funcionários da companhia foram embora hoje.

Ampliação do Memorial

A Prefeitura de Curitiba está em processo de desapropriação de imóveis no Largo da Ordem como parte do projeto de expansão do Memorial de Curitiba. Cinco imóveis fazem parte da ação, com negociações de indenização em andamento com os respectivos proprietários.

Apesar do projeto urbanístico, a medida causou apreensão entre os comerciantes locais, que temem perder o sustento de suas famílias e funcionários. A Abrabar reforça que não se opõe ao desenvolvimento da cidade, mas pede diálogo, transparência e tempo razoável para que os empreendedores possam se reorganizar. “Fica aqui nosso apelo por justiça e bom senso. Contamos com vocês”, finalizou Aguayo.


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