Durante a semana do Dia das Crianças, a Polícia Penal do Paraná (PPPR), por meio de sua regional administrativa de Foz do Iguaçu, alcançou uma marca expressiva: mais de 4 mil amigurumis confeccionados por pessoas privadas de liberdade (PPL) foram distribuídos a crianças de instituições educacionais, assistenciais e de saúde no município.
A iniciativa tem como objetivo promover solidariedade, trabalho em equipe e responsabilidade social. Para os custodiados, participar do projeto representa a oportunidade de contribuir positivamente com a sociedade, mesmo durante o cumprimento de pena. A ação fortalece vínculos sociais, resgata a autoestima e reforça o sentimento de cidadania e pertencimento.
Os projetos envolvidos na confecção foram o Amigurumi Solidário e o Tecendo o Bem. O primeiro contou com a participação de 450 internos, sendo 350 da Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu III – Unidade de Progressão (PEF III-UP) e 100 da Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu I (PEF I), responsáveis pela confecção de 4 mil unidades. Já o projeto Tecendo o Bem, desenvolvido na PFF-UP, teve a participação de 60 custodiadas, que produziram mais 500 amigurumis. Ambos são realizados em parceria com o Conselho da Comunidade e a Vara de Execuções Penais de Foz do Iguaçu.
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Ao todo, 20 instituições foram atendidas, entre centros de educação infantil, escolas primárias, projetos sociais, organizações não governamentais e unidades hospitalares. Para esta edição, os personagens escolhidos incluíram o Stitch (do filme Lilo & Stitch) e o ursinho aviador, simbolizando valores como amizade, coragem e pertencimento.
Os amigurumis são confeccionados a partir da técnica japonesa de crochê e tricô, que permite criar figuras tridimensionais de qualquer formato, dependendo da criatividade do artesão. Juntamente com os brinquedos foram entregues mais de 2 mil lanches feitos por apenadas da Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu – Unidade de Progressão (PFF-UP), utilizando insumos fornecidos pelo Conselho da Comunidade.
Para o coordenador regional da PPPR em Foz do Iguaçu, Cássio Rodrigo Pompeo: “cada amigurumi entregue carrega a dedicação e o esforço de pessoas que estão buscando uma nova oportunidade de vida. Esse gesto simples de doação representa muito, tanto para quem recebe quanto para quem produz. É uma troca de esperança e humanidade que mostra o verdadeiro propósito da reinserção social”, destacou.
“Criado em 2022, o Tecendo o Bem é um projeto de reinserção social que proporciona aos internos das unidades prisionais de Foz do Iguaçu a oportunidade de aprender e criar, por meio do trabalho artesanal. A confecção de amigurumis, que são doados a crianças em situação de vulnerabilidade, fortalece a autoestima dos participantes e promove a remição de pena. Reconhecido pelo Selo Sesi ODS, o projeto é um exemplo de como a colaboração entre a comunidade e a Polícia Penal do Paraná pode gerar impacto positivo tanto dentro quanto fora dos presídios”, explicou a juíza de direito titular da Vara de Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios de Foz do Iguaçu, Juliana Arantes Zanin Vieira.
O policial penal José Roberto de Morais, coordenador do Projeto Amigurumi Solidário, destacou o simbolismo da ação: “é muito mais do que a técnica do crochê. Ele é feito de fios, mas sua verdadeira essência está no amor, no cuidado e na empatia que dedicamos. Cada amigurumi é criado para acolher, levar alegria e transformar vidas.
Além de levar alegria às crianças, os projetos também geram benefícios aos custodiados envolvidos. A Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984) prevê a remição de pena pelo trabalho, permitindo a redução do tempo da pena e o desenvolvimento de novas habilidades técnicas e comportamentais. A cada três dias trabalhados, o custodiado consegue remir um dia da pena.
Para Helena Maria Almeida Pasin, gestora da PFF-UP, o impacto é duplo: “Entregar esses bonecos vai além do afeto às crianças que, muitas vezes, têm tão pouco. Para as mulheres privadas de liberdade que confeccionaram as peças e produziram os lanches, é um momento de orgulho e gratidão, pois sabem que, com suas próprias mãos, estão fazendo a diferença na vida de alguém. O artesanato e a culinária tornam-se também uma forma de terapia, que contribui para o bem-estar emocional e o resgate da autoestima, gerando impacto positivo dentro e fora dos muros”, concluiu.
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