A usina de Itaipu, considerada estratégica para a segurança energética do País, também esteve na pauta da reunião, em Brasília.
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, se reuniu nesta quarta-feira (15), em Brasília, com o presidente Jair Bolsonaro. Foi a primeira reunião dele, este ano, com o presidente e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e a quinta desde que tomou posse na binacional, em fevereiro de 2019. O tema principal do encontro foi o atual cenário geral de energia elétrica, o que incluiu Itaipu, considerada estratégica para a segurança energética do País.
O presidente Bolsonaro elogiou a gestão de Silva e Luna, em especial o protagonismo do general na negociação da contratação, a longo prazo, da potência de Itaipu pela Eletrobras e Ande (estatal paraguaia), o que não ocorria havia dez anos. O acordo, que possibilitou maior previsibilidade para que a empresa honrasse recursos, como pagamento da dívida e royalties, foi em ambiente altamente saudável, já sinalizando a boa vontade do Brasil e do Paraguai para as futuras negociações do Anexo C do Tratado de Itaipu, que será revisado em 2023.
Bolsonaro, que esteve duas vezes em Foz do Iguaçu (PR), em 2019, para a posse do general, em 26 de fevereiro, e no lançamento da pedra fundamental da construção da Ponte da Integração, em maio, ficou bastante satisfeito com as informações repassadas por Silva e Luna. Ele pediu prioridade e acompanhamento permanente de todos os projetos importantes iniciados ou anunciados.
O general informou ao presidente que as obras da Ponte da Integração estão num ritmo adiantado e que o cronograma de três anos, inicialmente previsto para a conclusão da ligação, pode até mesmo ser antecipado. A construção está sendo acompanhada dia e noite pelos técnicos da usina. A gestão é do governo estadual.
A Ponte da Integração é um dos principais resultados da realocação de recursos promovidas na gestão de Silva e Luna, que suspendeu convênios e patrocínios sem adesão à missão da empresa e reduziu o orçamento de Itaipu para 2020. As medidas resultaram em economia de R$ 600 milhões para aplicação em obras fundamentais para a região, o que inclui também a duplicação da pista de pousos e decolagens do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.
Somente na ponte, serão investidos ao longo da construção R$ 463 milhões, considerando projetos de estrutura, as desapropriações e a construção de uma perimetral no lado brasileiro. O investimento será diluído ao longo do orçamento dos próximos três ou quatro anos, sem onerar a tarifa de Itaipu, para não prejudicar o consumidor brasileiro.
O presidente também quis saber mais detalhes sobre o fechamento do escritório de Itaipu em Curitiba, medida que foi elogiada por Bolsonaro. Até sexta-feira (17), todas as atividades do escritório na capital paranaense serão encerradas. O processo de transferência dos 97 empregados para Foz do Iguaçu, sede da usina, começou em julho do ano passado.
Com a concentração dos empregados em Foz do Iguaçu, o principal ganho é em eficiência, já que o corpo funcional vai atuar junto o tempo todo, sem necessidade de locomoção de uma cidade para a outra. Mas também permitirá uma economia significativa de recursos, como os gastos com o aluguel do prédio e em passagens e estadias dos empregados que faziam frequentes viagens de Foz a Curitiba e vice-versa. Cálculos feitos pela área financeira da Itaipu mostram que a economia acumulada com o fechamento, até 2023, atingirá R$ 7 milhões.
À semelhança do Brasil, a margem paraguaia de Itaipu também pretende concentrar cada vez mais as atividades na vizinha Hernandárias, sede da usina no lado paraguaio, reduzindo o número de empregados no escritório de Assunção. O Anexo A do Tratado de Itaipu prevê que, além das sedes em Foz do Iguaçu e Hernandárias, a empresa manteria escritórios em Brasília e Assunção. Mas, durante as obras de construção da usina, a partir de 1975, foram criados escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, para facilitar o desembaraço de peças adquiridas pela usina. Os escritórios do Rio e de São Paulo foram desativados na década de 1990, mas não o de Curitiba.
Investimentos sociais
Silva e Luna contou ao presidente e ao ministro que, com a realocação de R$ 600 milhões, Itaipu pôde ampliar em quase três vezes os investimentos no desenvolvimento social, econômico, turístico e cultural da região Oeste do Paraná. Em 2018, os recursos aplicados nessas áreas pela usina somaram R$ 103,7 milhões; em 2019, o valor passou para R$ 252,4 milhões, com impacto direto na qualidade de vida e na geração de emprego e renda para milhares de pessoas.
Além das obras na ponte e no aeroporto de Foz do Iguaçu, Itaipu alocou mais recursos em projetos de meio ambiente e responsabilidade social, beneficiando toda a área de influência do reservatório. Os gastos no apoio à implantação da Coleta Solidária, por exemplo, aumentaram de R$ 3,2 milhões, em 2018, para R$ 15,8 milhões, no ano passado. Já o investimento em moradias populares para famílias em situação de vulnerabilidade e risco social foi ampliado de apenas R$ 25,5 mil, em 2018, para R$ 5 milhões, cerca de 300 vezes mais.
Na área da saúde, a Itaipu investiu R$ 34,4 milhões no Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), em 2019, pouco mais da metade do total de R$ 64,7 milhões que serão aplicados na reforma e ampliação da estrutura física da unidade de saúde, a mais importante de Foz do Iguaçu e região. Ao final dos trabalhos, o número de leitos do hospital passará de 202 para 260, com aumento das salas cirúrgicas, construção de um novo laboratório de análises clínicas e expansão dos serviços de quimioterapia e radioterapia, entre outras melhorias e avanços.