Saci-pererê contra o Apocalipse

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Um texto do Rogério Bonato, direto do cativeiro para o GDia

O Apóstolo João, autor do quarto evangelho, escreveu as epístolas 1, 2, e 3, e também o livro do Apocalipse. Ele seria o mais novo dos 12 discípulos, e foi o que mais viveu, até os 94 anos. Sua densa visão metafórica descreveu os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, a Peste, a Guerra, a Fome e a Morte. O surgir dessas figuras dantescas, nos levariam ao Armagedom, o que representaria o fim da humanidade.

No atravessar de dois milênios, de João (103 D.C.), até os dias atuais, dezenas de ocorrências fizeram o homem acreditar que o fim estaria próximo; doenças, terremotos, tsunamis, erupções engoliram cidades, e, mais recentemente, os conflitos mundiais, explosões atômicas, enfim, a insensatez nos leva a crer que o Apocalipse, de fato, um dia ocorrerá.

Para expor e clarear o meu pensamento, sou forçado a escrever na primeira pessoa, porque não vejo histeria coletiva, ou exagero da imprensa e autoridades; não consigo vislumbrar o extermínio e suas sentenças, nas versões da religiosidade. Vejo apenas a verdade, por meio da lógica, ciência e depoimentos das mais brilhantes mentes do planeta.
Mas por outro lado, em muitos, abriu-se, foi, uma fenda imaginária e por ela saltaram os quatro cavaleiros, e, seus corcéis soltando fogo pelas ventas, esfregando os cascos na população indefesa. Uma esmagadura de oito bilhões de almas, com idosos, doentes e debilitados ceifados primeiro, a amostra apavorante do poder e impiedade! Quem se dá com uma miragem dessas, acredita que o mundo está para acabar.

Se de fato, os quatro cavaleiros estão saracutiando entre nós, serão facilmente identificados; são eles o Covid-19, a Influenza, a Dengue e a mais terrível e medonha das pragas, a Ignorância!

Em raros momentos o planeta se uniu em um único pensamento, e, nunca foi tão necessário desabrochar um senso coletivo de organização, investimentos, inteligência e criatividade. Parece um treino, para em algum momento, nos defendermos de uma invasão alienígena! O caso é que no meio desse esforço, o maior inimigo não é a doença, por mais contagiosa e desconhecida, é a dissonância, por parte dos incrédulos e a necessidade de escolher entre a saúde e o dinheiro, com a subsistência da economia, falando mais alto que a vida.

Não vou contribuir com a dissonância, defendendo um dos lados. Mas não seria o caso esperar mais um pouco, porque os colapsos monetários podem ser controlados, a sanidade humana não. De onde é que surgiu essa pressa? Em breve será possível realizar os testes para o coronavírus e pode ser, encontrem uma forma de tudo voltar ao normal; não vai demorar, sairão os resultados do nosso esforço, e, isso, pode ser, nos confortará.

O presidente Bolsonaro, naturalmente, vê pela frente um desastre sem precedentes e, se para ele, é difícil governar na normalidade, imagina depois dessa crise? Vai ver, é por isso, se comporta assim, ofegante, querendo atropelar o vírus como fosse resfriadinho. Ele é o timoneiro, mas somos a tripulação, e o correto seria se aconselhar. A teimosia e o desespero, nublam a visão e em situação assim, surgem icebergs. Pestanejar é um perigo!

É difícil entender a postura de alguns líderes, como o fez Bolsonaro ao anunciar bilhões na luta contra o covid-19 e no dia seguinte, se comportar como uma pipa se rabo. Mas há situações mais preocupantes, como o comportamento do presidente mexicano, que aconselhou beijos, abraços, o povo nas ruas; parecia ser mais louco que o Batman, mas retrocedeu. Muitas opiniões avançarão e recuarão durante essa guerra contra um ser microscópico.

Com bom senso, respirando fundo e obedecendo a ordem mundial, afastaremos rapidamente e de relho, os carinhas apocalípticos; nem que para isso, seja necessário convocar os nossos guardiões, Saci-Pererê, Curupira, Mula-Sem-Cabeça e a Mãe-d’água. Mesmo em tempos de coronavírus, o humor é imprescindível, porque advém do ócio criativo, do cativeiro necessário e que faz bem à saúde coletiva. Quero com isto dizer, que fazendo as coisas corretamente e com a cabeça no lugar, tudo vai passar.

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