Perdemos Carlos Molina

carlos molina

No dia em que completaria 61 anos de idade, 1º de abril, Carlos Molina nos deixou após dias de muita luta em um leito de UTI em Curitiba.

Defensor da liberdade de expressão e de todas as formas de manifestações culturais, religiosas e afins, Molina chegou ao Paraná nos anos de chumbo da ditadura militar que tanto o perseguiu em São Paulo e construiu no movimento estudantil sua resistência aquele período de dificuldade.

Molina estava internado em um hospital, onde passou seus últimos dias e faleceu na madrugada desta quarta-feira (1º de abril). Seu corpo será velado das 12h às 16h30 no Cemitério Municipal de Curitiba e em seguida será cremado, atendendo pedido do próprio.

Na campanha das Diretas Já, em 1984, Molina integrou um grupo improvável em Curitiba e ajudou a organizar, na Vila N.S. da Luz, o primeiro comício do Brasil pelo direito a votar para presidente.

O blog se solidariza com a família neste momento difícil.

Abaixo dois textos, de Maria Letiza, do jornalista Fábio Campana e do deputado estadual Luiz Claudio Romanelli, que respectivamente dão uma ideia da dimensão do que representou o amigo.

Dia enigmático

“Dia 01 de abril é um dia enigmático, dito dia da mentira. Ele não poderia fazer seu desfecho nessa data, pois era autêntico, teimoso e idealista e não combinava com mentira. Então, fez de março o seu mês e assim como as águas que fecham o verão, nosso pai Carlos Molina fechou seu ciclo”.

Maria Letizia

Lágrimas pelo Molina

A Teresinha Marfurte me informa que o nosso amigo Carlos Molina morreu. A tristeza me invade e não consigo conter o choro. Sabia que ele estava internado, que seu quadro era grave, mas nunca estou preparado para aceitar a morte. Molina era um sábio que habitou entre nós, um analista/ativista político de grande perspicácia e espírito combativo. Crítico sagaz e contundente. Uma inteligência bruta. Ao mesmo tempo doce amigo que um dia me disse que gostava era de conviver com as pessoas simples, com a natureza, investigando bichos e plantas e extraindo poesia em suas caminhadas. Foi-se o Molina e novamente sinto aquele vácuo, a ausência, a perda de um amigo que me chamava de urso e de quem eu gostava mesmo quando nos estranhávamos nos embates de ideias. Vai fazer falta o Molina.”

Fábio Campana, jornalista

“Nosso Camilo Cinfuegos”

Recebi a triste notícia do falecimento do Carlos Molina. Quem assim como eu o conheceu, pôde ter a convivência de um militante autêntico, perspicaz, crítico e contundente na defesa dos ideais de democracia e justiça social – que num momento mágico de nossas vidas compartilhamos. Sempre o chamei de Camilo Cinfuegos, revolucionário que, com seu sorriso sincero, entrou para a história como um dos mais combatentes da revolução cubana, do qual ele era admiradores.

Ao mesmo tempo, Molina era um ser humano solidário, grande pai e avô, amigo e certamente aquilo que foi a sua grande marca, um lutador incansável pela nossa democracia. E vejam só que data emblemática Molina foi nos deixar: o 1º de Abril, data em 1964 culminou o Golpe Militar que instalou uma ditadura de 21 anos que Molina combateu.

A partida do Molina certamente nos deixa tristes, mas toda a sua trajetória de vida nos inspira a continuar a luta por um Brasil mais justo e democrático.

Luiz Claudio Romanelli, deputado estadual


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