Morre Irineu Basso, pioneiro de Foz do Iguaçu

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Faleceu nesta sexta-feira (17), o pioneiro iguaçuense Irineu Basso. A informação foi confirmada pela filha, Lígia Basso: “É com imensa dor e tristeza que informamos o falecimento do nosso amado pai, avô e bisavô, Irineu Basso”.

“Nossa família compreende o não comparecimento de seus amigos na cerimônia onde ele será velado, devido à quarentena de isolamento social para a contenção da pandemia. Na sequência informaremos o horário do velório”, completou Lígia.

O velório do pioneiro será a partir das 18h na Loja Manoel Ribas. Em função da Pandemia do novo Coronavírus, será obedecido um protocolo limitando a 10 pessoas por vez e uso obrigatório de máscara e outras proteções pessoais e coletivas.

Biografia
Em 2007, quando o município completou 93 anos, a Câmara de Vereadores fez uma sessão especial em homenagem a Irineu Basso e outros pioneiros iguaçuenses. Na ocasião, seu Irineu destacou o ato e a homenagem em rever muitos que há tempos não via.

“Aqui estou reencontrando diversos amigos antigos que também são pioneiros, então este dia aqui é um dia que não vou esquecer nunca. Nasci em Foz do Iguaçu, que era uma cidade nos anos 40 muito agradável, quando ainda criávamos animas em casa. Sinto muita saudade desta época, mas o progresso teve que acontecer. Meu pai era comerciante, foi o fundador da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu e do Sindicato Rural. Então a minha família trabalhou muito para o progresso do município”, contou.

Irineu Basso era casado com dona Iolanda, que faleceu em 2012, e filho de Pedro e Assumpta Maria Basso, família que chegou em Foz do Iguaçu em 1934 e começou a tocar uma pensão que recebia principalmente turistas argentinos.

Depois a família abriu um estabelecimento comercial que vendia de tudo, até abrir o Cine Star, em 1951. A lendária sala de exibição de filmes na Avenida Brasil sobreviveu até 1980, em frente à Travessa Oscar Muxfeldt.

Em um registro da jornalista Elaine Rodinski Mota Mello, para a edição nº 12 da Revista Cabeza, de julho de 2003, Irineu Basso contou que na época da inauguração, praticamente toda população de Foz do Iguaçu cabia dentro do cinema.

Foto: Gentileza

A jornalista Cris Loose, amiga da família, prestou uma homenagem ao pioneiro, reproduzida na íntegra abaixo:

“O “indomável” descansou. Foi almoçar com os velhos amigos em outro plano. Tomara que tenha a “parmeggiana” que ele tanto gostava por lá.
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Seu Irineu Basso e tudo e todos que envolvem a figura dele são os melhores presentes que a vida me deu. Costumo dizer que foi a herança que meu velho me deixou.
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Seu Irineu falava do meu pai, dos meus tios… o “indomável” falava de todo mundo. E comia bem. Não sabia cozinha nadica, mas tinha que ficar vistoriando as panelas dos outros. Sabia dos melhores lugares para comer (…. poutzzz… era como ele elogiava) e reclamava de um outro tanto.
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Reclamava quando a gente não ía visitá-lo, inventava desculpas para ir de lá pra cá, e quando ficava de saco cheio, ía para casa ou mandava todos pra casa.
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Seu Irineu, não vamos mais encontrar aquele bilhete escrito “Já volto” na varanda da sua casa. Mas vamos continuar falando e lembrando do senhor, seja na Boca-Foz Irineu Basso, seja nos almoços ou nos nossos encontros.
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Descanse, “Indomável”. Fique em paz. Obrigada por ter feito parte da nossa história história e das nossas vidas.
Beijo, véio!
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Pra todos nós que já estamos com saudades, força! Lígia Basso, Rosan Basso, Irineu Basso, Rogério… força! Estamos longe, mas estamos todos com vocês.”

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O jornalista José Gilberto Maciel dedicou uma crônica da sua relação com o Cine Star criado pela Família Basso

Uma proposta irrecusável

Vocês não sabem o quanto foi arrebatador assistir Cinema Paradiso de Giuseppe Tornatore, o que reforçou a paixão pelo cinema italiano, sua carpintaria e seus personagens. Era algo tão próximo de mim, da infância, das atitudes de família, um pouco do jeito dos moradores da cidade e de seus personas.

Muito antes de saber ler e escrever, coisa que aprendi fácil entre os seis e sete anos na escola Jorge Schmimelpfeng, o antigo Centro, eu já ia ao cinema. O Cine Star ficava ali na Avenida Brasil, atual loja Arapuã, entre as ruas Quintino Bocaiúva e Edmundo de Barros.

Uma aventura nas matinês de domingo. As irmãs, Marlena e Marely, tomavam conta de mim. Desde o primeiro filme, um faroeste, sobre índios que passavam fome no inverno e que lutavam contra os ‘mocinhos’, invadiam o forte e queimavam tudo, para uma criança, como eu, no fim do mundo, de quase tudo, o escuro, uma telona e a projeção em uma língua que sequer entendia qualquer palavra e as legendas que nem sabia o que podia significar, nem precisa dizer que o impacto foi muito grande.

Fiquei tão inebriado que somente anos depois, Woody Allen descreveu parte dessa sensação em A Rosa Púrpura de Cairo. Os primeiros filmes foram as primeiras viagens alucinantes sem qualquer tipo de aditivo alucinógeno que consumi, bem mais tarde, em quantidades avassaladoras. É uma sensação que perdi agora e, insistentemente procuro, a cada início da próxima sessão.

Eu só tinha esse tipo de viagem nos meus sonhos e pesadelos que desde a infância tomam contas da noite e até hoje marcam e intrigam.

As sessões do Cine Star eram diárias à noite, às 20h, não se tinham até os 70, as sessões duplas. O cinema era da propriedade da família Basso, dos irmãos Irineu e Vitório – filhos de Pedro Basso que construiu e inaugurou o cinema no final dos anos 50. Corrijam se estiver errado. Irineu era torcedor do Flamengo e Vitório do ABC, time do meu pai, do irmão Walmor e de toda família.

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