Em transmissão na internet, médicos do Hospital Municipal alertam para os perigos da automedicação

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Fábio Marques (esquerda) e Luiz Fernando Zarpelon durante transmissão ao vivo no Facebook da Prefeitura de Foz do Iguaçu

Os perigos que a automedicação representam para a saúde ganhou destaque na semana em que a medicação preventiva viralizou nas redes sociais de forma indiscriminada e anunciada em alguns municípios como solução para a pandemia do novo Coronavírus.

Em transmissão ao vivo pela internet, nesta sexta-feira (10), médicos especialistas do Hospital Municipal Padre Germano Lauck de Foz do Iguaçu, reforçaram o apelo feito pela Organização Mundial da Saúde, autoridades mundiais e entidades de saúde.

Embora haja estudos em andamento, não há medicação capaz de prevenir o contágio do vírus causador da COVID- 19, o SARS-CoV-2. 

A afirmação é dos médicos Fábio Marques, diretor técnico  do Hospital Municipal e Luiz Fernando Zarpelon, coordenador do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, em live transmitida pelo Facebook da Prefeitura de Foz do Iguaçu

“Existe sim uma discussão muito intensa nas redes sociais a eficiência de medicamentos preventivos.  Artigos publicados pela Sociedade Brasileira de Pneumologia, de Infectologia e Associação de Medicina Intensiva Brasileira, são bastante claros em afirmar que não existem evidências que o uso de medicamentos seja eficaz na prevenção do coronavírus”, comentou Zarpelon. 

Apesar da confirmação da OMS sobre a ineficácia do uso de medicação preventiva, alguns municípios optaram pela distribuição de kits com medicamentos como hidroxicloriquina, azitromicina e invermectina.  

“Respeito quem deseja prescrever, desde que os riscos sobre o uso dessa medicação sejam transmitidos claramente ao paciente. Nos guiamos por protocolos, por isso entendemos que o uso dessa medicação não representa a cura”, recomenda o médico.

Itajaí e Balneário Camboriú, ambas em Santa Catarina, Porto Feliz (SP) e Cascavel (PR) foram algumas das cidades onde a distribuição da medicação preventiva foi adotada pelo poder público. 

Mas importantes indicadores, como a taxa de letalidade (por número de habitantes) e mortalidade (por número de infectados) mostram-se inertes. “Há um afã de se encontrar um resultado, mas os números são mais frios e mostram outra realidade”, ponderou Marques.

Cidades 

Em Porto Feliz, com uma população de 51 mil habitantes e 351 casos, seis óbitos, a taxa de letalidade do vírus é de 1,71%, e de mortalidade, 11,76%. Em Cascavel, com 324 mil habitantes,  as taxas são de 1,74% e 20,99% respectivamente. 

Ambas cidades adotaram o uso de medicação como profilaxia durante a pandemia. Em Foz do Iguaçu, com a adoção de medidas de contenção, a taxa de letalidade do vírus é uma das menores do país, com 0,95%. 

“Isso demonstra que o enfrentamento adotado aqui na cidade tem sido muito efetivo, com o envolvimento de uma série de atores junto ao poder público, como as universidades, Itaipu Binacional, Hospital Municipal e apoio da sociedade, que tem recebido e seguido orientações para não haver sobrecarga no atendimento”, disse Marques. 

Foz do Iguaçu hoje contabiliza 1.622 de casos, dos quais 1.116 estão recuperados e foram tratados com o protocolo adotado pela cidade. 

Medidas preventivas

Para os ambos os médicos, as medidas preventivas tomadas pelo município como a disponibilização e ampliação do número de leitos de UTI, distanciamento social, isolamento, uso de máscara e álcool gel, testagem de sintomáticos, triagem de contatos, Central de Atendimento por telefone, unidade móvel Covid, vacinação de idosos contra a gripe, habilitação  do Laboratório Municipal para exames PCR e implantação do TELESUS, contribuíram de fato para o controle da pandemia na cidade. 

Os cuidados, segundo eles, permitiram que a cidade ocupasse um espaço privilegiado dentro do quadro nacional na pandemia. “Acho que estamos no platô e numa situação muito confortável, que não conseguiríamos se não tivéssemos essa retaguarda. Se a população tiver adesão a medidas de distanciamento social não vamos precisar do isolamento, mas é preciso que as pessoa compreendam e façam sua parte, continuem tomando as medidas sanitárias necessárias, e evitem a automedicação. Há entendimento que o jogo ainda terminou”, orientou Marques.

As medidas restritivas adotadas pelo município em consonância com o governo do estado, encerram na próxima semana de acordo com o decreto.

Alerta sobre ivermectina e efeitos colaterais

A semana teve ainda um alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, sobre os riscos de tratamentos para o novo Coronavírus que utilizam Ivermectina – remédio indicado para combate de vermes e parasitas como piolhos.

De acordo com a Anvisa, não há comprovação científica de que a droga tenha efetividade no tratamento da Covid-19.

Se por um lado não há comprovações da eficácia do anti-parasitário, por outro lado está documentando os efeitos colaterais e os riscos do uso do medicamento sem prescrição médica, ressaltou a Anvisa.

Por: GDia

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