Adriana Garcia, de Cascavel, buscou uma nova forma de fazer e vender massas caseiras
Diante da crise provocada pelo novo coronavírus, muitas pessoas precisaram realizar grandes mudanças – seja na carreira ou na vida pessoal. Em Cascavel, região oeste do Paraná, Adriana Garcia é um exemplo.
Empreendedora, estava à frente de um coworking e assumia projetos enquanto arquiteta. No começo de 2020, no entanto, se mudou para Portugal a fim de acompanhar o marido, que havia iniciado doutorado. Com os planos de imergir na cultura europeia, Adriana passou a fazer cursos de línguas estrangeiras e investiu em projetos pessoais. Com a pandemia, no entanto, os planos mudaram por completo.
“O doutorado do meu marido teve as aulas e apresentação de teses adiadas. Meus cursos também pararam. Tínhamos a previsão de retornar para o Brasil apenas em julho, mas essa situação adiantou os planos e preferimos voltar antes, até para estarmos mais próximos da família nesse momento difícil”, conta Adriana.
Em março, Adriana retornou ao Brasil. A realidade era diferente daquela que deixou para trás – a empresa estava sendo administrada por outra pessoa e os projetos arquitetônicos tiveram uma queda brusca na demanda. Com mais tempo livre e necessidade de gerar renda, decidiu se descobrir em novas áreas.
“Sempre quis comprar um kit de fazer massas porque gosto muito de cozinhar por hobby. Um dia, no mês de maio, meu sogro apareceu com um conjunto de rolos de macarrão. Foi ‘amor à primeira massa’. Gostei tanto de fazer que, em questão de uma semana, estava assistindo todos os cursos e tutoriais sobre massas que conseguia encontrar na internet”, relata a empreendedora.
Com os cursos e as ideias surgindo a cada momento, Adriana quis ultrapassar as barreiras do “lugar comum”. Por isso, passou a estudar receitas de coloração natural de massas, incluindo ingredientes como beterraba, açafrão, couve, repolho e espirulina azul para obter cores vibrantes. Com as experiências bem-sucedidas, foi além e decidiu aplicar os conhecimentos arquitetônicos e de design nas massas para obter formatos inusitados e divertidos.
“Eu não me contento com o normal e criatividade sempre foi um dos meus motores. Então, quando comecei as fabricar as massas coloridas e divertidas, algumas pessoas começaram a me pedir para comprar, e eu pensei, por que não? Foi aí que a Acquarella Massas surgiu! O nome se dá pelo leque de cores e possibilidades que a massa pode oferecer e a língua italiana é porque foi na Itália que tudo se originou”, explica.
Com poucos meses no mercado, a designer de massas conquistou um público fiel. O processo artesanal exige tempo para os detalhes de execução e acabamento, por isso, as encomendas são limitadas. Mas ela garante: mesmo sendo algo novo, já é preciso controlar a demanda.
“Não tenho concorrência direta. Além disso, por ser um produto de alto padrão com ingredientes naturais e saudáveis, design diferente e extrovertido, consigo agradar crianças e adultos”, destaca Adriana.
O projeto, que começou em meio à crise como algo paralelo que pudesse ajudar a “engordar” a renda o período, agora já é protagonista de planos ambiciosos. Adriana quer manter a Acquarella mesmo depois da pandemia e pretende expandir a produção e o propósito da empresa, que é oferecer refeições alegres e saudáveis para que adultos e crianças possam comer brincando. Uma atitude que, segundo a consultora do Sebrae/PR, Mariana Carvalho, é decisiva para o sucesso dos negócios.
“O primeiro grande destaque da Acquarella é que a empresa já surgiu no mercado com um grande diferencial que não só coloca a empresa em evidência, como gera repercussão e faz com que os clientes comentem sobre o produto com outras pessoas. Mesmo no cenário de crise, ela conseguiu notoriedade. É um exemplo que comprova a importância de pesquisar bem antes de abrir um negócio, identificar o nicho de mercado e buscar algo que ofereça uma certa exclusividade para o cliente”, pontua Mariana.Ainda segundo a consultora, é importante a percepção de que, mesmo diante de qualquer crise, as pessoas vão continuar consumindo. Uns mais e outros menos – por isso, vale identificar possíveis diferenciais para atrair estes consumidores.
“Boas ideias têm espaço em qualquer momento e em qualquer contexto. A história de Adriana é, com certeza, um exemplo inspirador para outros empreendedores”, finaliza a consultora.