Candidato a prefeito de Foz do Iguaçu pelo PRTB é o sétimo na série de entrevistas exclusivas do Cabeza News
Ele se tornou conhecido nos últimos anos por desfilar pelas ruas da cidade a bordo de um caminhão de colecionador, semelhante aos utilizados pelo Exército Brasileiro. O odontologista Ranieri Alberton Marchioro também se coloca como militante da direita e alinhado ideologicamente ao presidente Jair Bolsonaro. Com esta retórica, Ranieri colocou seu nome a disposição do PRTB para concorrer a prefeito de Foz do Iguaçu, tendo como vice a arquiteta Dra. Leila Youssef.
A comentar sobre o aumento das cirurgias eletivas durante a pandemia do novo Coronavírus (em função de preservar os leitos de UTI e falta de insumos, como anestésicos), Ranieri diz que a retomada do serviço, “sem prejudicar as ações de enfrentamento do Covid-19 deve ser uma decisão técnica e não política. Deveremos ouvir atentamente o que preconizará a equipe de saúde responsável”.
O candidato do PRTB também falou sobre sua política ambiental, caso seja eleito. “Devemos prioritariamente preservar nosso maior patrimônio. Somos meio ambiente e nosso produto principal deriva de sua preservação e manutenção”, disse. Em relação as críticas internacionais a política ambiental do presidente Bolsonaro, Ranieri ressaltou que isto pode ser resultado da preocupação, muitas vezes, “em impedir a concorrência internacional do agronegócio brasileiro”.
Na série que marca os dois anos do Cabeza News, Ranieri fala ainda, caso seja eleito dia 15 de novembro, sobre como pretende reduzir os gastos da Prefeitura, o desemprego que aumentou com a pandemia do Coronavírus, a possibilidade de um Lockdown para enfrentar o avanço da doença, turismo e matrizes econômicas, como pretende tratar o serviço de transporte coletivo, aproveitamento dos jovens formandos do ensino superior e a futura vacina contra a Covid-19, entre outros.
Cabeza News – Quando se fala em reduzir gastos da Prefeitura, cortar pastas e servidores sempre vem à tona. Como será seu governo com a categoria?
Ranieri Alberton Marchioro – O relacionamento com os servidores de carreira será baseado no respeito à Lei. Servidores em cargos de comissão serão tecnicamente avaliados quanto ao desempenho utilidade e manutenção dos cargos. Como não temos apadrinhados políticos, não existe a necessidade de prever demissões para substituições. As secretarias, fusão e extinção serão discutidas após profundo diagnóstico da real situação econômica e fiscal do Município de Foz do Iguaçu.
A fila por cirurgias eletivas aumentou na pandemia. Como reduzir ela, sem prejudicar as ações de enfrentamento a Covid-19?
Ranieri – Toda decisão do gestor deve ser técnica e com amparo legal. Ampliar serviços deve prever recursos financeiros no orçamento municipal, que já se encontra aprovado. A extensão da lista e a fila de cirurgias é uma informação restrita a secretaria de saúde, inclusive para proteção da informação do paciente.
Porém esta fila merece atenção constante e especial não por conta da pandemia, mas deve ser uma preocupação diária do governante que está obrigado a ofertar serviços de saúde em quantidade e qualidade suficientes para atender a demanda da população.
A decisão de reduzir a fila com a retomada das cirurgias eletivas, sem prejudicar as ações de enfrentamento do Covid-19 deve ser uma decisão técnica e não política. Deveremos ouvir atentamente o que preconizará a equipe de saúde responsável.
Diante de um virtual aumento de casos e internamentos, o senhor descarta um lockdown em Foz, caso eleito?
Ranieri – O Lockdown significa o mesmo que confinamento instituído como medida extrema cuja eficácia nunca se comprovou ao redor do mundo. O bloqueio total não tem comprovação de eficiência, ao contrário, existem importantes relatos de agravamento da crise após sua decretação.
Conscientizar as pessoas para a adoção de medidas protetivas, implementar a vigilância ativa e envolver a comunidade nos cuidados e no distanciamento social especialmente para proteção dos grupos de maior risco, implementação do tratamento precoce em caso de contágio, seriam medidas mais indicadas.
O Lockdown traz consigo uma falsa sensação de segurança, confina e aproxima pessoas dentro dos lares e na região onde é praticado e de fato não acredito na sua eficácia, com base nos resultados dos estudos onde se praticou. Porém, em situações extremas, após adotar todas as medidas anteriormente citadas, levando-se em consideração a saúde pública, tratando-se de um mecanismo que pode ser empregado em situações de extrema gravidade, o governante não deve desconsiderá-la.
Mas esta seria uma medida “extrema” e não de rotina. Para não ser evasivo, não está minimamente nos planos a adoção desta prática sem antes esgotar todas as possibilidades e sinceramente não creio que deva ser adotada. Se a contaminação se dá por gotículas o distanciamento entre pessoas a uma distância segura não resolve? Então por que o confinamento?
É preciso envolver a comunidade a torná-la participe e responsável pelos resultados e consequências de seus atos em conjunto com o governante. Aproximar a sociedade do governante e vice versa. Compartilhar responsabilidades e dividir os méritos. Esta é uma sociedade moderna que caminha na mesma direção.
O turismo a principal matriz da economia de Foz. Tem como diversificar com outras matrizes e quais seriam estas?
Ranieri – Esta é uma discussão recorrente e devemos considerar melhorar as matrizes econômicas que temos, priorizando a indústria que está pronta, potencializando uma melhor exploração do turismo. Foz do Iguaçu tem vocação para o turismo e deve focar inicialmente nisso. Promover o turismo regional e interno inicialmente até que o cenário internacional se modifique.
Devemos explorar outras áreas sim e diversificar a matriz econômica. A logística em Foz do Iguaçu tem se mostrado um segmento importante, devemos ampliar nosso polo educacional, salvar as empresas que estão à beira do colapso na área industrial e simultaneamente atrair novas indústrias, mas especialmente, tecnológicas e de alto valor agregado.
Nos Estados Unidos, especialmente na California se encontra o Vale do Silício. Ali existem empresas e startups que promovem a ação disruptiva, palavra inclusive que não consta do nosso dicionário da língua portuguesa, mas que significaria um mundo pautado pelas inovações digitais, novas tecnologias capazes de derrubar outras que estão presentes no mercado.
Deveríamos criar em Foz do Iguaçu, em parceria com Universidades, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, Itaipu Binacional e PTI, outros interessados da iniciativa privada, o Vale do Grafeno. A tecnologia do grafeno fará diferença no mundo.
Podemos aplicar em muitas áreas, desde a medicina, comunicação, produção de energia, especialmente as renováveis. Somos uma cidade agradável , temos logística aérea favorável, uma cidade com potencial estratégico para a implementação de iniciativas cujo potencial de negócios podem alavancar nosso desenvolvimento.
O presidente Bolsonaro tem sido cobrado internacionalmente em função de sua política ambiental. Qual o seu projeto para o meio ambiente de Foz?
Ranieri – Devemos prioritariamente preservar integralmente o nosso maior patrimônio. Somos meio ambiente e nosso produto principal deriva de sua preservação e manutenção. Atualmente há necessidade de tratar melhor nossos mananciais de água, rios que cortam a zona urbana, tratar da questão do saneamento básico, pensar também no cidadão integrando-o com o meio ambiente.
Tudo isso demanda recursos financeiros e devemos buscar fontes de financiamento de preferência, em face da preocupação destes com nosso meio ambiente, nos países que criticam o governo Bolsonaro em função da política ambiental. Será que a contribuição tecnológica e financeira com a manutenção do nosso meio ambiente será compatível com a contundência das críticas? Ou trata-se apenas de política internacional?
De fato, todos devemos ter a preocupação com o meio ambiente, preservando-o, mas não impedindo nossa expansão agrícola para a produção de alimentos. Até 2026 o Brasil deterá 40% da produção de alimentos para o mundo e isso é uma fonte de riquezas inestimável. Precisamos encontrar o ponto de equilíbrio e ele não está na crítica internacional muitas vezes preocupada em impedir a concorrência internacional do agronegócio brasileiro.
A crise econômica provocada pela pandemia fez aumentar o desemprego em todo país. Como seu governo vai agir de fato para gerar emprego e renda em Foz?
Ranieri – Deixando o empresário, grande, médio, pequeno e micro trabalhar, dentro da Lei, mas com a máxima atenção do poder público. O Governo deve prever políticas que facilitem os empreendedores e geradores de emprego e renda para que possam estar em um ambiente favorável para produzir, gerar riqueza e empregos.
A única razão da existência do poder publico é facilitar e melhorar a vida das pessoas e como tal deve ser o comportamento do nosso governo. Trata-se de uma questão inclusive de sobrevivência do poder público. As riquezas geradas pelo setor privado é que alimentam o poder publico com tributos.
Toda vez que o governante dificulta a ação e a liberdade econômica do setor privado acaba por afetar sistematicamente o setor público e impõe limitações graves as pessoas que são dependentes da ação do governante. Deixemos os empresários, os autônomos a iniciativa privada produzir.
Em breve a segunda ponte com o Paraguai fica pronta. Qual o seu plano municipal para reduzir os impactos negativos na região do Porto Meira?
Ranieri – Gostaria que os impactos negativos fossem descritos na pergunta para propor soluções que dependessem da ação do Município. Algumas ações são de responsabilidade do governo do estado e do governo federal. Conhecendo previamente estes impactos negativos poderiam os governantes adotar medidas de correção antes de os problemas se instalarem de fato.
Como haverá um aumento do fluxo de pessoas e de veículos na região, é importante que o governante se antecipe para evitar impactos ambientais, construções irregulares, ocupações irregulares, acúmulo de lixo, poluição e despejo de esgoto sanitário nos rios.
Naturalmente todas as medidas que um governante toma impactam diretamente sobre a sociedade para que recursos financeiros sejam coletados e bem aplicados em ações de sua responsabilidade evitando que ocorram problemas que afetem nossos recursos naturais e especialmente a qualidade de vida das pessoas que habitem o entorno da Ponte da Integração. Esperamos que os responsáveis pela execução dos projetos estejam atentos a estes fatores.
Foz tem avançado como polo educacional do ensino superior. Como seu governo vai aproveitar o potencial dos jovens que se formam todos os anos?
Ranieri – Este tem sido um dilema em Foz do Iguaçu. Formamos muitos jovens, transferimos capital intelectual e perdemos a maioria deles por falta de oportunidade para empregar a mão de obra qualificada.
Temos que pensar no planejamento estratégico e integrado, criando cursos de formação técnica e acadêmica cujo caminho seguinte esteja interligado com nossa matriz econômica local. Se nossa vocação é o turismo, atrair uma escola de gastronomia e culinária, focar na qualificação do nosso receptivo, entre outras ações.
Precisamos criar um link entre a nossa vocação econômica e as escolas e os programas de formação escolar. A pergunta se limita a ensino superior e gostaria que estivesse contemplado na pergunta uma derivação para cursos técnicos cujo aproveitamento de mão de obra é mais rápido e existe grande carência no mercado de trabalho. O ensino médio com cursos profissionalizantes teria um aproveitamento mais rápido desta mão de obra.
O transporte coletivo tem sido alvo de constantes críticas da população de Foz. Objetivamente, como seu governo vai desatar este nó?
Ranieri – Reformulando completamente o sistema! O modo como funciona e está implementado o sistema de transporte coletivo está fadado a prorrogar esta discussão enquanto dure o contrato. É necessário que o poder público, empresários interessados na exploração econômica do transporte e usuários encontrem a fórmula ideal para atender a todos os interessados. Esta conclusão é técnica!
Pensamos na adoção de um modelo de transporte, hoje com quatro linhas troncais, ônibus um pouco maiores do que os atuais, utilizando dispositivos inteligentes para dar agilidade no trânsito, controlando por aproximação, por exemplo, os sinais de trânsito, facilitando a sua passagem de forma prioritária.
Dependendo da demanda a ser estudada, ônibus ou micro ônibus fazendo o papel de alimentadores e inter bairros, deixando os passageiros para fazer a integração em pontos de ônibus especialmente planejados e construídos para atender a esta demanda.
Precisamos pensar e estudar a viabilidade de veículos elétricos, não poluentes e encontrar o modelo que atenda aos interesses destes 3 segmentos: poder público, usuário e empresário, não necessariamente que um seja mais ou menos importante que o outro.
Se nosso modelo de transporte publico for eficiente e houver bom senso entre os interessados o custo operacional e de tarifa será justo, o mais justo possível e por isso será compreendido.
Existem várias vacinas em desenvolvimento contra o Coronavírus. A mais adiantada é pesquisada pelo Butantã com laboratório chinês. Qual seu entendimento sobre a doença e o futuro medicamento?
Ranieri – Como profissional de saúde entendo que a doença deve ser analisada sob a ótica da ciência e não da política. Existe um grave erro na condução da compreensão da Covid-19 que foi a politização da doença, tanto no Brasil quanto no mundo. Há uma clara disputa pela hegemonia política e comercial no planeta atrelada a esta doença, basta observar os números da economia mundial e quem se beneficiou da crise.
Evitaremos aqui discutir se isso foi proposital ou não pois estamos mergulhados em uma grave crise social e econômica por conta disso e precisamos encontrar soluções antes que consequências mais graves do que a própria doença atinja a nossa população. Quanto ao surgimento de uma vacina, sendo ela eficaz e que cumpra todos os bons requisitos exigidos nos protocolos estabelecidos, pode ser uma saída.
Não creio que no curto prazo algum laboratório, por maior que seja o esforço desprendido, consiga atender a esta expectativa de modo satisfatório onde as taxas de efeitos colaterais em percentuais seja similar ao de outras vacinas desenvolvidas ao longo da história das doenças e da medicina mundial.
Uma doença que tem demonstrado em recentes estudos que a taxa de letalidade, letalidade de fato e de direito, taxa esta que ainda intriga os cientistas, mas que oscila entre 0,5% a 1%, há quem fale em números próximos a 0,3%, não se admite que uma vacina seja apresentada com risco de efeitos colaterais na casa de 5%.
Além de ciência precisamos da matemática e analisar a lei das probabilidades. As vacinas ou as soluções devem ser mais seguras que as consequências conhecidas da doença.