* Gilmar Cardoso
“Uma estrela diferente, toda a terra iluminou. Foi Jesus que humanamente, a nós todos se igualou. Nasceu pobre e sem palácio, este Rei que trouxe o bem. Quis apenas ensinar-nos a mensagem de Belem!” (canto de Advento e Natal)
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9,1). Esse fato narrado pela Palavra de Deus aconteceu há mais de dois mil anos, no entanto, atualiza-se todos os dias. É Ele o motivo que nos faz celebrar o Natal, pois uma Luz brilhou em meio às trevas!
O Natal é sempre uma festa iluminada. Sem luzes não há Natal porque o Natal é tudo, menos escuridão, solidão. Mas o que celebramos? Natal, do latim nativitas=nascimento é a festa que, na liturgia da Igreja Católica celebra o nascimento de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que se fez homem. Mistério de fé, profundo e abrangente: Deus se fez homem, para que o homem possa ser elevado à dignidade de filho de Deus.
O Natal é a festa da luz que jamais se apagará. A festa da luz que dissipa as trevas que começam no coração do ser humano. A celebração do Natal deve ser permeada por um sentimento de profunda gratidão a Deus pelo seu amor: “Tanto amou o mundo que enviou seu Filho para nos salvar” (Jo 3,16).
Dezembro é sempre um mês suave, não porque encerre em si alguma magia, mas porque, nesta época nos entregamos mais à serenidade e à reflexão, então nossa mente se abre, propiciando que se manifestem as boas ideias e os bons sentimentos que estavam ali prontos a entrar, só aguardando que lhe déssemos permissão.
Há um clima diferente no ar, votos de felicidade, mãos estendidas, confraternizações e brilhos estão por todos os lados! Nas ruas, casas e lojas, por onde quer que andemos, as luzes piscam entre cores e formas, convidando-nos à celebração. Elas iluminam e encantam, trazem um colorido especial às realidades que, durante o ano, foram se tornando comuns e opacas pela rotina do dia a dia. As roupas e os adereços também ganham destaque nesta época. Afinal, a moda no Natal é brilhar!
Não são as luzes de dezembro que nos fazem felizes; é a nossa felicidade que nos induz a acendermos as luzes. Não é a expectativa do natal que nos traz alegrias; é a alegria que criamos em nós que faz alegre a ideia da chegada do natal. Não é o limiar de um novo ano que nos enche de boas expectativas; são essas expectativas que fazem boa a passagem do ano velho e a chegada do novo. Não são as boas festas que nos trazem mais paz e amor neste último mês do ano; é a paz e o amor que permitimos em nós que fazem boas as festas.
O Papa Francisco ensina que Natal sem luz não é Natal. Não se trata, obviamente, de referência às luzes dos centros comerciais. Nem mesmo se refere às lâmpadas que integram o cenário dos presépios e ornamentam as árvores, indicando o genuíno sentido do Natal, a chegada do Salvador do mundo. O Santo Padre faz, na verdade, um interpelante convite a cada pessoa: acenda a sua luz.
Vamos nos concentrar na festa da luz. Não da luz das lampadinhas com que enfeitamos nossa árvore de natal, nossa casa e com que adornam as ruas e lojas. Mas da luz desse irmão mais velho e mais sábio, Jesus de Nazaré, que nessa época, considerada como de seu aniversário, brilha com mais intensidade entre nós porque mais lembrado por muitos do que habitualmente e de maneira diferente – não só para pedir, mas para homenageá-lo. E vamos também, como ele mesmo recomendou, deixar brilhar um pouquinho mais a nossa própria luz, que se abastece mais uma vez na luz dele quando abrimos, ainda que por pouco tempo, uma janela no tempo…
Porque os anos são apenas medidas de tempo linear, não guardam em si nenhum tesouro oculto e nenhuma sabedoria. Os anos bons são aqueles que fazemos bons!
O Natal associado a Jesus não tem primeiramente finalidade histórica em dar a conhecer a data ou elementos relacionados ao nascimento de Jesus de Nazaré. Em outras palavras, não visa dizer quando Jesus nasceu, mas indica por que Jesus nasceu.
A festa cristã do Natal como nascimento de Jesus está em função da Páscoa, Cristo ressuscitado foi elevado por Deus como Luz das nações. Em Cristo, sol que não tem ocaso, se inicia uma nova criação. Assim o nascimento de Jesus é também o nascimento de um mundo novo reconciliado, onde o mal, injustiças, mortes, um dia terão seu fim!
Não tenhamos receio de, neste natal, fazer muita festa, dar presentes à vontade, confeccionando-os nós mesmos ou comprando nas lojas, simplesmente presentear com nossa presença a amigos (e inimigos) de quem temos estado distanciados. Se o homenageado de dezembro é Jesus, ele apreciaria muito isto, porque tem tudo a ver com os ideais que pregou.
Festa é um estado de espírito, que se manifesta em forma de palavras cordiais, risos, cânticos e danças, abraços e beijos. Claro que também podemos fazer festa recolhidos ao silêncio, bastando que não haja turbulências em nossos corações.
Lembremo-nos sempre, de que, no natal brilhou uma luz imensa. Nasceu um Menino que veio pra dizer que somos todos iguais. E fez a grande diferença! Não se esqueçamos que o mundo precisa de mais pessoas que trabalhem e de menos que critiquem. De gente mais preocupada em fazer do que só falar. De mais pessoas que semeiem esperança do que espalhem desânimo. De mais pessoas que acendam fósforos e de menos que lamentem a escuridão. De mais amigos que nos digam onde podemos melhorar!
O Natal é a festa da Luz! É Festa de alegria, de renovação da esperança, de dissipação das trevas. Não devemos rejeitar a ideia de que no Natal as pessoas que estavam afastadas, aborrecidas umas com as outras, ou até magoadas entre si, retornem à alegria da fraternidade. Afinal a Luz de Jesus resplandece nos corações e ilumina as regiões sombrias.
Natal, festa da luz, das confraternizações e troca de presentes. É festa em que o céu desce ao nosso coração e nos move em direção das mãos estendidas que aguardam solidariedade.
A todos um ano novo próspero e venturoso e um feliz , abençoado e iluminado Natal!
FELIZ ANO TODO!
GILMAR CARDOSO, ADVOGADO, POETA, MEMBRO DO CENTRO DE LETRAS DO PARANÁ E DA ACADEMIA MOURÃOENSE DE LETRAS.