Plácido José de Oliveira
Não é preciso dizer que estamos atravessando uma das piores crises já vividas pela sociedade no mundo moderno.
No olho deste furacão estava a atividade turística, praticamente paralisada em todo o mundo levando milhares de empresas a bancarrota, eliminando bilhões de empregos, atingindo a economia em nível público, sem arrecadação de impostos e privado com o encerramento de CNPJs.
Os estragos vão por pelo menos de cinco a dez anos, algo avassalador considerando que o turismo é uma indústria que vinha num crescimento mundial animador, no Brasil a atividade estava em uma de suas melhores ondas desde que saiu das colunas sociais para ocupar as páginas de economia.
Em Foz do Iguaçu não era diferente, previsto um crescimento contínuo com gigantescos investimentos da iniciativa privada e algumas medidas também animadoras do poder público, especialmente por parte do Governo Federal através da Itaipu binacional.
Até o início deste ano tínhamos 3.500 novos quartos de hotel de alto nível sendo construídos em Foz, centenas de novos apartamentos remodelados ou até mesmo ampliações de hotéis, pousadas e outros investimentos em meios de hospedagem.
Na gastronomia novos restaurantes, bares, com cozinha elaborada que iriam transformar a cidade do tríplice fronteira numa referência em gastronomia mundial.
Some-se a isso aos vários parques temáticos em construção, nova ponte, duplicação da rodovia das cataratas. As tão sonhadas lojas francas que agregam o turismo de compras em Foz do Iguaçu.
Enfim, estávamos surfando numa boa onda que nos levaria a um crescimento progressivo gerando novos negócios, emprego, renda e impostos.
Fomos pegos no início de março pelas medidas drásticas que de uma hora para outra decretou o fim dos eventos, o fim dos pacotes turísticos, o fim do funcionamento do comércio e serviços.
As empresas tiveram que se “reinventar” (passei a odiar esse termo) para continuar sobrevivendo, aquelas que conseguiram sobreviver pois os efeitos maléficos desta política de abre e fecha ainda serão sentidos nos próximos meses e talvez anos.
É notório que muitas das medidas tomadas eram necessárias para se impedir que o vírus ceifasse vidas de forma indiscriminada. Mas hoje, mais de 300 dias dessas medidas, temos que avaliar se elas foram realmente eficazes, ou adiantaram mais para matar CNPJs do que para salvar CPFs.
Fizemos lock dow, impedidos de funcionar por Decretos ou falta de clientes. Hoje vivemos uma nova onda do mesmo vírus, com os mesmos riscos de terminar 2020 e entrar 2021.
Muitas empresas, particularmente do turismo, já não têm mais recursos, condições de endividamento e não conseguirão sobreviver sem causar milhares de demissões, e até mesmo a extinção de postos de trabalho, geração de renda e impostos.
Mas em que pese essa minha análise pareça desalentadora e sem muitas esperanças eu tenho fé e confio nas autoridades e, sobretudo, nos empresários que constroem esse país de que iremos sair deste pesadelo melhores.
Assim como as grandes pestes da história e as grandes guerras e revoluções deixaram muitas e inestimáveis baixas, o que veio depois se mostrou mais forte e vigoroso, renascido.
O turismo retornará com mais força, mesmo num ano tão tenebroso os empresários investiram em reformas e adequação de hotéis e restaurantes.
Investiram em capacitação de seu pessoal, em protocolos de segurança que fazem de Foz, hoje, o destino mais seguro para se visitar no Brasil. Sim, podemos gritar para o mundo “venha para Foz porque aqui você se hospedará, comera e irá se divertir com segurança absoluta”.
Estamos fazendo, com louvor, a lição de casa pois sabemos que dependemos do Turismo para sobreviver e que acima desta nuvem escura de calamidade existe sol e que ele voltará a brilhar para que continuemos a crescer como seres humanos, como sociedade e como nação.
(*) Plácido José de Oliveira é jornalista, consultor em turismo e Diretor Executivo do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes de Foz do Iguaçu e Região