Em 2020, agricultura sofreu com estiagem severa e pandemia, mas superou desafios e garantiu a produção de 40,57 milhões de toneladas em produtos vegetais
A agropecuária paranaense sofreu em 2020 os efeitos de estiagem, uma das mais severas estiagens dos últimos 100 anos, segundo o Simepar. Além da escassez de chuvas, o setor sentiu os impactos da pandemia que provocou paralisação de atividades, alterações de consumo e influenciou, de forma contundente, a comercialização de produtos.
Mesmo assim, o setor superou os desafios, e o resultado positivo da balança comercial mostrou que o agronegócio foi sua principal base de sustentação. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, as três safras cultivadas no Estado renderam um total de 40,57 milhões de toneladas, volume 13% acima da anterior (18/19). No acumulado, a área ocupada chegou a quase 10 milhões de hectares.
Para a safra 2020/21, que está sendo plantada com atraso pela escassez de chuvas, a estimativa é de produção de 24,3 milhões de toneladas para a primeira etapa que começa a ser colhida em janeiro de 2021. Algumas culturas com perspectiva de crescimento na área plantada foram influenciadas pelos bons preços. A área ocupada alcançou 6,1 milhões de hectares.
PREÇOS – Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, mesmo passando pela estiagem prolongada, o resultado da safra de grãos no Estado foi surpreendente, tanto em volume como em valor de venda. Os produtores se beneficiaram do aumento das cotações do dólar, já que a maioria dos produtos cultivados no Paraná é commodities.
Para coroar o bom desempenho das lavouras, a comercialização do grão foi uma das melhores dos últimos anos para os produtores. O aumento de produtividade surpreendeu também os analistas do Deral. Houve perdas nas culturas da segunda safra, em decorrência da falta de chuvas, mas a maior parte teve bons preços pagos aos produtores.
Além disso, o fluxo foi rápido, sobretudo na soja, que teve sucessivos recordes de embarque nos últimos meses. Reflexo da alta do dólar, que deixou mais atrativos os preços das commodities. Para se ter uma ideia, os principais produtos cultivados no Estado, como soja e milho, tiveram valorização de quase 100%. A saca de soja, com 60 quilos, chegou a ser cotada a R$ 150,00. E o preço do milho atingiu R$ 75,00 a saca.
Com isso, o Deral já projeta um Valor Bruto da Produção acima de R$ 115 bilhões, capitaneado pela soja, que teve safra recorde este ano. A projeção do VBP de 2020, que será divulgado oficialmente no próximo ano, antecipa que só a soja terá um incremento de R$ 9,6 bilhões, em relação ao ano passado, devendo ultrapassar o faturamento de R$ 29 bilhões.
A disparada nos preços foi causada, em termos internacionais, pela China, que está comprando muitos grãos e carnes. A elevação nos preços das commodities foi potencializada no mercado interno com alterações no consumo das famílias. As medidas de contenção da pandemia de covid-19 incentivaram a população a ficar em casa, o que aumentou o consumo de alimentos básicos, com as famílias fazendo as próprias refeições.
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