O deputado Luiz Cláudio Romanelli não consegue contabilizar a quantos eventos participou este ano no Palácio Iguaçu, mas deve ter gasto pelos menos uns dois pares de sapatos, atravessando o curto espaço entre as duas casas.
Apagador de incêndios e, em muitos casos, também provocador, sua participação, hoje, como líder parlamentar junto ao Governo do Estado está mais para “Posto Ipiranga”. Ou como alguns já o chamam de “Romanelli resolvedor-geral”. Não só na Alep como na máquina governamental.
A rotina de Romanelli na Alep e no Palácio Iguaçu está sempre atrelada à solução de problemas que envolvem as duas casas: o legislativo e o executivo. Do seu gabinete ou dos corredores do Palácio Iguaçu, é ele que dispara telefonemas, chama os atores da situação para uma boa conversa, articula e dificilmente leva para casa problemas sem solução.
Um dos casos mais evidentes é a manutenção do Programa Tarifa Rural Noturna. Com o descontentamento de agricultores e representantes do setor, Romanelli articulou com os demais deputados a manutenção do programa, no qual a Assembleia vai dispor de R$ 20 milhões e o Estado de outros R$ 20 milhões e a tarifa noturna está garantida por mais dois anos.
Na pandemia, o legislativo garantiu R$ 100 milhões (outros R$ 100 milhões já estão garantidos no orçamento do Estado) para a compra das vacinas contra o coronavírus, além de mais R$ 37,7 para a contratação de leitos de UTI e enfermaria e para a compra de equipamentos de proteção individual. Romanelli teve participação decisivas nas negociações de repasses de recursos à área da saúde.
“Aprovamos a criação do ‘corona voucher’, cartão Comida Boa, para apoiar às famílias vulneráveis, e também mais recursos para a Secretaria Estadual de Saúde enfrentar esse período de pandemia. Apoiamos com recursos a compra de equipamentos às universidades estaduais (R$ 1,5 milhão), a recuperação de estradas (R$ 50 milhões), a conclusão do Hospital Erastinho (R$ 2,5 milhões) e a duplicação da Avenida JK, em Matinhos (R$ 12 milhões)”, pontuou Romanelli em recente artigo publicado por este Portal..
O ano político paranaense de 2021 já inicia na sombra de 2022. As amarras focadas nas eleições de outubro do ano que vem esquentam os gabinetes recém-reabertos do Centro Cívico e alguns desses movimentos de bastidores foram detectados e vieram à superfície.
O ex-governador e ex-senador Requião (MDB) anunciou que concorrerá mais uma vez ao Palácio Iguaçu. Muitos afirmam que é apenas mais um factoide de Requião. O Podemos, liderado pelos três senadores (Alvaro Dias, Flávio Arns e Oriovisto Guimarães), observa o cenário político nem tão de perto e nem tão de longe.
Fortalecido pela vitória de Greca (DEM) na prefeitura de Curitiba e tendo emplacado a grande maioria dos prefeitos nas 399 cidades paranaenses, o governador Ratinho Júnior (PSD), vitoriosos, assiste aos movimentos. Embora saiba que terá que ser habilidoso para atender a ampla base que o apoia e construir uma chapa onde as cadeiras de vice e do Senado serão disputadíssimas.
Somado a isso, Ratinho Júnior terá que enfrentar alguns temas espinhosos. A vacinação do coronavírus, as eternas demandas de reajuste salarial do funcionalismo público, o fim dos contratos do pedágio e a licitação da nova concessão são algumas pautas que devem movimentar a Praça Nossa Senhora da Salete.
Nesse cenário, Romanelli é apontado como um ator político essencial para o bom andamento das pautas. Com experiência de vários governos e dono de grande capacidade de articulação, o deputado é reconhecido por seus pares como um parlamentar agregador e solucionador, mas já avisou.
“Com o pedágio não tem conversa. Não vamos aceitar o modelo híbrido ou a taxa de outorga previsto no modelo de pedagiamento do governo federal”. Defende de forma intensa que as novas concessões devem ter tarifas mais baixas e justas aos paranaenses.
Para quem desconhece ou acha que Romanelli que está pegando carona na polêmica, é bom saber que o deputado foi um dos três que votou contra o atual modelo, briga com as altas tarifas, com ações, protestos, falações e artigos, há 20 anos. Já teve até interdito proibitório contra suas manifestações nas praças e chegou até furar o pedágio em ato de desobediência civil.
Quem frequenta os corredores do legislativo, conta ser comum ver secretários, deputados, lideranças representantes de classe e de categorias procurarem Romanelli para ouvir sugestões e opiniões sobre problemas de toda ordem, mas principalmente os administrativos ou que estão a procura de solução no campo político.
Com a experiência do quinto mandato, Romanelli já comandou a oposição, foi líder dos governos Requião (MDB) e Beto Richa (PSDB), presidente da Cohapar e secretário do Trabalho e Emprego.
O deputado circula com desenvoltura entre as fileiras sindicalistas, universidades estaduais, as federações patronais e de trabalhadores e o alto PIB do Paraná. “Tudo que cai no colo do Romanelli, ele resolve”, confirma um colega de parlamento.
“No gabinete da 1ª secretaria na Assembleia Legislativa tem uma frase num quadro que para mim é o começo de tudo: a política só vale a pena se for para melhorar a vida das pessoas”, costuma dizer Romanelli já apontado como um forte “player” no jogo político de 2022.
Por: Fábio Campana