Pelo menos 100 paraguaios foram diagnosticados com coronavírus depois de terem passado férias de verão em território brasileiro. A informação faz parte de um relatório elaborado pela Diretoria de Vigilância Sanitária do Paraguai.
As autoridades paraguaias acreditam que o número de infectados pelo coronavírus no Brasil pode aumentar nos próximos dias. De acordo com o jornal ABC Color, há cerca de 500 pessoas que viajaram de férias para o exterior e não fizeram teste no retorno ao Paraguai.
O protocolo paraguaio para enfrentamento da Covid-19, em vigor desde 22 de dezembro do ano passado, estabelece que os viajantes tenham em mãos um teste do tipo PCR realizado. E quem não possui o exame no momento da entrada no país tem o prazo de 24 horas para realizá-lo, sob pena de multa.
“Estamos levantando as denúncias para que sejam tomadas medidas”, afirmou o Guillermo Sequera, diretor de Vigilância Sanitária no Paraguai, ao jornal ABC Color.
Segundo o relatório elaborado pelas autoridades paraguaias, entre 1º de dezembro de 2020 e 15 de janeiro deste ano 4.365 pessoas declararam ter viajado de férias. A maioria veio passear no Brasil.
O maior fluxo de paraguaios atravessando a fronteira ocorre na Ponte da Amizade, que divide as cidades de Foz do Iguaçu, no Paraná, e Ciudad del Este, no Paraguai. Pelo local passam, em média, de 300 a 350 turistas por dia, segundo a Direção Geral de Migrações do país vizinho.
“Entre os destinos do Brasil onde são notificadas mais de mil infecções por dia estão São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Devemos prestar atenção especial a quem retorna dessas áreas”, afirmou.
Os casos de Covid-19 têm aumentado no Paraguai. De acordo com o jornal, o governo paraguaio está em alerta para a tendência de crescimento no número de casos pelo menos até o final do primeiro trimestre deste ano, um resultado direto do relaxamento das medidas sanitárias durante as festas de fim de ano.
Cidade fantasma
As medidas adotadas para prevenir a covid-19 transformaram Nanawa, uma cidade fronteiriça situada cerca de 60 km a noroeste de Assunção, no Paraguai, em uma região fantasma com seus comerciantes em ruínas. Agentes argentinos guardam a fronteira e só deixam passar os caminhões de mercadorias.
O fechamento afeta famílias inteiras ligadas às duas margens do rio Pilcomayo, fronteira natural entre os dois países. “Minha esposa mora com uma das minhas filhas em Clorinda e eu em Nanawa com outras duas. Nas festas de final de ano, pudemos nos encontrar por algumas horas para jantar, mas ao amanhecer tive que voltar quando a vigilância estava mais fraca”, conta Javier Rodríguez, um dos moradores.
“Uma vez me descobriram e tive que passar 14 dias em um abrigo do governo (da província de Formosa) com muitos outros paraguaios e argentinos”, acrescentou. Os comerciantes, que dependem totalmente dos argentinos, são os mais atingidos e não conseguem vender seus produtos nem mesmo com grandes descontos. Durante as festas, “vendemos tudo a preços de banana”, conta Mariano Vega, um vendedor de laticínios e óleo da região.
Fonte: O Sul