Vereador considera o problema como uma grande tragédia social que atinge milhares de famílias iguaçuenses
O vereador Valdir de Souza Maninho, do PSC, que se destaca pela atuação em defesa das causas sociais e esportivas, vem lutando pela implantação em Foz do Iguaçu de um Centro de Recuperação para Dependentes Químicos. Considerando o problema como uma grande tragédia social que atinge milhares de famílias iguaçuenses, Maninho fez reunião com o prefeito Chico Brasileiro e apresentou indicação na Câmara de Vereadores.
De acordo com Maninho, o grande objetivo é resgatar a cidadania das pessoas, que se encontram em situações de vulnerabilidade social e caindo no consumo principalmente de álcool e drogas. “Com a construção desse espaço teremos um local adequado e com equipe multidisciplinar para acolher essas pessoas, prestar a assistência necessária e buscar a reinserção na família e na sociedade”.
O vereador ressaltou que um caso de dependência química no lar atinge a todos da família. “É uma tragédia com os familiares querendo dar uma assistência, tirar a pessoa do vício e não encontra amparo do Poder Público. Não tem onde levar para um atendimento completo. Assim, a pessoa vai se afundando cada vez mais e muitas vezes terminando em morte por complicação da droga ou do álcool, além do envolvimento em crimes e o fim trágico por meio de assassinatos, suicídios ou acidentes”, afirmou Maninho.
Drama nas famílias
Conforme pesquisa da Fiocruz, só o alcoolismo atinge 7% das famílias brasileiras. Na opinião do vereador, “quem tem algum parente ou amigo no submundo das drogas ou do alcoolismo sabe do drama que isso representa e a agonia dessas famílias que buscam ajuda e não encontram”.
Maninho reforçou ainda que “muitos gastam o que não tem e mesmo assim não consegue tirar a pessoa do vício. É em nome dessas pessoas que estamos nessa luta. O prefeito tem os programas com auxílio de comunidades terapêuticas e CAPs, mas é preciso um centro de referência para atendimento completo”, defendeu.
Ampliação do debate
O vereador conversou com o prefeito e quer ampliar o debate sobre o assunto a fim de encontrar a melhor solução. Um dos interessados no tema é o Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas, por meio do presidente José Elias Aiex Neto, que opinou sobre o assunto. Aiex é psiquiatra, atualmente aposentado, com larga experiência no ramo e com diversos livros publicados na área de saúde mental e dependência química.
Funcionamento do sistema
Na opinião de Aiex, o Município já possui as estruturas, mas não funcionam por falta de investimentos. “Uma delas é o CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), que é do Município. Está lá, na Vila Yolanda. O que precisa é melhorar as condições de tratamento, mas o Município não investe. Está lá caindo aos pedaços,” apontou.
Rede de Atenção
Aiex citou também outra estrutura, o CAPS III, localizado na Avenida Portugal, perto do Polo Centro. “Esse CAPS vai ter leitos de internação para quando a pessoa estiver em crise, mas está lá para inaugurar. Falta pessoal. E tratamento de dependência envolve a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), por uma lei que existe desde 2001”.
Segundo o médico, a rede é composta de unidade psiquiátrica em hospital geral, o que depois de uma luta de 20 anos, está implantada no Hospital Municipal. “São 11 leitos, é pouco e atualmente, por causa da pandemia, transferiram a ala para o Hospital Cataratas” – e as condições são ruins – comentou o médico.
Internamento para desintoxicação
De acordo com Aiex, no momento da crise, a pessoa precisa de um leito para desintoxicação o que pode ser no CAPS AD III ou na unidade psiquiátrica do Hospital Municipal. “Depois que o paciente sai da crise ele tem que ir para o CAPS-AD para o tratamento com terapia ocupacional, psicólogo, assistência social e médico para acompanhá-lo. Depois de um período e estando bem, ele pode ser acompanhado pela equipe da Saúde da Família. Inclusive existe uma capacitação com especialistas para as equipes, chamada de matriciamento, além do Núcleo de Apoio, o NASF”, informou.
Aiex disse também que dependência química envolve tudo, “desde medicamentos, inclusive tranquilizantes, analgésicos e antidepressivos que causam dependência. Os dois maiores no Brasil são em primeiro o álcool e depois medicamentos. Estima-se que metade da população usa algum tipo de medicamento que causa dependência”.