Alijado da primeira-secretaria da Assembleia Legislativa depois de oito anos no cargo, o deputado estadual Plauto Miró Guimarães (DEM) deu um aviso aos colegas, em discurso na tribuna do plenário da Casa, hoje. Informou que fez cópia de todos os documentos que tramitaram na Casa, no período, até, segundo ele, como “precaução” contra eventuais denúncias de irregularidades. As informações são do Bem Paraná.
A primeira-secretaria é o segundo cargo mais importante da Assembleia, ficando abaixo apenas da presidência. O primeiro-secretário é responsável pela administração da Casa, incluindo verbas, contratos, além de ter o poder de nomear dezenas de cargos. Plauto ocupava o posto desde 2011, ainda durante a gestão do então presidente Valdir Rossoni (PSDB), e permaneceu no cargo após a eleição de Ademar Traiano (PSDB), em 2015. Na eleição para a Mesa Executiva da nova legislatura, porém, ele perdeu a vaga para o ex-líder do governo Beto Richa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB) e acabou ficando com a 1ª vice-presidência. E pelo jeito não gostou.
“Vi muita coisa, escutei muita coisa. Tomei o cuidado, nesses oito anos de tirar cópia de todos os documentos que tramitaram na Assembleia Legislativa. Tenho fora da Assembleia todas as informações destes oito anos, até mesmo por precaução”, avisou Plauto. “A gente sabe que dentro do poder público muitas vezes os papéis somem, desaparecem. Muitas vezes quando você precisa se defender, nem sempre de acusações de irregularidades, mas uma série de questões que possam acontecer, você precisa ter documentos que na administração ela pode ter sumido”, alegou o parlamentar.
Plauto afirmou ainda que agora, como não faz mais parte da Mesa Executiva, vai usar a tribuna para “falar e fiscalizar”. Ele anunciou a apresentação de dois requerimentos pedindo informações do governo sobre o número de ex-governadores e viúvas de ex-governadores que recebem aposentadoria. Recentemente, o governador Ratinho Júnior (PSD) apresentou projeto para extinguir o benefício.
Plauto também apresentou outro requerimento pedindo informações sobre o número de diretorias da Copel e sobre o valor dos salários recebidos pelos ocupantes desses cargos. “Ouvi falar que na Copel, diretores recebem dezesseis salários por ano. São valores significativos. Dizem que tem diretor que ganha R$ 80 mil por mês”, comentou ele.
Quadro Negro – Em agosto do ano passado, o procurador-geral de Justiça, Ivonei Sfoggia, do Ministério Público (MP), determinou abertura de inquérito criminal para investigar o presidente da Assebleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB) e o então primeiro-secretário da Casa, Plauto Miró Guimarães (DEM), no âmbito da Operação Quadro Negro, que investiga desvio de cerca de R$ 20 milhões para obras em escolas estaduais.
Em delação premiada, o dono da Valor Construtora, Eduardo Lopes de Souza, afirmou que o deputado Plauto teria recebido R$ 600 mil em propina, em duas parcelas de R$ 300 mil. Parte do dinheiro teria sido entregue na própria Assembleia Legislativa e a outra parte em uma padaria no bairro Batel, em Curitiba. Em ambos os casos, o pagamento teria sido feito em dinheiro vivo. O deputado nega.
Em outubro, Plauto foi denunciado à Justiça pelo MP junto com Rossoni e o ex-governador Beto Richa (PSDB), por suposto envolvimento no mesmo esquema. No mesmo mês, a Justiça decretou o bloqueio de bens do deputado, do ex-governador e de Rossoni, na mesma operação. Na época, em nota à imprensa, Plauto afirmou através de sua assessoria que já havia prestado os esclarecimentos sobre o assunto ao MP, e que só se manifestaria no processo.