Gilmar Cardoso
Já dizia a poetisa e contista brasileira Cora Coralina: “Eu sou aquela mulher / a quem o tempo muito ensinou. / Ensinou a amar a vida / e não desistir da luta, / recomeçar na derrota, / renunciar a palavras / e pensamentos negativos. / Acreditar nos valores humanos / e ser otimista.”
Desde a primeira celebração oficial em maio de 1908 nos Estados Unidos para marcar a passagem do então Dia Nacional da Mulher, em reverência e referência ao ato em que cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país, muita coisa e fatos marcantes de importância aconteceram; e nos anos 60, o movimento feminista ganhou corpo, até que em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o “8 de março” foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas como sendo o Dia Internacional da Mulher.
Em países como os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, março é dedicado inteiramente ao poder feminino, celebrando o Mês da História da Mulher.
A referência histórica principal das origens do Dia Internacional das Mulheres é a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas realizada em 1910, em Copenhague, na Dinamarca, quando Clara Zetkin e outras militantes apresentaram uma resolução com a proposta de instituir oficialmente um dia internacional das mulheres.
As russas soviéticas também tiveram um papel central no estabelecimento do 8 de março como data comemorativa e de lutas. Por “Pão e paz”, no dia 8 de março de 1917, no calendário ocidental, e 23 de fevereiro no calendário russo, mulheres tecelãs e mulheres familiares de soldados do exército tomaram as ruas de Petrogrado (hoje São Petersburgo). De fábrica em fábrica, elas convocaram o operariado russo contra a monarquia e pelo fim da participação da Rússia na I Guerra Mundial.
Muitas pessoas consideram o 8 de Março apenas uma data de homenagens às mulheres, mas, diferentemente de outros dias comemorativas, ela não foi criada pelo comércio – e tem raízes históricas mais profundas e sérias. Esse dia tem uma importância histórica porque levantou um problema que não foi resolvido até hoje. A desigualdade de gênero permanece até hoje.
No Brasil, a data também é marcada por protestos nas principais cidades do país, com reivindicações sobre igualdade salarial e protestos contra a violência contra a mulher, dentre outras pautas não menos importantes.
Atualmente, para além da comemoração, a ideia é provocar reflexões e mudanças na sociedade mundial. Assim, na maioria dos países, nessa data realizam-se conferências, debates e reuniões, com o objetivo de discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe, até extirpar o preconceito e a desvalorização que ainda existem, mesmo com todos os avanços, com situações de salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional.
É importante ressaltar que esta data marca não apenas a comemoração pelas vitórias e conquistas das mulheres, mas que se discute o papel da mulher na sociedade atual. O esforço ainda é para tentar diminuir e, quem sabe um dia acabar, com o preconceito e a desvalorização da mulher.
Mesmo com todos os avanços, ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
Na política nacional os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) comprovam a importância do eleitorado feminino para a política brasileira. Dados de setembro de 2020 mostram que as mulheres são hoje 52,6% dos eleitores, enquanto os homens são 47,4%. Apesar de ser maioria entre os eleitores (e também entre os eleitores com nível superior e nível médio completo), as mulheres não traduzem essa tendência em termos de participação política.
Ressalto, aos que ainda desconhecem, a existência da instituição ONU Mulheres criada, em 2010, para unir, fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres. Segue o legado de duas décadas do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) em defesa dos direitos humanos das mulheres, especialmente pelo apoio a articulações e movimento de mulheres e feministas, entre elas mulheres negras, indígenas, jovens, trabalhadoras domésticas e trabalhadoras rurais.
Por meio de parcerias com a sociedade civil, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, universidades, empresas e o sistema das Nações Unidas, a ONU Mulheres defende os compromissos internacionais assumidos pelos Estados-Membros da ONU com os direitos humanos das mulheres.
A ONU Mulheres anunciou o tema do Dia Internacional da Mulher, 8 de março de 2021 (IWD 2021) como “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19″.
A campanha exalta que as mulheres estão na linha de frente da crise da COVID-19 como profissionais de saúde, cuidadoras, inovadoras, organizadoras comunitárias e algumas das líderes nacionais mais exemplares e eficazes no combate à pandemia. A crise destacou tanto a centralidade de suas contribuições quanto os fardos desproporcionais que as mulheres carregam.
Ao saudá-las, neste dia, renovamos nosso reconhecimento a cada uma das mulheres, por sua insubstituível presença, participação e por seu protagonismo na construção de uma nova sociedade.
Concluo a exortação e a homenagem pública às valorosas guerreiras do cotidiano com a mensagem do poeta, cordelista e declamador cearense, Bráulio Bessa:
“…Que todo dia seja dia de tu ser admirada pela força, pela garra, pela coragem estampada de ser verdadeira e justa mesmo sendo injustiçada.
Que todo dia seja dia de você ser engraçada, pois sorrir e fazer rir deixa a alma aliviada, mas se a tristeza chegar que tu seja consolada.
Que todo dia seja dia de sair pela calçada, de caminhar do seu jeito discreto ou com rebolada, de mini saia ou de burca e não ser assediada.
Que todo dia seja dia de você ser mais ousada, de amar quem quiser amar e por alguém ser amada, o amor é o melhor transporte pra seguir essa jornada.
Enfim mulher, que todo dia seja dia de não ter a voz calada e se alguém ousar calar, que essa voz seja elevada. Que todo dia seja o dia da mulher ser respeitada”.
Lute como uma Mulher e Parabéns pelo seu dia!
- GILMAR CARDOSO, Advogado, Poeta, Membro do Centro de Letras do Paraná e da Academia Mourãoense de Letras.