Audiência na Assembleia debate turismo e desenvolvimento econômico no Parque Nacional do Iguaçu

WhatsApp
Facebook

Encontro reuniu especialistas que discutiram aspectos da concessão do Parque à iniciativa privada para a exploração de pontos turísticos e a abertura da Estrada do Colono

As demandas e os desafios para o futuro do Parque Nacional do Iguaçu (PNI) foram debatidos em audiência pública realizada remotamente nesta segunda-feira (3), na Assembleia Legislativa do Paraná. O encontro, proposto pelo presidente da Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais, deputado Goura (PDT), contou com a presença de políticos, historiadores e especialistas envolvidos com as políticas voltadas para o Parque.

“Precisamos ouvir as diferentes perspectivas sobre o Parque Nacional do Iguaçu para que possamos saber como agir no futuro. Eu tive a oportunidade de visita-lo em 2019 numa ação de fiscalização e ficamos deslumbrados com o que vimos. Hoje surge uma preocupação devido a algumas ações do Governo Federal e com a nova lei de concessões dos parques”, disse Goura.

“O Parque é um tesouro para a região de Foz do Iguaçu e é sempre importante ouvir as demandas que a reserva exige. Agora vamos nos mobilizar na Assembleia, por meio da Comissão de Turismo, para tentar ajudar o máximo possível. Sempre priorizando um casamento entre as ações de preservação e o desenvolvimento econômico”, destacou o presidente da Comissão de Turismo da Assembleia, deputado Soldado Fruet (PROS).

Turismo e desenvolvimento – Entre os temas debatidos, esteve o turismo relacionado ao PNI, que será acelerado com a lei de concessões para exploração dos atrativos do Parque. Cibele Munhos Amato, chefe do Parque Nacional do Iguaçu, iniciou sua participação na audiência ressaltando que o Parque é fundamental no papel de preservação da mata atlântica no Brasil e referência em ações. “O Parque é muito importante para as pessoas da região de Foz do Iguaçu. É impressionante como a comunidade daqui se envolve com ele e é impossível administrar o Parque sem a participação da sociedade”, disse.

Ela falou sobre a lei de concessão do PNI e afirmou que projetos de turismo são fundamentais para o fomento de ações de preservação. “Acredito que turismo é uma ferramenta para a preservação, o que impacta uma unidade de conservação é um turismo mal feito. É possível sim ordenar isso e fazer com que a visitação de parques o fortaleça as ações de preservação e gere engajamento e envolvimento”, explicou.

Cibele ainda afirmou que está sendo elaborado um plano de uso público do PNI e que este está sendo construído entre todas as partes envolvidas, inclusive com a sociedade. “Há uma consulta pública sobre esse processo que está aberto no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Estão previstos investimentos para ampliação da visitação do público. O plano de concessão prevê sim investimentos em novos polos de visitação no Parque Nacional do Iguaçu. Mas tudo está sendo feito de maneira que a preservação continue. Por exemplo, 5% do que for arrecadado com o turismo irá direto para a ampliação das ações de preservação”, destacou.

Para Mario Mantovani, da SOS Mata Atlântica, o momento é de envolver cada vez mais a sociedade no debate que envolve o desenvolvimento econômico e preservação ambiental. “É preciso fazer política pública que traga a sociedade para as discussões importantes. O PNI não é mais um patrimônio nacional, mas sim do mundo. E eu acredito que o turismo de natureza vai ganhar mais espaço no futuro, mas é preciso contrapartidas por parte do poder público, para que as atividades de preservação e de turismo caminhem juntas. E o turismo será muito fundamental paras os municípios e para toda a região. É desenvolvimento com meio ambiente, onde todos podem ganhar”, disse.

“Temos um cenário novo com a nova chefia e com ações de turismo. E é um parque que faz o que poucos parques fazem, que é gerar desenvolvimento econômico e preservação de uma das últimas áreas de floresta econômica, que precisa ser cuidada, assim como precisamos cuidar das pessoas”, apontou Angela Kuczach, da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação. “É sempre importante discutir o Parque Nacional do Iguaçu. Existe um projeto grande para a criação de uma via no parque, com estrutura para ciclistas, para que a população esteja mais próxima do Parque e, assim, valorize ainda mais a preservação”, disse o vereador de Foz do Iguaçu, Kalito Stoeckl.

“Se as pessoas conhecerem, elas passam a entender, respeitar e defender a preservação do Parque Nacional do Iguaçu”, concordou Goura. “Turismo de natureza está crescendo e vai crescer ainda mais no estado. Por isso precisamos de Poder Público que certifique que a preservação esteja sendo e que as áreas visitadas estão sendo cuidadas e fiscalizadas”, complementou o parlamentar.

Estrada do Colono – A reabertura da Estrada do Colono, que corta o Parque Nacional do Iguaçu, também veio à tona na audiência pública. A rodovia PR-495 pertence ao Governo do Paraná e corta, em 17,6 quilômetros, o Parque Nacional do Iguaçu entre os municípios de Capanema e Serranópolis do Iguaçu. Ela é uma antiga ligação entre as regiões Oeste e Sudoeste paranaenses. O trecho, um antigo caminho utilizado por colonos que vinham do Rio Grande do Sul em direção às regiões mais ao norte do país, foi transformado em estrada no ano de 1950. A via está fechada por ordem judicial desde 1986.

O senador Fabiano Contarato (REDE-ES) foi o relator na Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal do projeto que prevê a abertura da Estrada do Colono. Ele emitiu parecer contrário à proposta alegando que a reabertura da rodovia não traz nenhum benefício ambiental para a região. “Afirmam que com a abertura da Estrada do Colono o tempo de viagem entre os municípios iria reduzir. Mas temos estudos que não irá mudar muito esse tempo de percurso. As perdas com a abertura são maiores que os ganhos. Era uma estrada usada por caçadores, por pessoas que praticavam crimes contra o meio ambiente. É preciso deixar claro que não existe estra-parque em lugar nenhum do mundo. Se abrirem aqui, teremos um precedente perigoso. Mas é válido o debate sobre o tema, com as partes envolvidas”, afirmou.

O deputado estadual Soldado Fruet (PROS) considera viável a reabertura da Estrada de forma sustentável, conciliando o desenvolvimento econômico da região com o menor impacto ambiental possível. “Sou a favor da reabertura, mas uma reabertura que garanta que a questão ambiental não seja prejudicada”, defendeu o parlamentar. “Quando o senador falou que liga nada a lugar nenhum, o ‘nada’ que ele fala é Serranópolis do Iguaçu, onde diversas famílias se instalaram por causa da Estrada do Colono. E do outro lado, temos Capanema, o ‘lugar nenhum’ que o senador falou, onde vivem várias famílias”, frisou. O presidente da Comissão de Turismo da Assembleia acredita que há condições de garantir a volta da circulação de veículos pelo trecho, com os devidos cuidados para preservar o meio ambiente. “Não é derrubar tudo, mas fazer um estudo para que o impacto ambiental possa ser revertido”, opinou.

História – A audiência ainda contou com a participação do historiador Frederico Freitas, que falou sobre o contexto histórico do Parque desde a sua fundação, passando pelas ações de preservação através dos governos e chegando na sua importância ambiental para o Brasil. “O Parque Nacional do Iguaçu é o mais importante dos parques brasileiros. É a grande joia dos nossos parques. E ele passou por diversos governos e diversos problemas como caça ilegal e coleta de palmito ilegal. Tem a questão da Estrada do Colono também, que até hoje gera debates. Trata-se de uma reserva importantíssima que sempre merecer ser cuidada e debatidas pela classe política e pela sociedade”, concluiu.

As informações são de Assembleia Legislativa do Estado do Paraná

Mais notícias

.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *