Com molde em 3D, médicos reconstituem crânio de ciclista estrangeiro atropelado em Foz

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Jovem moçambicano teve caixa craniana deformada em acidente, ocorrido em 2018. Cirurgia, inédita em Foz do Iguaçu, foi feita no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, construído pela Itaipu e gerido hoje pela Fundação Itaiguapy

Um ciclista atropelado em 2018 teve o formato do crânio reconstituído por meio de uma técnica inédita em Foz do Iguaçu (PR). O método foi desenvolvido pelo Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), construído pela usina de Itaipu e gerido pela Fundação Itaiguapy, instituída pela binacional.

No último dia 4, o estudante nascido em Moçambique, Arcenio Agostinho Tsmbe, de 21 anos, foi submetido à primeira cirurgia de reconstrução de calota craniana (cranioplastia) do HMCC. Para isso, os médicos usaram uma prótese em 3D, customizada e produzida exclusivamente para ele. O procedimento é indicado para a reconstrução de falhas do osso do crânio, que podem ocorrer devido a tumores ou traumatismo craniano, como no caso de Arcenio.

A reconstrução envolveu os neurocirurgiões Elton Gomes da Silva e Edgar Farina, ambos da equipe de neurocirurgia do hospital, e levou duas horas para ser realizada. Depois, o jovem passou apenas dois dias internado. Os pontos foram retirados em dez dias.

Para desenvolver a prótese, foi realizada uma tomografia, na qual foi identificada a falha no crânio do paciente. “Comparando com o formato do crânio, um software faz um desenho para reconstrução e um molde em três dimensões para preencher a falha óssea. Com isso, a peça é projetada para ficar milimetricamente encaixada”, explicou o neurocirurgião responsável pelo procedimento, Elton Silva.

Na hora da cirurgia, o polimetilmetacrilato, um acrílico cirúrgico que é biocompatível e pode ser colocado na cabeça do paciente, é preparado e colocado no molde da falha criado a partir da reconstrução da tomografia. “A ideia é proteger o cérebro que ficou sem a calota óssea do crânio, com um resultado de forma mais natural possível”, completou.

“O mais interessante é que eu fiquei com o molde e, caso eu precise novamente, os médicos poderão fazer outra cirurgia igualzinha”, brincou o paciente, já recuperado. Ele disse ainda ser grato aos profissionais, mas que não deseja ter outro acidente para fazer uso do molde.

O moçambicano, que é estudante de Biomedicina da Uniamérica, foi atingido por um carro em 24 de setembro do ano passado, entre as ruas Edmundo de Barros e Mato Grosso, região central de Foz. Ele estava de bicicleta. O jovem ficou 15 dias internado no Hospital Municipal e deu sequência ao tratamento no Hospital Ministro Costa Cavalcanti. A cirurgia foi coberta pelo convênio médico de Arcenio.

Agora, o sonho do jovem é ser neurocirurgião, como os médicos que o atenderam, e ajudar outras pessoas que passaram pelo mesmo problema dele. “Quero resgatar vidas. Minha experiência serviu para eu me inspirar e mudar meu foco.”

O HMCC e a Itaipu
Inaugurado em 1979, o hospital foi construído pela Itaipu Binacional para atender os trabalhadores que construíram a barragem. Atualmente, o HMCC é gerido pela Fundação de Saúde Itaiguapy, entidade instituída pela Itaipu e que administra o hospital desde 1994.

A binacional participa ainda do Conselho de Curadores do HMCC, órgão máximo deliberativo que tem como responsabilidade o planejamento administrativo da mantenedora.

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