A notícia de que a Câmara de Vereadores está analisando um projeto de lei do Poder Executivo (28/2019), que trata da desafetação de área do município com a finalidade de construir casas para abrigar as famílias do Arroio Dourado, gerou polêmica entre os moradores que ocupam a área do antigo lixão de Foz do Iguaçu. De acordo com eles, “a realidade hoje é outra”.
Parte das reclamações tiveram origem na foto utilizada para ilustrar a reportagem que, segundo eles, é da década de 1990. O bairro, segundo o projeto, tem 63 famílias que residem na área há mais de 24 anos e que as mesmas serão transferidas para para um local, na região do bairro Remanso Grande.
“Venho fazer uma colocação sobre a notícia citada do bairro arroio Dourado onde tem uma foto do bairro aquela foto é bem antiga poderiam por outra há casas de mais de 200 mil reais no local a realidade é outra totalmente diferente do que a notícia de vocês passou para o leitor”, comentou Carlos Alexandre Martins da Silva, que nasceu no bairro.
Segundo ele, o número de famílias aumentou. O morador também reclama que não houve reunião com a comunidade para discutir a mudança. “O bairro não fica exatamente onde era o antigo lixão fica abaixo da área”, comentou.
Ainda de acordo com Carlos Alexandre, o bairro tem água e luz e a conversa que tiveram com a Prefeitura foi para a regularização da área. “Investimos muito nas nossas casas”, ressaltou. “Meu pai (Sérgio da Silva) chegou no bairro com 6 anos de idade hoje tem 47 então o bairro tem mais de 40 anos”, completou.
“Posso estar enganada, mais talvez o intuito da reportagem é fazer parecer que o local é ruim. Salvo engano meu”, comentou Patricia Dornelles, na postagem do blog nas redes sociais. “É, mais estão equivocados, se trata de um excelente lugar para viver. Claro que se foi esta a intenção”, ressaltou.
A comparação das imagens, antiga e atual, é prejudicada pelas folhas das árvores
Outra reclamação, na avaliação dos moradores, é que a região valorizou agora, que a Prefeitura asfaltou a Rua Itaboraí, principal via de acesso ao local. Diante da repercussão, o blog percorreu a região para alguns registros atuais do Arroio Dourado, que pode ser conferido abaixo:
Fotos: Nádia Moreira de Souza
Veja abaixo registro do Gazeta Diário, sobre a questão envolvendo a transferência das famílias que residem no antigo aterro sanitário de Foz do Iguaçu:
“Uma novela que se arrasta há anos
Não é a primeira vez que o poder público tenta remover as famílias do antigo lixão. Sucessivos governos tentaram a transferência dos moradores, sem sucesso. A última tentativa ocorreu em agosto de 2016, durante o malfadado governo Reni Pereira.
Nessa época a água chegou a ser desligada por decisão judicial, mas os moradores bateram o pé e permaneceram no local após um acordo. As lideranças garantiram na ocasião que a área era segura, assim como a água coletada no poço artesiano instalado na comunidade.
Quando os moradores começaram a invadir a área, existiam poucos barracos, utilizados por catadores de reciclados. Com o tempo foram surgindo novas moradias precárias. Há cerca de 10 anos começaram a construir casas de alvenaria.
Os moradores dizem que a maioria das pessoas que reside no local tiveram filhos que já constituíram novas famílias. Há cerca de seis anos uma parte das famílias foi transferida para um loteamento no bairro Três Lagoas, mas alguns voltaram para o mesmo local por não terem se adaptado ao novo espaço.
Por ser uma área grande, muitas famílias cultivam hortaliças e tem criação de galinhas e porcos. Os mais antigos dizem que estão produzindo há anos e nunca tiveram qualquer problema de saúde.
Há dois anos foi realizada uma grande reportagem no local. A cozinheira Jaquiele Kaupka, 26 chegou lá com os pais quando ainda era criança. Hoje, é mãe de um menino de quatro anos e comentou que ao longo do período, nenhum acidente foi registrado. “Aqui é muito seguro, teve até faculdade que veio aqui analisar a nossa água. Também viram que conseguimos liberações para construir aqui, estava tudo certo. É por isso que ninguém quer sair”, relatou ela na oportunidade.”