Indicação de deputado para nome da nova ponte entre Brasil e Paraguai gera polêmica em Foz do Iguaçu

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Ponte da Integração Brasil-Paraguai (Foto: Arquivo/Itaipu)

Parlamentar conseguiu aprovar regime de urgência em PL que dá o nome de Jaime Lerner da Ponte da Integração Brasil-Paraguai

A população de Foz do Iguaçu foi pega de surpresa durante a semana, com a proposta do deputado federal Evandro Roman (Patriota-PR), que consegui aprovar na quarta-feira (4) o regime de urgência ao seu Projeto de Lei 1984/2021, que denomina “Ponte Jaime Lerner” a nova ponte de integração Brasil-Paraguai. O projeto poderá ser votado nas próximas sessões do Plenário.

Nas redes sociais, moradores tem se manifestando de forma bastante ríspida pela iniciativa do ex-árbitro de futebol, com domicílio eleitoral em Cascavel (PR). Muitos reclamam que a proposta foi apresentada sem consulta prévia a população da fronteira (brasileiros e paraguaios, em especial) para homenagear o ex-governador do Paraná, que morreu aos 83 anos no último dia 27 de maio. Lerner, afirmam, foi o “pai do pedágio” do Estado.

A Ponte da Integração Brasil-Paraguai vai conectar Foz do Iguaçu a Presidente Franco. As obras alcançaram 64% de execução em julho, conforme o último boletim técnico divulgado pelo Consórcio Ponte Brasil-Paraguai (Única/MPB/RMG). Os investimentos na construção ultrapassaram R$ 149 milhões, do total previsto de R$ 323 milhões, montante financiado pela margem brasileira da Itaipu Binacional.

Para o presidente do Codefoz, Felipe Gonzalez, o nome de Pote da Integração está de bom tamanho, mas se for para mudar, a população de Foz do Iguaçu e região tem que opinar, se for o caso. “Não tem nenhum sentido elencar qualquer nome sem consultar a região trinacional. Ponte da Integração está bem adequado, pois significa amizade, fraternidade e integração”, disse.

“Na minha opinião é que, apesar de ser um nome expressivo, conhecido dos paranaenses, nosso governador, prefeito de Curitiba, é um cidadão que merece nosso reconhecimento e respeito por tudo que ele fez pelo Paraná, mas a discussão tem que ser ampla”, disse o secretário de Turismo e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli. “Acredito que temos de envolver a população para que esta se sinta realmente representada quando o nome for escolhido”, completou.

Desconforto
A historiadora Solange Portz, que é formada pelo Programa de Pós Graduação Sociedade Cultura e Fronteira, diz que a proposta gerou um “desconforto” na região. “A notícia da aprovação em regime de urgência do Projeto de Lei 1984/21, do deputado Roman, gerou preocupação e até um certo desconforto na comunidade fronteiriça”, ressaltou.

“Quem conhece a história local, regional e reconhece personagens importantes nas relações entre Brasil-Paraguai é que seriam dignos de tal reconhecimento e homenagem pelos feitos na região”, afirma a historiadora. Que ressaltou: “Porém, não foram lembrados. Além disso, a comunidade fronteiriça foi sequer consultada”.

Como exemplo, Solange cita o botânico e cientista suíço Moisés Santiago Bertoni, que teve sua vivência entre os dois países (Brasil e Paraguai). “Ele chegou na America do Sul em 1884 e se instalou nas barrancas do rio Paraná, vindo a falecer em Foz do Iguaçu no ano de 1929, na casa do amigo e compadre Harry Schinke”, completou.

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