As obras da Ponte Internacional da Integração Brasil-Paraguai completaram, no sábado (07), dois anos desde seu início. A data coincidiu com uma polêmica criada na última semana, após a Câmara dos Deputados aprovou regime de urgência a um projeto de lei que dá o nome à ponte do ex-governador Jaime Lerner, que morreu recentemente. A população foi pega de surpresa com proposta do deputado Evandro Roman (Patriota-PR). Lideranças apontam “falta de diálogo”.
A nova ponte representa “um marco da engenharia moderna” ressalta a rádio La Clave, ao lembrar do segundo aniversário do início das obras. “Um empreendimento financiado pela Itaipu e possível graças à vontade política dos presidente Mario Abdo Benítez e Jair Bolsonaro (Paraguai e Brasil), respectivamente. O diálogo para a construção, aberto em 1992 deu vida a um sonho “esperado de paraguaios e brasileiros”.
A estrutura terá 760 metros de comprimento e um vão-livre de 470 metros – o maior da América Latina. Serão duas pistas simples com 3,6 metros de largura, acostamento de três metros e calçada de 1,7 metro nas laterais. A ponte está sendo construída nas proximidades do Marco das Três Fronteiras, ligando Foz do Iguaçu a Presidente Franco. Batizada de Ponte da Integração Brasil-Paraguai, custará cerca de R$ 323 milhões.
Diálogo e pedágio
A mudança do nome da vida provocou polêmica por dois fatos – não foram realizadas audiências públicas para manifestações e por homenagear o governador cuja gestão aprovou a implantação do pedágio nas rodovias do Paraná, principalmente as regiões mais distantes da capital. De Foz do Iguaçu até o litoral, passando por Curitiba, são 10 praças de cobrança e um custo de aproximadamente R$ 270,00 para carros de passeio percorrer a extensão.
Nas redes sociais, moradores tem se manifestando de forma bastante ríspida pela iniciativa do deputado Roman, cujo domicílio eleitoral é Cascavel. Como tramita em regime de urgência, o Projeto 1984/2021, que denomina “Ponte Jaime Lerner”, poderá ser votado nas próximas sessões do Plenário.
Para o presidente do Codefoz, Felipe Gonzalez, o nome de Ponte da Integração está de bom tamanho, mas se for para mudar, a população de Foz do Iguaçu e região tem que opinar. “Não tem nenhum sentido elencar qualquer nome sem consultar a região trinacional. Ponte da Integração está bem adequado, pois significa amizade, fraternidade e integração”, disse.
“Na minha opinião é que, apesar de ser um nome expressivo, conhecido dos paranaenses, governador, prefeito de Curitiba, é um cidadão que merece nosso reconhecimento e respeito por tudo que ele fez pelo Paraná, “mas a discussão tem que ser ampla”, disse o secretário de Turismo e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli. “Acredito que temos de envolver a população para que esta se sinta realmente representada quando o nome for escolhido”, completou.
Desconforto
A historiadora Solange Portz, que é formada pelo Programa de Pós Graduação Sociedade Cultura e Fronteira, diz que a proposta gerou um “desconforto” na região. “A notícia da aprovação em regime de urgência do Projeto de Lei 1984/21, do deputado Roman, gerou preocupação e até um certo desconforto na comunidade fronteiriça”, ressaltou.
“Quem conhece a história local, regional e reconhece personagens importantes nas relações entre Brasil-Paraguai é que seriam dignos de tal reconhecimento e homenagem pelos feitos na região”, afirma a historiadora. Que ressaltou: “Porém, não foram lembrados. Além disso, a comunidade fronteiriça foi sequer consultada”.
Como exemplo, Solange cita o botânico e cientista suíço Moisés Santiago Bertoni, que teve sua vivência entre os dois países (Brasil e Paraguai). “Ele chegou na América do Sul em 1884 e se instalou nas barrancas do rio Paraná, vindo a falecer em Foz do Iguaçu no ano de 1929, na casa do amigo e compadre Harry Schinke”, completou.
AS informações são de GDia