Morreu Laurindo Ortega, o Embaixador do Turismo de Foz do Iguaçu

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Fotos: Acervo da Família Ortega

Morreu neste domnigo (29), pouco depois do meio dia, aos 86 anos, o pioneiro do turismo de Foz do Iguaçu e do Paraná, Laurindo Ortega.

A informação foi confirmada em mensagem da família pelas redes sociais. Laurindo ortega foi o primeiro agente de viagens de viagens de Foz do Iguaçu e primeiro delegado regional da Associação Brasileira dos Agentes de viagens (Abav-Foz).

Na década de 1970, Laurindo Ortega ficou conhecido por receber, em Foz do Iguaçu, Roger Moore, o astro do cinema que veio até a cidade para gravar cenas da sequência de 007 nas Cataratas do Iguaçu.

Os dois ficaram amigos. Na foto abaixo, Laurindo e a esposa, Anita Ortega, no encontro com o ator que interpretou James Bond no filme “007 Contra o Foguete da Morte”, lançado em 1970.

Seu Ortega, como descrevem os amigos, “estava sempre otimista com o turismo da cidade, ele que foi , agente de viagens, operador de câmbio, receptivo e hoteleiro , nossos sentimentos a família e que Deus o receba no campo santo com a glória que merece!!!”

O velório, que deverá ser realizado no Cemitério Municipal São João Batista, não teve a hora divulgada. O sepultamento será nesta segunda-feira (30).

ABaixo um registro de despedida de Thomas Alfred Banton-Ortega:

Laurindo Ortega, meu paizão, sempre foi conhecido pela influência que tinha e também pela benevolência. Confesso que ele também era um galanteador.

E a fama dele cresceu a partir dos anos 60. O “seu” Ortega foi proprietário da primeira Agência de Turismo do país com registro na Embratur, do primeiro elevador da cidade e do primeiro hotel com telefone e ar condicionado, entre outros.

Ele também teve a maior frota de turismo da história do Paraná. Tudo isso aqui em Foz do Iguaçu, cidade que ele escolheu para viver. E viveu muito bem!

Filho de “Don Eulálio” e natural de Santo Antonio do Sudoeste, meu pai morava na Argentina e em 1959 se mudou para Foz. Conheceu Annaa Ortega, arrumou um emprego na Madeireira Amambay, e começou a economizar para chegar à meta pretendida. Ele sempre soube o que queria.

Em cinco anos ele comprou imóveis, começou a receber os aluguéis e, sonhando em ser o próprio “chefe”, saiu do emprego, passou a vender produtos que tinham saída na época e começou a atender os turistas que chegavam à cidade. Ele chegou a fazer operações de câmbio a pé, com uma pastinha embaixo do braço, na Avenida Brasil.

Aos poucos meu pai foi se transformando no “cara”!

Ao lidar com moedas estrangeira, seu Ortega passou a ter lucro com o câmbio e a partir disso, foi um pulo para ele atingir outro objetivo, construir o hotel mais bonito e moderno da região pra a época.

A mesma época em que começou a vender pacotes de turismo e passagens aéreas para todo país.

Meu pai atendia presidentes, princesas e rainhas, além das celebridades daqui de Hollywood. Uma lembrança linda que eu tive a sorte de conseguir manter com a Ortega California. Criei a empresa, a registrei, porém dias depois a pandemia de COVID começou e resolvi pausar o projeto que jamais foi abandonado.

Ele recebeu comendas especiais, vivia uma vida de glamour, fumando charutos de cem dolares a unidade e com uma adega que era um desbunde, 10 mil garrafas, algumas delas avaliadas na casa dos 5 dígitos mas sempre ajudou muito as pessoas. Era o forte dele com aquele coração do tamanho do universo.

Lembro dele me ensinando a trabalhar, desde pequeno, a lidar com dinheiro, a aprender o padrão de excelência da Ortega Turismo, que na época tinha serviço luxuoso e impecável como a Varig e passei por todos os setores da empresa, ainda adolescente, e ele sempre atento, corrigindo minhas falhas e dizendo “Algum dia vc será dono disso tudo, pra vc poder demandar teu colaborador, primeiro vc precisa saber fazer melhor que ninguém. Os anos que fui “empregado” do meu pai foram a melhor escola profissionalizante que tive na vida.

Meu velho também patrocinava e comprava tudo o que ofereciam, apenas para ajudar.

Ele nos deixou no fim da manhã desse domingo (29), devido a causas naturais, em casa, sempre em companhia da minha irmã Rosana, que dedicou a vida inteira a acompanhar o pai.

Levou as vivências e as experiências, o sorriso e o olhar. Mas deixou comigo, com os familiares e amigos, a sabedoria, a memória e a alegria de ser quem ele era.

Há algum tempo ele veio me visitar aqui nos Estados Unidos. Adorou, claro, ele sempre teve uma paixão pelos Estados Unidos e pela Espanha mas nunca aceitou se mudar para cá, por mais que eu quisesse muito. Ele escolheu Foz do Iguaçu para a história da vida dele e acabou se tornando parte da história da cidade.

Obrigado por tudo seu Laurindo Ortega. Obrigado por ter me escolhido como filho. Obrigado por ser meu pai. Te amo. Assim que tiver mais detalhes sobre o funeral e o enterro, compartilho com todos. Obrigado.

Thomas Afred Banton-Ortega

Abaixo uma pequena biografia produzida em 2020 pelo historiador e colaborador do Cabeza News, Marcos Kidricki Iwamoto:

“O Poderoso Chefão”

No cinema, as regiões de fronteira sempre tem um personagem muito poderoso, reconhecido por sua influência e, não raro, benevolência.

Na vida real, quem fazia esse papel por aqui nos anos 70 e 80 era o Sr. “Laurindo Ortega”.

Dono da primeira Agência de Turismo do país com registro na Embratur, do primeiro elevador da cidade, do primeiro hotel com telefone e ar condicionado, entre outros.

Chegou a ter mais de 150 imóveis, além da maior frota de turismo da história do Paraná.

Até 1959, o filho de “Don Eulálio” morava no Paraguai, de onde vinha curtir as baladas nas redondezas do Hotel Lamarque (hoje Rua Santos Dumont), o “point” da cidade a época.

Eram oito horas de viagem em cima do cavalo (chamado Melado), mas valia à pena, disse.

Ele parava na frente do bar, dava milho para o cavalo, vestia a jaqueta de camurça comprada na Argentina, passava a loção de barba importada e só voltava para casa no final do domingo.

Até que o cupido flechou o seu coração!

Conheceu a Sra. Anita Ortega e veio morar em Foz do Iguaçu, para nunca mais sair. Arrumou emprego na Madeireira Amambay, do Sr. Írio Manganelli, (que funcionava onde hoje é o Marco das Três Fronteiras) e começou a economizar MUITO.

Fechou a carteira…

Economizou tanto que em cinco anos juntou o suficiente para comprar três casas pequenas, que ficavam na frente do hoje “Hotel Rafain Centro”, onde atualmente funciona uma Farmácia Nissei.

Morava em uma das casas e resolveu alugar as outras duas…

Foi então que percebeu que se continuasse a economizar poderia se manter somente com o aluguel das duas casas e até ser o próprio patrão!

Pediu demissão ao Sr. Manganelli, pegou o seu “acerto” e começou a comprar e a vender um dos bens mais escassos da época na cidade:

As moedas estrangeiras!

Começou atendendo os turistas em um jipe de teto vermelho e, com chuva ou sol, sempre estava pronto. Das seis da manhã às dez da noite, na frente do “Hotel Basso”.

Todos o conheciam. Ele era o cara!

Com os lucros do câmbio construiu o hotel mais bonito e moderno da região. Na mesma época iniciou a vender pacotes de turismo e passagens aéreas para todo país.

Bombou!

A empresa dele era a responsável por atender presidentes, príncesas e rainhas, além das celebridades de Hollywood, como o Roger Moore, que veio gravar o filme 007 nas Cataratas do Iguaçu. Os dois ficaram até amigos.

Em um encontro com Roger Moore, ator que interpretou James Bond no filme “007 Contra o Foguete da Morte”, lançado em 1979.

O Sr. Ortega fez tanto sucesso nos negócios, que recebeu o codinome de “Tio Patinhas”. Conhecendo a trajetória dele, até é fácil entender o motivo.

Recebeu várias “comendas” especiais, como o da Presidência da República e a do Instituto da Aviação, pelos serviços que prestou ao país e ao desenvolvimento econômico da região.

Coração de mãe, ajudou muitas pessoas (um típico canceriano). Emitia passagens aéreas de graça para tratamentos de saúde e patrocinava e comprava tudo o que ofereciam, apenas para ajudar.

Toda vez que “O Comendador” anda pelas ruas do centro aparece alguém para lhe agradecer por alguma favor.

Para a minha sorte, dia desses tive a honra de tomar um café com o Sr. Laurindo Ortega.

Batemos um papo muito bem humorado. Ele me contou tantos “causos” de Foz, que talvez eu leve anos para compartilhar todos eles.

Ah, também chegamos a conclusão de que ele deve ser o Corinthiano (fanático) mais antigo da cidade.

Por Marcos Kidricki Iwamoto

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