Poesia e crítica na décima sétima edição de “Às vezes, aos domingos”

WhatsApp
Facebook

Ademir Demarchi e Marco Aurélio de Souza são os convidados da décima sétima edição de “Às vezes, aos domingos”. O encontro acontece em 26 de setembro, a partir das 17 horas, no Instagram @lobisomemdpg. Sem mediador, eles vão se entrevistar e ler poemas.

Maringaense radicado há 31 anos em Santos, Ademir Demarchi, 61 anos, tem expectativa de que o bate-papo com Marco Aurélio de Souza resulte em uma conversa divertida.

“Nos conhecemos, já nos vimos algumas vezes e estamos constantemente trocando entre nós o que publicamos, numa forma de diálogo produtivo e estimulante”, diz Demarchi, autor de 10 livros de poemas, entre os quais Cemitério da Filosofia (Kotter, 2020) e Louvores gozosos – Iluminações profanas com performance de destruição de dispositivos ideológicos (Olaria Cartonera/Sereia Ca(n)tadora, 2020).

Já Marco Aurélio de Souza, 32 anos, paranaense de Rio Negro, radicado desde 2008 em Ponta Grossa, espera um bate-papo de alta voltagem com Ademir Demarchi. “Mas também divertidíssimo, pois encontro de poetas sem diversão é algo maçante”, comenta Souza, autor de 8 livros, entre os quais Ilusão (Kotter, poemas, 2021) e Desarranjo (Penalux, romance, 2020).

Retranca

Marco Aurélio de Souza afirma que a poesia do Ademir Demarchi o oxigena criticamente por combate os clichês contemporâneos da poesia. “Sua cruzada contra o lirismo ingênuo ou diabético, contra o narcisismo do ‘eu = eu mesmo’, sua visão irônica que abomina a gordura da linguagem, buscando roer os ossos para encontrar o tutano. Trata-se de uma produção que nos expande a consciência crítica, algo fundamental para quem quer acabar com a acne do seu fazer literário”, comenta Souza.

Ademir Demarchi diz ter identificação com o Marco Aurélio de Souza pelo fato de a produção de ambos, segundo Demarchi, ter pontos de contato e semelhança. “Gosto muito do seu senso de humor, sua inquietação constante, que resulta em vários livros publicados e até na criação de um selo editorial cartonero, a Olaria, que surgiu depois de uma apresentação que fiz na UEPG. Essa editora resultou na realização de vários saraus e na criação de uma coleção de autores paranaenses com o sugestivo nome da rodovia que interliga a capital com o Norte do Estado”, comenta.

De acordo com Demarchi, Marco Aurélio de Souza (que escreve poesia, crítica, conto e romance) é um experimentador e seus escritos são impregnados dessa inquietação somada à insatisfação com o que está estabelecido.

“Acho respeitável o interesse que ele tem pelas culturas locais ou regionais do Paraná, o modo como lê a contrapelo os escritores paranaenses, como Leminski, o jornal Nicolau [tema de sua tese de doutorado] e, agora, a poesia do Emiliano Perneta, publicando um livro de mesmo título [Ilusão] e reescrevendo aquele poeta”, analisa Demarchi.

Ilusão (2021) surgiu de uma visita Marco Aurélio de Souza e sua família fizeram ao Passeio Público. “Eu e minha filha fomos à ‘Ilha da ilusão’ tirar uma foto com o busto do Emiliano Perneta (1866-1921) e acabamos topando com uma coleção de objetos impróprios para menores”, conta.

Souza diz ter ficado com a imagem da belle époque literária curitibana servindo de palco para a decadência urbana contemporânea, e a sua intenção era escrever um poema sobre isso. Ele decidiu parafrasear um poema do Perneta e gostou tanto do exercício que acabou mergulhando na legado pernetiano com interesse renovado.

“Encontrei ali uma potência menosprezada, ignorada pelo meio literário de hoje, e dessa conjunção de fatores (a belle époque decadente, o ‘resgate’ de Emiliano Perneta) nasceu a minha releitura de Ilusão (1911), a obra mais icônica do poeta simbolista”, explica Souza.

Visibilidade virtual

Algumas dezenas de autoras e autores paranaenses, como Oscar Nakasato, Salma Ferraz, Roberto Prado, Francine Cruz, Andrey Luna Giron, Eliege Pepler, Antonio Cescatto e Jaqueline Conte, já participaram de “Às vezes, aos domingos”, que teve a sua primeira edição em julho de 2020.

Idealizado por Guido Viaro e Marcio Renato dos Santos, o projeto é uma maneira de promover o encontro, mesmo que virtual, entre escritores e escritoras do Paraná e o público (em tese, de qualquer endereço) durante a pandemia.

Soma de Ideias, Coalhada Artesanal Preciosa e Tulipas Negras apoiam a iniciativa. Mais informações em tulipasnegraseditora.blogspot.com

Mais notícias

.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *