Cidades lindeiras defendem ainda participação nos resultados dos investimentos na nova concessão do Parque Nacional do Iguaçu
O prefeito Chico Brasileiro voltou a defender nesta quarta-feira, 1º de setembro, que a tarifa diferenciada na nova concessão do Parque Nacional do Iguaçu alcance também os brasileiros e os visitantes do Mercosul, conforme as praticadas atualmente nas catracas do parque em Foz do Iguaçu.
“Os preços e aumentos previstos são um verdadeiro ultraje para a retomada da economia, principalmente do turismo, uma das principais atividades da região. Isso poderá comprometer a geração de emprego e renda no entorno”, disse no encontro com prefeitos lindeiros ao parque, vereadores e representantes do setor turístico.
A proposta do ICMBIo e do Ministério do Meio Ambiente prevê ao edital de concessão tarifa única de R$ 120. Atualmente, o ingresso custa R$ 50 ao brasileiro e R$ 66 aos turistas do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai).
O prefeito aponta que com as despesas de viagem e alimentação, os brasileiros podem desembolsar, considerando uma família de cinco ou quatro pessoas, mais de R$ 1 mil, “o que torna um luxo o passeio no parque “que deveria ser um direito de todo cidadão brasileiro”.
“Apesar da garantia do passe comunidade conquistado, pois não estava contemplado nos estudos iniciais, precisamos avançar nas tarifas para brasileiros e moradores do Mercosul”, disse Brasileiro. O passe comunitário (aos moradores das 14 cidades lindeiras) custa hoje R$ 17 e a previsão de R$ 24 – 20% da tarifa única,
Investimentos
Chico Brasileiro defende ainda a participação dos municípios lindeiros nos resultados dos investimentos previstos na concessão. “Nos 21 anos de concessão que se passaram, muito pouco foi revertido em prol da população de parte do oeste e sudoeste paranaense”.
Nesse período, diz Brasileiro, as cidades do entorno deveriam receber R$ 40 milhões por ano em outorga fixa e variável. “Esse valor pelo tempo de concessão é superior a um R$ 1,2 bilhão. É esse valor que deixou de chegar às cidades. E que poderia ter sido revertido em inúmeras melhorias para a população e em benefício do Parque Nacional do Iguaçu.”
Parte das cidades da região, adianta o prefeito, não tem hospitais e universidades, o que resulta num bloqueio ao desenvolvimento e “um descaso ao êxodo de jovens que buscam melhores condições de vida nos grandes centros urbanos. Demograficamente as cidades vêm diminuindo gradativamente com o passar dos anos”.
Contrapartida
Para os prefeitos, as cidades do entorno deram como contrapartida a preservação do parque. “Algumas foram cobradas por ações que nem poderiam cumprir e que não contaram com qualquer apoio, seja ele financeiro, logístico ou tecnológico. A população dos municípios lindeiros pode e deve receber contrapartida em investimentos por parte de quem assumir a concessão do parque”, defende o prefeito de Foz do Iguaçu.
“A população de meio milhão de pessoas está sendo injustiçada não por pertencer a este santuário da natureza, e sim por não ser ouvida. E que pode continuar injustiçada por mais três décadas se não tomarmos uma atitude. Nossa omissão ou apatia pode gerar prejuízos e comprometer a integridade e bom uso de um tesouro natural inestimável que também é de nossa responsabilidade.”, completou o prefeito.
Pertencimento
Chico Brasileiro reiterou que as duas causas exigem respeito e apoio aos moradores das 14 cidades lindeiras: Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel, Medianeira, Serranópolis do Iguaçu, Matelândia, Ramilândia, Céu Azul, Vera Cruz do Oeste, Santa Tereza do Oeste, Lindoeste, Santa Lúcia, Capitão Leônidas Marques e Capanema.
“Restringir a visitação do parque devido a altas tarifas e virar as costas para as cidades lindeiras não cria o que se chama hoje de empatia e pertencimento dos moradores a esta importante unidade de conservação. A população e as autoridades precisam se sensibilizar para essas questões, urgentemente. O momento é esse. Caso não venhamos a agir já, poderemos amargar 30 anos de arrependimento”, disse.
Participaram do encontro a prefeita Karla Galende (Santa Terezinha de Itaipu) e a vice-prefeita Rozani Bolson (Matelândia); os prefeitos Laurindo Sperotto (Céu Azul), Maxwell Scapini (Capitão Leônidas Marques), Ivo Roberti (Serranópolis do Iguaçu), Renato Tonidandel (Santa Lúcia), Silvio Santana (Lindoeste), Edson dos Santos (Ramilândia), Américo Bellé (Capanema) e Dr. Armando Issa (Vera Cruz do Oeste); o vice-prefeito Cláudio Rodrigues (São Miguel do Iguaçu); a vereadora Anice Gazzaoui, presidente da Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Foz; e os presidentes Ney Patrício (Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu), Yuri Benites (Comtur) e Felipe Gonzalez (Codefoz), e Fernando Martin (Sindetur); e os secretários municipais da Transparência e Governança, José Elias Castro Gomes, e Turismo e Projetos Estratégicos, Paulo Angeli.