Moro defende seu legado como juiz, parte ao ataque e diz que a população é que vai decidir

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(Foto: Rodrigo Sigmura/ RIC Mais)

O ex-juiz federal e pré-candidato a presidente da República, Sergio Moro, lança nesta quinta-feira (02) em Curitiba seu livro autobiográfico “Sergio Moro — contra o sistema de corrupção”. Em uma longa entrevista ao Jornal da Manhã Paraná, da Joven Pan, ele defendeu seu legado no comando da Operação Lava Jato, partiu para o ataque aos principais adversários, o ex-presidente Lula (PT) e o atual Jair Bolsonaro (PL) e disse que, quem vai decidir é a população.

Recém-filiado ao Podemos, Moro declarou que não se considera uma terceira via na corrida presidencial. “Eu odeio esse termo ‘terceira via’. Parece que o eleitor ou tem que escolher Bolsonaro ou Lula, daí eventualmente aparece alguém”, explicou. De acordo com ele, o eleitor terá outras opções, entre elas o projeto do seu partido, que deverá percorrer o Brasil para identificar problemas e corrigi-los durante a gestão.

“O eleitor ano que vem vai ter várias alternativas para escolher. Coloquei meu projeto a frente, que é o projeto do Podemos. A ideia é termos um pacto político, construído com outros partidos para a retomada do crescimento, fomento do emprego, controle da inflação, responsabilidade fiscal, combate a corrupção e erradicação da pobreza”, ressaltou.

O ex-juiz lembrou que o combate à corrupção é apontada como principais pautas de Sergio Moro. “O eleitor deve se perguntar, se ele acha o combate à corrupção importante. Ele é importante, claro que temos vários outros temas, educação, saúde, segurança pública… mas o combate à corrupção é importante tanto para prevenir desvios, para sobrar mais recursos para essas finalidades, igualmente para que o país possa avançar”.

“Se alguém me disser que existe algum país que se desenvolveu, que prosperou, baseando a governança em corrupção, eu pago 1 milhão de dólares”. Sobre o tema, Moro aproveitou para comentar dos candidatos do PT e do PL e declarou que será difícil de os políticos usarem o combate à corrupção como pauta das suas campanhas.

“Um teve o governo no qual os dois maiores escândalos de corrupção surgiram. Você vai imaginar que o candidato do PT vai defender o combate à corrupção? Não tem nem como ele falar sobre esse tema. Ele não tem legitimidade ou credibilidade para falar sobre esse tema”, disse. “O próprio PL esteve envolvido no escândalo Mensalão, juntamente com o PT”.

As críticas a Bolsonaro foram também em relação ao modo de gestão. Moro revelou que o governo não possui plano de gestão e utiliza de “gambiarras” para tentar enganar o povo. “Como o governo não tem o que fazer, fica mudando o nome das coisas (em relação a projetos sociais e programas). Ele vai tentando enganar as pessoas como se ele tivesse algum projeto, algum plano real”.

Bolsonaro comemorou

O ex-juiz revelou detalhes sobre o fim da execução em 2ª instância. De acordo com ele, Bolsonaro não ajudou a manter a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e comemorou quando a revisão permitiu a soltura de Lula. “O presidente não fez nada. E na verdade, o que a gente sabia, é que o Planalto, o presidente comemorou quando Lula foi solto, em 2019”, disse.

Na avaliação de Moro, isso ocorreu por que Bolsonaro avaliou que isso o beneficiaria eleitoralmente. “Então, ele não trabalhou para manter a execução em 2ª Instância. Inclusive na época, o filho dele fez um tweet falando sobre execução e o presidente mandou apagar. Foi um episódio constrangedor”, contou.

A execução em 2ª instância foi aprovada em 2016, com o objetivo de diminuir a impunidade de crimes em geral. Entretanto, em 2019, a decisão foi revista e o STF decidiu pelo fim da prisão em 2ª instância. “Respeito o Supremo, mas foi uma decisão errada”, comentou Moro.

Renda lícita

Sobre o ingresso ao Podemos, onde terá um salário, Moro disse que não enriqueceu na vida pública e precisa de uma maneira de ganhar dinheiro de forma lícita para manter as próprias despesas. “É muito simples isso. Eu sempre tive o meu salário, tenho uma família, sou casado há 22 anos, tenho os meus filhos”.

“Tenho que sustentar a minha família, embora a minha esposa também trabalhe… às vezes até ganhou bem mais do que eu durante a minha carreira pública. Eu tenho que ter um meio de subsistência”, justificou.

Armas

Ao ser indagado sobre o uso de armas pela população civil, o ex-juiz disse que é favorável à flexibilização, mas em casos específicos, caso o cidadão tenha aptidão “técnica e psicológica”. Moro afirmou ser favorável a posse de armas na extensão da propriedade rural, onde a segurança pública tem dificuldade em chegar, no interior do país.

“Temos que fortalecer a nossa agricultura sem descuidar do meio ambiente, ao contrário de discursos equivocados que alguns têm. Eu defendi a posse (de armas) no limite da propriedade, não só nas quatro paredes mas toda a extensão da propriedade”, explicou.

Moro ressaltou que, no entanto, entregar armas “pesadas” a população pode ser um risco. “Algumas coisas que o presidente (Bolsonaro) quis e ainda quer de entregar armas automáticas, metralhadoras, acho um perigo, um risco de começarmos a ter atentados em cinemas ou eventualmente em escolas, sem falar no risco dessas armas caírem na mão de criminosos, do crime organizado”.

Defesa da vida

Sergio Moro afirmou que é contra o aborto e defende a atual legislação sobre o tema. “A legislação atual trata algumas exceções, quando há risco de vida da mãe. Embora proteger a vida das pessoas seja importante, existe a vida do feto, por outro lado tem a vida da mãe e ali tem uma situação muito difícil. Como você vai sacrificar a vida da manhã em uma circunstância dessa espécie”, disse.

“E a legislação também prevê no caso que a concepção tenha sido produto de estupro. Se uma mãe quiser manter a gravidez, é legítimo. Mas forçar ela a continuar eu acho muito pesado. É exigir um sacrifício muito grande. Se a pessoa quiser, tem que vir do íntimo dela, uma relação com a consciência pessoal e com os valores que ela tem perante Deus ou sua própria consciência”, completou.

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