Custo de estudante da Unila é 30% menor que valor calculado pelo TCU

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De acordo com a Pró-Reitoria, investimento real em 2018 foi de R$ 21 mil

O custo dos estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) é 30% menor que os valores calculados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2018, cada aluno demandou despesa de R$ 21 mil, contra mais de R$ 30,1 mil estimados pelo órgão. A afirmação tem como base estudo da Pró-Reitoria de Planejamento, Orçamento e Finanças da instituição, que atende mais de seis mil nos cursos de graduação, mestrado, pós-graduação e especialização.

Os valores estimados pelo TCU serviram como base para o Ministério da Educação e Cultura (MEC) definir o total a ser cortado das universidades federais. Conforme anúncio da última semana, o contingenciamento médio das instituições seria na ordem de 30%. Se confirmado, a Unila perderá aproximadamente R$ 14,2 milhões, mais de 41% de seu orçamento programado para 2019. As informações são de Ronildo Pimentel, no Gazeta Diário.

“Como os valores previstos sofrem contingenciamentos e parte deles não são executados, os valores considerados nesta apuração são das despesas empenhadas, diferentemente da apuração do TCU, que considera a dotação”, ressalta o estudo. No ano, as despesas executadas foram: R$ 119,8 milhões com pessoal e R$ 35,2 milhões com custeio (aproximadamente R$ 155 milhões).

Metodologia
O estudo partiu da distribuição da carga horária docente nas atividades de ensino (aula e preparação), pesquisa, extensão, representação docente e produção artístico-cultural. De acordo com os dados, os professores dedicaram 67% de seu tempo no período em atividades de ensino, 23,8% em pesquisa e 9,1% em extensão.

“Todas as ações de custeio foram consideradas”, diz o documento. Os valores demandados para cada segmento, na somatória de pessoal e custeio, foram – R$ 103,9 milhões no ensino, R$ 36,9 milhões em pesquisa e R$ 14,1 milhões em extensão.

Futuro
Os cortes anunciados pelo MEC, representam cortes de futuro da Unila, afirmou o Reitor, Gustavo Vieira, à Rádio Cultura. “De fato é um corte à educação. O que a gente corta para as universidades federais é um corte para todo o sistema educacional. A gente não pode perceber a política da educação, como uma política fragmentada”.

“As universidades federais trabalham com formação de professores, com ciências e matemáticas aplicadas desde a pré-escola”, disse. O Reitor lembra que a presença da instituição é rotineira nas escolas municipais e estaduais da região. “Só na Unila, temos sete licenciaturas, que é para formação de professores e 12 de mestrado”.

“Formamos muitos professores para o ensino superior da região, inclusive da rede privada”, informou. Na avaliação de Vieira, o corte é para as políticas de educação, que são voltadas para a sociedade. “É uma narrativa problemática (que está acontecendo), quando a gente pensa nos 100 milhões que deixarão de circular na cidade”, diz.

“A gente está tratando, basicamente, de uma interrupção de futuro. Todo um sistema de formação cidadã, em todas as áreas”, disse. O Reitor lembrou que, por se tratar de uma autarquia federal, tudo que é feito na Unila é por lei do Executivo (União), aprovada pelo Legislativo (Congresso Nacional). “O custo de quadro pessoal não muda”.

Localização
“O que foi cortado, foi custeio. Investimento já não existe mais, simplesmente. Tivemos uma lei orçamentária que aprovou um montante de investimentos, que está bloqueado”, informou. O Reitor lembrou que em dois anos a União aumentou 54% o número de estudantes, sem aumentar um centavo de custeio, melhorando todos os indicadores de qualidade e sem aumentar o gasto com aluguel.

“Estamos no mês cinco do ano, e já foi executado com o orçamento que estava aprovado. A partir do segundo semestre, é como se o corte será de 60%”, frisou o Reitor.

“Vai afetar os processos de pesquisas, temos todas as áreas do conhecimento albergadas, a extensão universitária, que é quando a universidade sai dos seus muros…”. A despesa maior, de acordo com Vieira, é com aluguel – R$ 9 milhões por ano. “É muito, mas é um problema herdado”.

Números da Unila
Criada em 2010, a universidade oferece 1.415 vagas anuais de graduação em 29 cursos, mantém cinco cursos de especialização, um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e 12 cursos de mestrado aprovados pela Capes/MEC.

Dos 23 cursos de graduação avaliados, 22 deles receberam notas 4 e 5 – em índice que vai de 1 a 5 – “muito bons” ou “excelentes”. Em 2018, a Unila desenvolveu 123 projetos de pesquisa e 271 de extensão.

Atualmente são atendidos 5.207 estudantes de graduação, 586 estudantes de mestrado, uma parte deles especiais e 196 estudantes de pós-graduação e especialização. A instituição tem 367 professores efetivos (78,9% com doutorado), 40 professores temporários (substitutos ou visitantes), 510 servidores não docentes, mais terceirizados. “São aproximadamente mil empregos diretos”, contabilizou o Reitor.

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