A água consumida pela população do município de Missal é de boa qualidade. Este foi um dos primeiros resultados da pesquisa “Estabelecimento do perfil de adoecimento oncológico da população de Missal”, desenvolvida pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).
O dado foi apresentado em uma reunião entre os professores Luis Fernando Zarpelon e Maria Leandra Terencio e o prefeito de Missal, Hilário Jacó Willers, na última semana de maio. Outros resultados devem ser mostrados à população em uma audiência pública agendada, inicialmente, para outubro.
A pesquisa, inédita no Oeste do Paraná, teve início em 2018, apartir da assinatura de um convênio entre o município e a Universidade. A preocupação da administração municipal é o alto número de procedimentos ambulatoriais (consultas, exames, retornos etc) na área de oncologia, que representam 22,56% do total – na 9ª Regional de Saúde, esse índice é de 10,72%.
A ideia é desenvolver políticas públicas mais eficazes de prevenção, diagnóstico e enfrentamento da doença a partir dos resultados obtidos. O grande número de procedimentos não significa, necessariamente, que há um maior adoecimento por câncer em Missal. Por isso, a pesquisa é fundamental para apontar o real cenário da doença no município.
“Uma das coisas que me tranquilizou muito foi a questão da água, estava muito preocupado. É uma felicidade receber a informação de que a nossa água é de primeira qualidade. Isso me deixou muito tranquilo”, disse o prefeito. “O projeto está bem avançado, e nós queremos agradecer à população do município que está colaborando, recebendo os profissionais. E agradecer também à UNILA por essa parceria. Isso vai trazer muitos frutos para nossa população”, completou.
Coleta de dados
Zarpelon explicou que um dos diferenciais para o trabalho é que os pesquisadores estão trabalhando simultaneamente com recortes ambiental, epidemiológico, clínico, bioquímico e genético de toda a população.
O grupo de pesquisadores está elaborando um banco com os dados de todos os habitantes da cidade. Dos 10 mil moradores de Missal, 3.500 já responderam ao levantamento e fizeram a coleta de sangue para análises. Um mutirão está sendo planejado para concluir as entrevistas.
A pesquisa em Missal, destacou Zarpelon, deve converter-se em um estudo de coorte (estudo observacional em que os indivíduos são classificados – ou selecionados – segundo o status de exposição, sendo seguidos para avaliar a incidência de doença), trazendo grandes contribuições à Medicina brasileira.
“Estimamos receber muitos pesquisadores de fora para conhecer e acompanhar este estudo”, disse. “Estamos tendo a oportunidade de fazer um estudo que revelará a real incidência e prevalência do câncer na população de Missal.”
Nesta primeira etapa da pesquisa, que tem duração de dois anos, estão envolvidos 5 grupos de pesquisa, 12 professores dos cursos de Medicina, Saúde Coletiva, Química e Ciências Biológicas e, pelo menos, 25 estudantes de graduação e pós-graduação da UNILA. Maria Leandra lembrou que, da pesquisa principal, já nasceram cerca de 19 projetos que estão em desenvolvimento.
Na parceria, a Prefeitura de Missal está fornecendo insumos laboratoriais, bolsas de iniciação científica e cedendo servidores municipais para apoiar as atividades desenvolvidas.
Dos 10 mil moradores de Missal, 3.500 já responderam ao levantamento e fizeram a coleta de sangue para análises
Outros resultados devem ser apresentados à população em uma audiência pública agendada, inicialmente, para o mês de outubro